sábado, 30 de agosto de 2014

Jovem com esclerose múltipla se dedica a ajudar outros portadores


Há três anos, a educadora física convive com os sintomas.
Sábado (30) é celebrado o Dia Nacional de Conscientização da doença.

Thais Pimentel Do G1 MG
Portadora de esclerose múltipla, Carina Teixeira, fez fitas laranjas, cor que representa mundialmente a doença, para conscientizar as pessoas. (Foto: Fred Wanderley /L5 comunicação)Portadora de esclerose múltipla, Carina Teixeira,
fez fitas laranjas, cor que representa a doença,
para conscientizar as pessoas.
(Foto: Fred Wanderley /L5 comunicação)
Carina Teixeira, de 27 anos, é formada em Educação Física, tem um estúdio de Pilates e ainda trabalha como Personal Trainer em Belo Horizonte. "Movimento" é sua palavra de ordem, mas, ironicamente, ela é portadora de esclerose múltipla. "Se um dia eu acordar sem sentir nenhuma dor é porque estarei morta", brinca.
Carina descobriu a doença no dia 23 de dezembro de 2012, enquanto fazia compras de Natal em um shopping com a mãe, em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais. "Eu fui tirar a franja dos olhos, mas percebi que não sentia meu rosto. Achei que estava tendo um AVC", conta.
Ao chegar ao hospital, ela foi examinada e liberada pelo médico de plantão. "Não me dei por satisfeita. Esperei passar as festas de fim de ano para me consultar com um neurologista. Depois dos exames, foi constatada a esclerose múltipla", disse.
O diagnóstico foi um choque para a família. "Meus pais não queriam contar para ninguém. Tinham vergonha. Medo que eu sofresse algum tipo de preconceito. Mesmo depois de três anos, eles não se conformam com a minha doença", lamenta a educadora que, ao contrário dos parentes, resolveu usar a enfermidade como estímulo.
"Isso foi revolucionário na minha vida. Estava há seis meses para me formar e resolvi mudar o tema da minha monografia de conclusão de curso da faculdade para esclerose múltipla. Quando eu me formei cheguei até a pensar em fazer medicina para estudar mais sobre a doença", revela. "Taí! Já que eu descobri uma doença e eu consigo lidar com isso, ao invés de me abater, eu resolvi ajudar as pessoas".
Por meio das redes sociais, Carina busca pessoas que enfrentam a esclerose múltipla e procura ajudá-las com informação e afeto. "Eu 'pego todas pra mim'. Quando eu encontro alguém desanimado, que quer desistir de viver, que não aguenta mais, eu chego e falo 'peraí! Se eu consigo viver bem, você também consegue. Eu tenho uma vida muito melhor do que muita gente saudável'", defende.
Para controlar os surtos - que chegam a paralisar membros e a face -, Carina se submete a injeções três vezes por semana. "Há muitos tratamentos disponíveis e bancados pelo SUS. O que falta é informação", disse ela.
Para lembrar o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla, celebrado neste sábado (30), Carina resolveu confeccionar fitinhas laranjas - cor que representa mundialmente a doença - e distribuí-las com o intuito de divulgar os principais sintomas que são formigamento dos membros, perda de movimentos, incontinência urinária e perda de equilíbrio.
"Eu também vou passar este sábado com a mãe de uma pessoa que descobriu que é portadora. O meu dia da Esclerose Múltipla será dedicado a ela", conta Carina.
Esclerose múltipla
De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), a doença não tem cura. Ela afeta o cérebro e a medula espinhal, interferindo nas funções motoras como caminhar, enxergar, falar e urinar.
Ainda segundo o órgão, estima-se que atualmente 35 mil brasileiros são portadores de esclerose múltipla. Geralmente, ela se manifesta em mulheres que tem entre 20 e 50 anos de idade.

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