domingo, 29 de junho de 2014

Jovem com deficiência visual é aprovada em 1º lugar em concurso


Francisca foi classificada no concurso da Secretaria de Educação (Seduc).
Jovem que aprendeu a ler apenas com 13 anos sonhava em ser professora.

Gilcilene Araújo Do G1 PI
Jovem aprendeu a ler apenas com 13 anos  (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Jovem aprendeu a ler apenas com 13 anos (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
Digitar no computador, fazer uma ligação telefônica, ler um texto e ministrar aulas podem ser tarefas fáceis para muitas pessoas, mas para a jovem Francisca Josefa de Araújo,30 anos, realizar estes afazeres são sinônimos de força de vontade para enfrentar as dificuldades desde pequena. A jovem natural de Simões do Piauí, a 227 Km de Teresina, é vítima da anoftalmia bilateral e amaurose, doenças congênitas que causam a perda da visão. E, apesar das dificuldades e da necessidade constante de adaptação, Francisca Josefa, que sempre sonhou em ser professora, terá a oportunidade de concretizar seu desejo porque foi aprovada em um concurso público da Secretaria de Educação e Cultura do Piauí (Seduc) para lecionar letras/português em Teresina.
Francisca Josefa de Araújo,30 anos (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Francisca Josefa de Araújo,30 anos
(Foto: Gilcilene Araújo/G1)
“Estou muito feliz de ter conseguido mais essa vitória. Desde pequena sonhei em ser professora. Lutei muito para conseguir estudar, enfrentei as dificuldades que apareceram desde o ensino fundamental e até o ensino superior. E nesta semana tive uma felicidade enorme ao ser aprovada no concurso da Seduc. Quando assumi o cargo, darei o meu melhor para repassar todo o conhecimento que venho adquirindo na área, tanto aos alunos com deficiência quanto aos ditos normais. Tenho muita coisa planejada, apenas esperando uma oportunidade”, contou.
No dia a dia, a deficiência não foi empecilho para a realização das tarefas, mas atrasou o aprendizado da garota que aprendeu as primeiras letras somente aos 13 anos. “Eu tiver que mudar para Teresina, onde passei a mora na residência de irmãs durante três meses, depois meus pais também mudaram para a capital e dai em diante comecei a estudar. Para recuperar o tempo perdido estudei em ensino regulares e na educação de jovens e adultos (EJA)”, revelou Francisca Josefa.

Com destreza e uma habilidade incomum, em 2006 ela realizou um concurso público e foi aprovada para o cargo de telefonista, que ocupa até hoje.Depois continuou a luta em busca de um curso de letras português. Em 2008, ela prestou seu primeiro vestibular e ingressou na Universidade Estadual do Piauí (Uespi).
"Foi uma enorme alegria ser aprovada de primeira vez e estudar o que tanto queria. Tomei gosto pela área bem cedo e fui muito incentivada por uma professora. Tenho orgulho de ter conseguido ir até o final e os frutos estão começando a ser colhidos”, diz a primeira colocada do concurso público.
Para conseguir acompanhar o ritmo de curso de nível superior, ela teve a auxílio de um monitor que fazia a leitura dos conteúdos. Além disso, Francisca digitalizava os textos e para poder ouví-los através de um programa que converte o conteúdo. “Quando estudava no ensino fundamental e médio, eu tinha o acompanhamento da Associação dos Cegos que ajudava a colocar os textos em braile, no entanto, no curso superior isso era mais difícil pela continuidade de assuntos, mesmo assim sempre tive o apoio deles”, disse.
Agora, a jovem concursada afirma que não vai parar. Ela está se especializando em literatura e estudos culturais e seus planos para o futuro é continuar estudando e trabalhando.

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