Os
mercados, como se diz no jargão da área, derreteram nesta
segunda-feira. O índice Bovespa despencou, atraído, principalmente, pela
queda das ações da Petrobras, e o dólar disparou. Os investidores
estavam botando preço nos números da pesquisa Datafolha divulgada na
sexta, que indicaram que a posição de Dilma melhorou. Na hipótese mais
alarmista, não seria impossível ela ganhar mais uns cinco ou seis pontos
e até vencer no primeiro turno, coisa na qual, francamente, não
acredito. Nas últimas três eleições, o PT teve nas urnas menos votos do
que lhe conferiam os institutos de pesquisa. De todo modo, os mercados
estão mais de olho no risco do que nas hipóteses de salvação.
Pois é…
Dilma e o PT inventaram a equação do capeta — contra o país e, em certa
medida, contra si mesmos. A presidente tem uma de duas alternativas para
explicar por que o país terá uma expansão próxima de zero neste ano,
com inflação quase estourando o limite superior da meta e juros nas
estrelas: ou admite que o problema é interno, que fez as escolhas
erradas e que é, enfim, uma gestora incompetente ou joga toda a culpa no
cenário externo, e o Brasil apenas estaria reagindo a uma realidade
internacional adversa. Ainda está para ser inventado nas terras de Santa
Cruz um político que faça um mea-culpa, não é mesmo? Não seria um
petista a iniciar a fila. Assim, os companheiros decidiram culpar o
resto do mundo. A “companheira presidenta e governanta” está a dizer que
não há nada a fazer a não ser depender da boa vontade de estranhos —
quem sabe torcer que os outros se ferrem para que a gente melhore…
Entendam:
isso vale por um diagnóstico. Acontece que 10 entre 11 analistas — e o
que está na contramão é petista — consideram que o cenário externo para a
economia brasileira será, no ano que vem, mais adverso do que neste
ano. Entenderam a lógica elementar, até pedestre, da equação com a qual
Dilma acena ao país? Se o mundo é culpado por nosso mau desempenho e
esse mundo ainda nos será mais hostil, então… Pior: desde 2002, esta
será a eleição mais arriscada para o PT. O desgaste do partido é
gigantesco. Vejam, só como indicador, o resultado eleitoral do partido
em Estados como São Paulo, Paraná e Rio. O quadro é de humilhação
eleitoral. Em momentos assim, em vez de o PT se mostrar mais aberto, faz
o contrário: ele se volta para os seus fundamentos — ou para seu
discurso fundamentalista.
Não
pensem, por exemplo, que aquele discurso estúpido de Dilma na ONU,
quando sugeriu diálogo com cortadores de cabeça, passa em branco. Não
passa, não! Ele dá notícia de uma presidente descolada da realidade
internacional, periférica, isolada em seu círculo de mediocridade,
incapaz de liderar uma nação emergente.
O discurso
é sinal de que a jeca, em seu casaquinho que lhe corta, de forma
desastrada e desastrosa, a silhueta na parte do corpo que menos a
favorece, está mesmo em desarmonia com o mundo. Aquele casaquinho
vermelho é metáfora de um país burro, acanhado, ao qual, cada vez mais,
se dá menos bola.
Não existe petista grátis. Sempre tem um preço. O de agora é altíssimo.
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