terça-feira, 28 de outubro de 2014

“ CORONELISMO E A POBREZA



de Fábio Macêdo, Professor da UFRN
Coronelismo e curral eleitoral: é muito claro que nos ambientes de maior pobreza impera o "coronelismo", "voto de cabresto", e obviamente não foi o PT quem inventou, não. Apenas aprimorou.
É este coronelismo que elege no nosso estado (RN) há décadas duas famílias que se alternam no poder; que elege os mesmos e os filhos dos mesmos e os netos dos mesmos. Do Maranhão até a Bahia, passando pelo RN, por Alagoas, são os mesmos que estão no poder. No interior de cada estado, um coronel, em cada bairro um "líder comunitário". Por isso um dia votei no PT, para alternar o poder. Não apenas por isso, mas por uma profunda decepção, principalmente no campo ético, votei contra Dilma nestas eleições. Eu e 50% do Brasil mandamos um recado claro: não aguentamos mais tanta corrupção. E diremos isto ao PT, ao PSDB, ao PMDB, ao DEM, ao PSD, ao PV, a qualquer um que destrua o nosso futuro.
A ausência de uma política de Estado que leve até esta população esquecida, sem educação, que não tem apoio governamental, boa parte dependente de carros-pipas, sem água encanada, sem esgotos, sem latrinas, favorece a manipulação do voto. Falta de emprego, cidades vivendo exclusivamente de fundo de participação municipal (FPM), de emendas parlamentares carimbadas com retorno político também carimbado e dos programas assistenciais do governo, é natural que vote com o poder. Temos uma categoria de eleitor que ainda troca o seu voto por uma feirinha, por cem tijolos, por vinte Reais no dia da eleição. Uma população que ainda não exerce a sua cidadania plena e com respeito. Mas o curioso é que São Paulo e o Sul do país, regiões claramente mais desenvolvidas e com melhor nível educacional, só se lembram do Nordeste quando precisam de alguém para limpar a sua latrina ou colocar os tijolos das suas construções, ou, pior, em época de eleição.
Querem mudar esta realidade? Tragam investimentos e lutem por uma reforma educacional, política, fiscal e de desenvolvimento nacional seletivo, com incentivos fiscais firmes em regiões mais precárias, pois, ao invés de esmola, o povo nordestino quer trabalho, quer dignidade. O nordestino é um povo de fé, de garra, trabalhador, esquecido e ironicamente o mais lembrado nesta histórica eleição. Heróis da sobrevivência, os nordestinos estão sendo lembrados por muitos como vilões, quando na verdade são vítimas de um sistema que privilegia apenas os grandes centros e, nesta eleição, demonstraram ao governo federal "gratidão".
Eleitoreiros ou não, desculpe: eleitoreiros sim, todos querem a paternidade em época de eleição dos programas assistenciais, todos dizendo que irão ou aprimorar, ou ampliar, ou bonificar com 13o. salário. Vergonhoso. Ainda aguardo um candidato que fale no em que acredita e não apenas no que dá voto. Programa assistencial tem que ter prazo de validade. Tem que ser apenas, e apenas, EMERGENCIAL. O povo sabe pescar, mas precisa de ferramenta. O sucesso dos programas sociais deve ser avaliado pelos que deixam o programa e NÃO PELOS QUE ENTRAM, algo que, lamentavelmente, em nenhum momento foi discutido nesta eleição. Uma disse: "o seu programa atendeu 05 milhões, O MEU PROGRAMA ATENDEU 30 MILHÕES". O meu candidato diz: "não apenas vou manter como ampliar e aprimorar". Provavelmente isto não foi aprofundado porque os candidatos não mais ouvem as suas consciências e sim os marqueteiros. Poderiam arriscar perder voto.
Por fim, defendo uma reforma pela educação, pelo desenvolvimento e emprego, pois aí teremos um eleitor independente que definirá o futuro do Brasil, não com o estômago, mas sim com o cérebro. “

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