quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ociosidade: faturamento cai, e autopeças demitem


Bruno Porto - Hoje em Dia


A indústria nacional de autopeças contabilizou, em abril, o menor índice de utilização da capacidade instalada, com 31,1% de ociosidade nas linhas de produção. Em Minas Gerais, segundo maior parque automotivo do país, com empresas como Fiat (Betim), Iveco (Sete Lagoas) e Mercedes-Benz (Juiz de Fora), a redução do nível de emprego e o faturamento das empresas caíram acima da média nacional. Os dados são de pesquisa do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

De janeiro a abril deste ano o faturamento do setor no Estado recuou 8,2% em relação a igual intervalo de 2013. A curva que mede o faturamento aponta para baixo desde julho de 2013, ou seja, há um ano o setor encolhe. No Brasil, para a mesma base de comparação, a retração apurada foi de 7%, com quedas consecutivas sendo registradas desde janeiro deste ano.
Do lado do emprego, em abril, a pesquisa aponta para uma variação negativa de 7,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Neste caso, são seis meses ininterruptos de corte de vagas. Já a média nacional oscilou, negativamente em 3,2% em abril. Desde janeiro a pesquisa aponta queda mês a mês do total de pessoas empregadas pelas autopeças no país.

Desaceleração

O levantamento do Sindipeças revela que 67,8% do faturamento do setor está atrelado aos negócios com montadoras, o que indica que o mercado interno tem motivado o desempenho fraco.

As vendas totais do setor automotivo este ano, até maio, caíram 5,5%, segundo estudo da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em maio foi verificada queda de 7,2% sobre o mesmo mês de 2013 e estabilidade em relação ao mês anterior.

No caso das montadoras, a redução das vendas foi respondida com medidas de contenção da produção para ajuste à nova realidade de demanda. Em Juiz de Fora, a Mercedes-Bens adotou medidas como férias coletivas e redução da jornada de trabalho e dispensa de pelo menos 100 trabalhadores.

O presidente do sindicato dos metalúrgicos da cidade, João César Silva, disse que as autopeças que atendem a planta da montadora são, em sua maioria, adquiridas em outros estados, com poucos fornecedores locais e, por isso, o impacto no emprego não foi percebido.

Já a Fiat, em Betim, concedeu férias coletiva em abril. A Iveco, braço do grupo Fiat no setor de caminhões, também deu férias coletivas entre abril e maio.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, João Alves de Almeida, afirmou que algumas medidas como férias coletivas também já foram adotadas recentemente por alguns fabricantes de autopeças, mas que não foi verificado nenhum movimento de demissões no cin-turão de fornecedores.

Queda é generalizada

Tanto as vendas reais das autopeças para as montadoras quanto as intrassetoriais e as exportações apresentaram quedas. Elas foram, respectivamente, de 10,9%, 9,7% e 0,3%. Já as vendas reais para a reposição
tiveram crescimento de 2,9%. O faturamento total do setor caiu 7% no Brasil.

Minas Gerais é o estado com o segundo maior peso na formação deste faturamento, com participação de 12,9%, atrás de São Paulo, com 35,4%, e a frente do Rio Grande do Sul, com 10,7%. Na sequência estão Paraná, com 8,4% de participação; Santa Catarina, com 3,4% e outros, que somam 29,2%.

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