Foto: Alan Marques / Folha POLITICA LIVRE
Presidenta Dilma Rousseff
Um cacique do pedaço do PMDB ainda leal ao governo diz que
ficou muito fácil reconhecer em qualquer roda um político da coligação
encabeçada por Dilma Rousseff. É o que estiver falando mal de Dilma, ele
explica. As críticas aumentam na proporção direta da elevação do risco
de derrota. Por enquanto, o burburinho soa apenas atrás das portas. Na
pior hipótese, Dilma terá tinta na caneta até 31 de dezembro, explica um
membro do diretório nacional do PT. Mas, confirmando-se a derrota,
petistas e aliados culparão Dilma quando puderem falar sobre 2014 sem
medo de perder cargos, verbas e privilégios. Levada no embrulho do
desejo de mudança que as pesquisas farejam, Dilma é bombardeada até por
seu estilo. Tornou-se mais difícil encontrar um apologista da presidente
disposto a repetir a teoria da “firmeza” —aquela segundo a qual Dilma
lida mal com questionamentos porque tem convicções sólidas. No atacado,
seus críticos a acusam de autossuficiência, teimosia e inépcia. Ela só
chama os partidos que a apoiam para conversar na hora que o calo lhe
aperta, afirma um senador governista. A conversa não flui, ele realça. O
diálogo só é considerado bom quando ela obriga o interlocutor a calar a
boca. O senador resume: os empresários não confiam na Dilma, os
políticos a detestam e os ministros têm medo dela. Quem desconfia não
investe. Quem odeia não faz campanha. E quem teme só diz ‘sim senhora’!
Como resultado, tem-se a combinação de PIB baixo com inflação alta,
desânimo político e inação. Curiosamente, os governistas isentam Lula de
responsabilidade. Foi graças ao apoio dele que Dilma amanheceu um belo
dia presidente. Mas os críticos da afilhada alegam que ela está em
apuros porque fez ouvidos moucos para os pitacos do padrinho. Nessa
versão, Lula engrossa, em privado, a sinfonia de críticas.
Confirmando-se o pior, Dilma será apresentada à adaptação de um velho
axioma da política. Diz-se que a vitória tem muitos pais, mas a derrota é
órfã. No caso de Dilma, o eventual insucesso virá acompanhado de uma
subversão da máxima. Confirmando-se o pior —ou melhor, conforme o ponto
de vista— Dilma será vista por seus pseudo-apoiadores como pai e mãe da
própria derrota.
Josias de Souza, Blog do Josias
Nenhum comentário:
Postar um comentário