segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cabos eleitorais famosos influenciam campanha

Patrícia França
A TARDE
  • Margarida Neide, Edilson Lima e Joá Souza | Ag. A TARDE
    Puxadores na Bahia: o governador Wagner, o prefeito ACM Neto e a senadora Lídice
A influência de personalidades na intenção de voto não é uma novidade na política. Mas a eleição deste ano coloca estes cabos eleitorais, tanto no plano estadual como no nacional, numa posição de protagonismo. Alguns candidatos sabem que para conseguir bom desempenho nas urnas terão de contar, em grande medida, com a capacidade destas figuras em transferir votos a seu favor.

Na Bahia, o candidato ao governo Rui Costa (PT) espera se tornar conhecido do grande eleitor e crescer nas pesquisas puxado pelo governador Jaques Wagner (PT) - seu principal cabo eleitoral no estado e que espera coroar seus oito anos de mandato elegendo o seu sucessor.

A candidatura de Rui também conta com o reforço de dois outros cabos eleitorais de peso: o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, candidata a mais um mandato no Palácio do Planalto e citada no jingle do petista.

O governador não nega sua influência, mas diz que o que sustenta e dá credibilidade a um político é o trabalho entregue. "O que vai levantar a candidatura de Rui é o conhecimento que a população passará a ter dele e do trabalho feito nos oito anos do meu governo", acredita o petista.

Para Wagner, não basta falar, é preciso ter um lastro do que fez. "Rui é sangue novo na política baiana, ele é parte desse meu projeto, vai falar o que vai fazer e terá um lastro daquilo que a gente fez.. E é evidente que a população vai comparar os oito anos de trabalho do meu grupo político com os oito anos do grupo político deles".

Candidato da oposição, o ex-governador Paulo Souto (DEM) já governou a Bahia em dois períodos. Conhecido do eleitor, Souto ainda tem o reforço do prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), principal liderança da oposição na Bahia e uma das estrelas nacionais do Democrata.

Se Neto funciona como puxador de voto para Souto na disputa local, ele, assim como o próprio Souto, tornam-se cabos eleitorais qualificados para o presidenciável Aécio Neves (PSDB) no estado.

Quarto maior colégio eleitoral do país e onde o PT teve melhor desempenho nas últimas eleições, a Bahia também é o estado do Nordeste considerado prioritário para as campanhas do tucano e de Eduardo Campos, o presidenciável do PSB.

ACM Neto diz não ter dúvida de que o resultado do trabalho que vem desenvolvendo em Salvador tem repercussão na campanha de Souto, o que acaba influenciando o eleitor do interior.

"A capital é sempre a grande vitrine do estado. Em 2012 eu já dizia que a mudança na Bahia tinha que começar com a mudança em Salvador. E que a Bahia não iria bem se Salvador fosse mal", disse ele, sem deixar de registrar o legado de Souto como governador e senador.

Na contramão dos dois principais concorrentes, a socialista Lídice da Mata conta com a própria trajetória política - vereadora, prefeita, deputada e senadora - para impulsionar o seu nome ao governo do estado e do candidato do PSB ao Planalto.

"Não me vejo como puxadora de voto de uma candidatura presidencial, mas a garantia de um palanque construído com coerência, com tradição popular e conhecimento da Bahia", analisa Lídice, admitindo que seu patrimônio político abre espaço para Eduardo Campos crescer na Bahia.

Colaborou Biaggio Talento

Pesquisa confirma a influência sobre eleitores

Patrícia França
A campanha presidencial de 2014 já colocou em disputa dois cabos eleitorais que  governaram o país em dois mandatos consecutivos: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Adversários em eleições passadas, Lula e FHC voltam agora como apoiadores da candidatura de Dilma Rousseff (PT) e de Aécio Neves (PSDB), respectivamente.

O petista está em vantagem. Pesquisa Datafolha publicada no dia 6 de junho colocou o ex-presidente Lula como o maior cabo eleitoral do Brasil.
Trinta e seis por cento dos entrevistados disseram que votariam “com certeza” em alguém apoiado pelo petista. Lula trabalha para reeleger a sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff (PT).

Em segundo lugar aparece o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, com 26% dos eleitores afirmando que votariam em um candidato indicado por ele. Até agora, Barbosa não declarou voto a nenhum dos candidatos.

Na Bahia, os valores defendidos por Joaquim Barbosa podem funcionar como uma espécie de sombra para a ex-ministra do STJ e candidata ao Senado pelo PSB-Rede, Eliana Calmon. Eliana, como Barbosa, ganhou notoriedade na magistratura ao fazer a defesa intransigente da ética e contra a corrupção.

A ex-senadora Marina Silva, vice na chapa de Eduardo Campos (PSB), obteve 18% de influência sobre o eleitor. Detentora de um patrimônio político de 20 milhões de votos, ela é a aposta de Campos para alavancar sua candidatura no horário eleitoral gratuito.

Já o ex-presidente FHC, que apoia o presidenciável Aécio Neves, é o que menos influencia, com 12% dos votos. Registre-se que o tucano tem a maior influência negativa:  57% não votariam em alguém apoiado por ele de jeito nenhum.

Nenhum comentário:

Postar um comentário