Até porque, em entrevistas, represidenta ataca governo tucano de SP, enquanto Lula já se lança para 2018. Tenham paciência!
O senador Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP), candidato a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB-MG),
que perdeu a eleição por menos de 4 pontos percentuais, fez nesta terça um duro
discurso no Senado, no mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff, em
entrevista ao SBT, afirmou, como se noticia aqui e ali, que “aceita” dialogar
com Aécio e Marina Silva. Aliás, só falou porque indagada a respeito — uma
questão, convenham, extemporânea e não sei se surgida no curso da conversa ou
combinada na coxia. Dialogar sobre o quê? É a não notícia. Que resposta ela
daria? Que não aceita? Que não quer papo? Isso não tem a menor importância. Num
outro canto, nos corredores do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior coronel do
Brasil, já anunciava a sua intenção de disputar a eleição presidencial em 2018.
Então vamos pôr os pingos nos is.
Em primeiro lugar,
setores da imprensa se corrijam. Quem pode ou não aceitar o diálogo são Aécio e
Marina, não Dilma. Como ela é a presidente da República, o máximo que pode fazer
é convidar para uma conversa. Mas, antes, é preciso ter um assunto. Aloysio
disse que não aceita. Espero que não mesmo. Nem ele nem os outros
oposicionistas. É o que eu faria no lugar dele e deles. O senador evocou a
sujeira da campanha e afirmou: “Eu fui pessoalmente agredido por canalhas
escondidos nas redes sociais a serviço do PT, de uma candidatura. Não faço
acordo. Não quero ser sócio de um governo falido nem cúmplice de um governo
corrupto”. Perfeito! Disse mais: “Eles transformaram as redes sociais em um
esgoto fedorento para destruir adversários. Foi isso que fizeram. Não diga a
candidata Dilma que não sabia o que estava acontecendo. Todo mundo percebia as
insinuações que fazia nos debates”. Fato.
Mais: o senador
poderia ter citado ainda os blogs, sites, revistas e afins que são alugados para
atacar a imprensa independente, jornalistas considerados incômodos — cujas
cabeças eles pedem com a desenvoltura do Estado Islâmico — e os setores do
Judiciário que não se subordinam a seus interesses. Dialogar como?
Nas entrevistas
concedidas ao Jornal da Record, na segunda, e, ontem, ao Jornal da Band e ao
Jornal do SBT, já demonstrei aqui, Dilma voltou a atacar o governo de São Paulo,
falando barbaridades sobre a crise hídrica no Estado. Dilma está interessada em
disputar o quarto turno em São Paulo. Abusa da sua condição de presidente para
conceder entrevistas sem ser contraditada e falar o que lhe dá na
telha.
A presidente diz
querer dialogar, mas comparece ao debate com uma conversa marota sobre reforma
política, que seria conduzida por meio de plebiscito, o que só beneficiaria o
seu partido, o PT. Prega a distensão com uma das mãos, agride o principal
governo de oposição do país com a outra, enquanto o Babalorixá de Banânia, Lula,
já se apresenta para a disputa em 2018.
Dialogar sobre o quê
e pra quê? O senador Aloysio está certo. Estamos falando com um governo que não
respeita, como resta comprovado, nem mesmo a liberdade de imprensa. Os brucutus
que foram atacar a revista VEJA, numa agressão explícita à Constituição e ao
Código Penal, obedeciam, também eles, a um comando informal — ainda que não
explícito. Foi a cúpula do PT, Dilma inclusive, que excitou a fúria da
canalha.
Dilma não quer
dialogar coisa nenhuma! Ela e seu partido pretendem, como sempre, aniquilar a
oposição e as vozes discordantes. Se, no meio do caminho, conseguir enterrar
qualquer investigação, a exemplo do que o PT faz no Congresso, tanto melhor. A
propósito: ela já é presidente da República. Se pretende, mesmo, acabar com a
corrupção, como diz em entrevistas, comece por demitir desde já os diretores da
estatal indicados por partidos políticos.
Isso tudo é firula.
Aliás, os respectivos conteúdos das entrevistas concedidas à Globo, à Band e ao
SBT são praticamente os mesmos. Pouco variaram perguntas e respostas. É um tanto
vexaminoso para todos. A exceção virtuosa foi Adriana Araújo, do Jornal da
Record. Não por acaso, foi a única jornalista que teve direito ao mau humor
presidencial. Dilma repetiu até as mesmas palavras, treinadas com João Santana,
como o famoso clichê “Não vai sobrar pedra sobre pedra, doa a quem doer” (ao se
referir à corrupção na Petrobras). Ah, sim: ao SBT, ela afirmou que topa a
reforma por referendo mesmo. Que remédio? Por plebiscito, já estava claro que o
PMDB e a maioria dos partidos não aceitariam. Ainda bem.
Se Dilma gosta de
clichês, lá vai um: na conversa entre a corda e o pescoço, só a primeira tem a
ganhar.
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