| 28 Julho 2014
Artigos - MIDIA SEM MÁSCARA
Mergulhou
fundo em estranhas confabulações o relatório do TCU sobre a aquisição
da refinaria de Pasadena. Saiu ensopado, mas saiu como o governo queria,
nada respingando para o lado do Conselho de Administração. Ou seja,
para o lado da presidente Dilma, que, à época da inconcebível compra,
pilotava o órgão de aconselhamento superior da estatal. Artigos - MIDIA SEM MÁSCARA
O
jornal O Estado de São Paulo informa, na edição do dia 25 de julho, que
o ministro do TCU José Múcio Monteiro, na segunda-feira 21, dois dias
antes da sessão de julgamento, esteve reunido em São Paulo com o
ex-presidente Lula. Segundo o ministro, foi uma visita para matar
saudade e jogar conversa fora. Para Lula, nem isso. Jacaré não vai para o
céu e Lula sabe muito bem o motivo. Recusou-se a comentar o assunto.
Para as fontes do jornal, no entanto, o encontro efetivamente ocorreu
como parte de uma investida do governo para blindar a presidente e
evitar danos à sua imagem quando ela está em plena campanha para suceder
a si mesma. Até o início da semana havia a expectativa de que o relator
do processo, ministro José Jorge, indicaria responsabilidade de Dilma
em virtude de sua posição no Conselho à época dos fatos.
Transcrevo parte da matéria: "Após
a conversa com Lula, o ministro do TCU procurou os colegas e ponderou
que responsabilizar Dilma neste momento pré-eleitoral seria politizar
demais o caso, além de repetir a defesa do governo de que a presidente
votou a favor da compra da refinaria com base em resumo incompleto sobre
o negócio. Um ministro, ouvido pelo Estado sob a condição de anonimato,
relatou que até uma vaga no Supremo Tribunal Federal foi mencionada. A
votação foi unânime". Noutra parte da mesma matéria, lê-se: "Lula
sinalizou que até mesmo cargos em um eventual segundo mandato de Dilma
poderiam ser usados como elemento de convencimento dos ministros".
No
dia 23, enquanto os corredores se agitavam e os celulares esquentavam
as orelhas, o ministro Benjamin Zymler pediu vistas ao processo. O
pedido, formulado com intuito preventivo, foi imediatamente retirado
quando se evidenciou que a maioria dos membros da corte se inclinava em
favor da não inclusão da presidente. Nesse mesmo sentido, aliás,
posicionou-se o relator, ministro José Jorge, no voto que proferiu.
Decisão unânime.
A
questão que fica no ar, sem possibilidade de resposta conclusiva, é a
seguinte: a deliberação do TCU foi influenciada, ou não, pelo que
ocorreu nos bastidores? O que sim, se sabe, é que as fontes do Estadão
relatam algo que, desgraçadamente, se torna muito verossímil porque tem
toda a cara do Brasil que, a cada dia, mais e melhor conhecemos.
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