sábado, 30 de agosto de 2014

Começou a campanha eleitoral.


Pronto! Acabou! A partir de agora Marina Silva não tem mais um defunto para chamar de seu, não tem mais o sangue de um mártir para esfregar na cara, não tem mais Jornal Nacional e nem pesquisa eleitoral impregnada de piedade brasileira pela pobrezinha. Agora Marina terá que andar pelas próprias pernas e provar se tem força e consistência para subir a rampa do Planalto, em primeiro de janeiro de 2015.
O avião que caiu uma semana antes do que seria o início da campanha eleitoral permitiu que Marina surfasse sozinha durante 17 dias entre acidente, velório, enterro, missa de sétimo dia, oficialização da candidatura, Jornal Nacional e uma série de pesquisas feitas em ambiente da mais completa comoção. Nunca na história deste país uma pessoa viva teve tanta exposição na mídia. Ontem o ciclo foi fechado com uma pesquisa Datafolha que mostra que esta overdose midiática deu a ela 34% dos votos, onde antes havia apenas 8%.
A partir de hoje, Marina terá os seus dois minutos diários e as suas contradições. E passa a ser alvo de todas as campanhas, tendo muito pouco tempo para defender-se dos aloprados do PT e dos emplumados do PSDB. Alguns exemplos? Terá que responder por que, sendo Evangelista da Assembleia de Deus, que evangeliza somente o casamento entre homens e mulheres, aprova o casamento gay. Terá que responder ao agronegócio por que quer modificar o padrão de produtividade das propriedades rurais ao mesmo tempo em que proibirá agroquímicos e transgênicos, condenando metade do país à desapropriação. Marina terá que confrontar-se com a própria insensatez.
Este blog tem defendido em todas as redes sociais que há um grande equívoco em culpar campanhas ou candidatos pelo quadro atual das pesquisas. Ninguém poderia imaginar que ocorreria um desastre de tamanhas proporções.  Que o que colocaria as eleições no radar do povo fosse a cara chorosa de Marina Silva. Naquele momento havia pouquíssimo interesse da população pelo pleito. O eleitor foi tragicamente informado que deveria escolher candidato a presidente e votar no próximo dia 5 a partir das imagens impactantes de um jatinho despedaçado, de corpos dilacerados, do velório do pai de uma família feliz, com cinco filhos e uma esposa em volta de um caixão. Todos eles abraçados com Marina Silva e fazendo dela a herdeira da tragédia.
A pergunta que está no ar é se existe possibilidade de reverter este quadro em 35 dias de campanha. Se Aécio Neves poderá deslocar Marina Silva do segundo turno, já que os votos de Dilma Rousseff estão cristalizados nos tradicionais 30% da Bolsa Família, que é no que se resumiu o PT dos dias de hoje. Se Aécio Neves poderá buscar os 5% perdidos e outros 10% entre indecisos, arrependidos e despertados para o real período que Marina Silva representa como gestora de um país em recessão técnica.
Ontem, Aécio Neves declarou que acredita que o quadro pode mudar nas próximas semanas, quando a campanha deslanchar e o eleitor prestar atenção à disputa. Em mensagem postada em sua página no Facebook, ele diz que a pesquisa reflete um momento do já esperado crescimento de Marina Silva:— Nas próximas semanas, vai crescer a atenção e o interesse nas eleições, o que dará oportunidade à população de conhecer os verdadeiros significados de cada candidatura. Neste momento, nosso maior desafio é vencer o grande desconhecimento de nossa candidatura. Por termos o melhor projeto, estamos confiantes em nossa vitória — disse Aécio Neves.
Também pregou serenidade e disse nesta sexta-feira que a campanha dele tem que se "adaptar" neste momento às mudanças que ocorreram no cenário eleitoral com a morte de Eduardo Campos (PSB). O tucano cumpriu agenda de campanha em São Paulo. — Tenho enorme confiança de que no momento da decisão, prevalecendo a razão, vamos estar, não apenas no segundo turno, mas vamos vencer as eleições. Tem um quadro novo, a partir do falecimento do meu amigo governador Eduardo Campos. E agora temos que nos adaptar a essa nova realidade. Eu estou absolutamente sereno e convencido de que as melhores propostas pro Brasil mudar de verdade, quem as têm somos nós — afirmou. 
Portanto, não é hora de desespero. É hora de trabalho, muito trabalho, pois a campanha eleitoral acaba de começar.  
BLOG DO CORONEL

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