por
Kelly Cerqueira
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
A erva de passarinho é a que mais ocorre nas árvores da cidade
Uma das pragas mais comuns nas árvores que compõem o paisagismo de Salvador, a erva de passarinho é responsável
por boa parte das causas de erradicação das espécies urbanísticas da
cidade. Quando toma grandes proporções no vegetal, a praga causa uma
série de problemas, ocasionando até a sua derrubada.
De acordo com o diretor Executivo de Manutenção e Conservação da Superintendência de Conservação das Obras
Públicas, Luciano Sandes, neste inverno cerca de 15 árvores já
tombaram, a maioria devido a problemas na estrutura. A estimativa do
órgão é que este número cresça em agosto, mês que mais apresenta ventos
mais fortes durante o ano.
“Cerca de 60%
das árvores de Salvador estão contaminadas com a erva de passarinho, uma
praga que se prolifera rápido e que, se não for combatida a tempo, suga todos os nutrientes do vegetal deixando ele fraco e aberto a receber outros parasitas”, explica Luciano.
Segundo ele, nem sempre
as unidades atacadas devem ser exterminadas. Às vezes, a poda na área
específica de atuação da praga já é o bastante para recuperar o vegetal.
No entanto há casos onde a única alternativa é a retirada da árvore,
como medida preventiva de acidentes ou danos ao patrimônio público e
privado. Antes de qualquer ação, o vegetal é analisado por um engenheiro
agrônomo da Sucop.
Além da erradicação por
medida preventiva, o órgão municipal também trabalha com a poda das
árvores em casos de adequação do vegetal ao espaço urbano, quando a
unidade é vetor de animais como abelhas e apresenta risco de queda por
outros motivos.
“A ação depende do
motivo. Tem árvores que atrapalham a iluminação pública e, portanto,
devem ser reparadas, existem espécies que apresentam raízes muito
grandes que invadem o sistema de drenagem da água e de esgoto, quebrando
tubulações. Nestes casos a erradicação é indicada por causar prejuízos
ao patrimônio público”, explica.
Amendoeira
Uma das espécies mais
problemáticas e também uma das mais comuns de serem encontradas no
paisagismo de Salvador é a amendoeira. Trazida de outros países, a
árvore frutífera proporciona longas sombras, no entanto também gera
alguns transtornos em áreas públicas e movimentadas, como explica a
professora do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia,
Ana Aparecida.
“Quando ela cresce, as
longas folhas caem e entopem esgotos e bueiros, sem contar que o fruto
comestível atrai morcegos. Além disso, possui frutos duros que podem
machucar pedestres ou proporcionar danos a automóveis, telhados”, afirma
a especialista. Outro problema citado por ela refere-se à raiz do
vegetal, que muitas vezes destrói calçadas.
Em substituição das
amendoeiras, Ana sugere espécies nativas como o Jacarandá da Bahia, o
Pau Brasil, o Ipê, o Oiti ou outras espécies frutíferas que apresentem
frutos pequenos. “A escolha da espécie vai depender do local a ser
plantado e do espaço urbano disponível”, salientou.
Podas por fazer
Raízes expostas, tronco
torto, presença de plantas e animais parasitas e galhos secos são alguns
sinais de que a árvore está perdendo a vida. Para evitar estes
problemas que acabam resultando na sua erradicação, a professora de
biologia indica a manutenção frequente destes vegetais.
A ausência desta ação
durante muito tempo é um dos motivos apresentados por Luciano para as
frequentes quedas destes vegetais e o grande número de podas realizado
nos últimos dois anos.
“Nós estamos correndo
atrás do prejuízo. Há muito tempo as árvores de Salvador não passavam
por manutenção preventiva e por isto estamos tendo que fazer ações
corretivas”, continuou, lembrando que ainda há três mil podas por fazer,
no calendário do órgão.
Também esclarece que a
reposição das arvores derrubadas não acontece obrigatoriamente no mesmo
local. “Tem árvores que são muito antigas, ocupam calçadas, atrapalham
os pedestres”, continua.
O trabalho de reposição é
realizado pela Secretaria da Cidade Sustentável, órgão que possui metas
a serem alcançadas em relação ao plantio de mudas em Salvador,
independente da erradicação ou não das unidades na cidade. Segundo
Luciano, a meta atual é atingir a marca de 30 mil mudas por ano.
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