quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Além da doença, pacientes com câncer enfrentam desrespeito


Mulheres pagam tratamentos que deveriam ser fornecidos gratuitamente.
Exames em Santa Catarina pacientes podem demorar mais de um ano.

Do G1 SC
Além da doença, as mulheres com câncer de mama enfrentam desrespeito quando precisam fazer valeu seus direitos como pacientes. A segunda reportagem da série “Todos os Tons”, do programa RBS Notícias exibida nesta quarta-feira (29) mostra que na corrida contra o tempo para diagnosticar a doença as pacientes pagam por tratamentos que deveriam se fornecidos pela rede pública de saúde. Elas também entram na Justiça para conseguir receber medicamentos.
Segundo a Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc), para conseguir realizar os exames em Santa Catarina as pacientes podem esperar mais de um ano. “Eu recebi uma informação da Secretaria Estadual de Saúde de que pode levar até 14 meses. Exames, biópsia, ultrassom, ressonância magnética, mas principalmente biópsia”, afirma Leoni Margarida Simm, presidente da Amucc.

A demora para diagnosticar e tratar a doença preocupa as pacientes. “O restante dos exames eu vou ter que fazer particular pra acelerar a cirurgia porque minha preocupação é que o meu é um câncer invasivo  e pode ir para outros lugares. E a gente se preocupa com isso”, afirma Rita Fornari.
Além dos exames, as pacientes também tem dificuldade para receber os medicamentos. “O exame do ultrassom eu paguei. A princípio achei melhor pagar, porque era uma coisa tão rápida. Precise de uma medicação de alto custo, que na época só conseguia via judicial”, diz Maria Machado. Segundo o advogado Erial Lopes de Haro, alguns remédios fornecidos pelo Estado também estão defasados. “Muitas vezes o paciente que tem a prescrição do seu médico de um medicamento mais moderno, mais eficaz e esbarra nessa lista desatualizada. O paciente se vê obrigado a procurar o judiciário pra poder  ter direito ao acesso aquele medicamento que o médico prescreveu”, explica.
Falta de atenção
Além da demorar para realizar exames e conseguir medicamentos, as pacientes reclamam da falta de atenção no atendimentos. “Levei o resultado dessa mamografia no mutirão do Outubro Rosa e a médico não fez o toque. Perguntei se tinha necessidade de um ultrassom ela disse que não, que a mamografia tinha dado resultado negativo, No quadragésimo quinto dia de vitamina E a mama estourou. Se ela tivesse aberto minha blusa era teria visto, não tinha me dado um diagnóstico de displasia mamaria”, lamenta Janaína Gerusa.
Direitos
De acordo com a diretora do Copon, Maria Tereza Schoeller, os médicos precisam examinar as mamas. “Nenhum exame diagnóstico complementar substitui o exame físico. O médico tem que fazer apalpação dessas mamas de maneira sistemática e coordenada”, diz.
As pacientes têm direito ao tratamento da doença 60 dias após o diagnóstico. “O paciente tem direito a reconstrução da mama, tem uma série de isenções tributárias, veículos automotores, ele tem direito a utilização do FGTS, PIS, aposentadoria por invalidez”, enumera o advogado Haro.
As pacientes podem também solicitar a ajuda de algumas entidades: Defensoria Pública (48) 3221-9400; Ministério Público de Santa Catarina (48) 3229-9000; AMUCC  (48) 3025-7185. Na quinta-feira (30), a série vai mostrar a importância do movimento Outubro Rosa no tratamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário