Embora a presidente Dilma Rousseff tenha aumentado as críticas à
candidata Marina Silva (PSB), a expectativa da campanha petista é que
Aécio Neves (PSDB) parta para um confronto mais duro contra Marina para
evitar a sangria de votos tucanos para a ex-senadora.
Dirigentes ouvidos neste sábado pelo GLOBO afirmaram que Dilma deve
esperar os próximos passos de Aécio, agora em terceiro lugar nas
pesquisas, para decidir o tom que adotará no debate marcado para amanhã,
no SBT. Neste sábado, em São José do Rio Preto, Aécio já foi bastante
crítico à candidata do PSB.
Em Jales, tanto Dilma como o vice-presidente Michel Temer sinalizaram
que a ideia é desconstruir Marina politicamente, apontando fragilidades
e contradições de seu programa de governo e de seu discurso sobre uma
“nova política”. De todo modo, essas críticas poderão ser feitas pelo
programa de TV e
pela boca de aliados. Os dirigentes petistas temem que uma polarização
mais dura com a ex-ministra possa gerar desgastes para a campanha de
Dilma. Em entrevista coletiva, neste sábado, a presidente desconversou
ao responder se enfrentaria Marina no debate de amanhã. — Pretendo
discutir as minhas propostas. Se elas ensejarem cotejamento dos outros
candidatos é uma consequência — disse Dilma.
Os petistas aguardam também a consolidação de Marina como principal
adversária de Dilma, antes de aumentar a ofensiva. — Não muda a
estratégia em si, mas é evidente que se consolidar a
situação (de queda) do Aécio, o adversário para valer passa a ser
Marina. O debate talvez seja um aperitivo do que será feito. Nós vamos
trabalhar um processo de esclarecimento das contradições nas
candidaturas dos adversários — disse um dos coordenadores da campanha
petista, o prefeito e ex-ministro Luiz Marinho.
Integrantes da equipe de Aécio Neves admitem que a queda de 20% para
15% nas intenções de voto na última pesquisa do Datafolha, na semana
passada, abalou a campanha do tucano, mas tentam mostrar que não há um
clima de desespero. A avaliação é de que ainda falta um mês para a
eleição e muita coisa pode vir à tona. O candidato, mesmo em terceiro
lugar, tem pedido “serenidade” aos aliados.
Assim como o PT, o PSDB compara Marina ao ex-presidente Fernando
Collor, tentando dar um aspecto negativo à candidata que se apresenta
como o novo. — Abala sim, mas não tem desespero. É uma onda semelhante à do
Collor. Se ela for eleita, se essa onde vier, teremos feito a nossa
parte. É uma onda emocional, irracional. Ainda tem tempo até a eleição,
muita coisa ainda pode aparecer — disse um aliado de Aécio.
Já na campanha de Marina, o resultado da pesquisa foi recebido com um
misto de alegria e cautela. Para um dos coordenadores da campanha do
PSB, Walter Feldman, o empate de Marina com Dilma revela fôlego. Mas, ao
mesmo tempo, transforma a ex-ministra do Meio Ambiente em alvo
preferencial de seus rivais. Para ele, não há tempo para comemorar, há
muito mais trabalho a fazer.
— Agora nosso empenho tem que ser redobrado porque viramos o núcleo
do alvo dos nossos adversários. A sociedade está em transição. Há
setores que resistem, que têm temores. Nosso trabalho agora é muito
maior. Estamos vendo o resultado do Datafolha com muita humildade e
determinação — disse, citando uma música de Paulinho da Viola, que diz
que durante o nevoeiro é preciso fazer como o velho marinheiro, que guia
o barco devagar. — Temos que ter muita calma. Por aqui tem
absolutamente zero de euforia. Ex-tucano, Feldman conta que a campanha tem recebido uma quantidade
enorme de ligações e manifestações de pessoas dizendo que querem
participar do projeto de Marina.
Evidentemente preocupado com a arrancada de Marina, o comitê de Dilma
pretende deixar de lado a polarização com Aécio. Vai tentar explorar
supostas contradições de Marina, mas sem abandonar a estratégia
propositiva. A avaliação no governo e no PT é que partir para o ataque
tira votos e pode vitimizar Marina. — Nós temos projeto, ela é um sonho, uma idealização — disse o
vice-presidente e coordenador de redes sociais do PT, Alberto Cantalice. ( O Globo )
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