sábado, 28 de junho de 2014

Brasil contraria expectativas pessimistas e apresenta copa organizada


por
iG São Paulo
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Duas semanas de Copa do Mundo ficaram para trás, e com elas toda a fase de grupos. Tempo já suficiente para analisar se as expectativas que existiam com relação ao torneio no Brasil se confirmaram. Os aeroportos, o transporte público e o setor de telecomunicações não chegaram a apresentar a situação de caos que chegou-se a imaginar antes do evento.
Os problemas mais recorrentes, em grande parte, estão relacionados à organização, responsabilidade da Fifa. Exemplo disso são as grandes filas que se formaram dentro dos estádios, seja pelo atendimento nos pontos de alimentação ou pelo uso dos banheiros.
Um ponto desta Copa que ainda será preciso esperar um pouco mais para fazer qualquer tipo de julgamento é a segurança. A invasão dos chilenos no setor de imprensa no Maracanã evidencia uma falha, mas nada de mais grave foi registrado até o momento.
Veja abaixo o balanço do que deu certo e o que deu errado na Copa até agora:
PONTOS POSITIVOS
Aeroportos
A capacidade dos maiores do Brasil cresceu nos últimos anos. No começo de 2011, eles podiam receber 215 milhões de viajantes por ano. Agora, esse número é de 285 milhões.
De acordo com a SAC (Secretaria de Aviação Civil), 3,7 milhões de passageiros se deslocaram nos 20 principais aeroportos do país que atendem às cidades-sede, número que representa 90% do fluxo total de passageiros no Brasil durante a primeira semana da Copa do Mundo. Apesar da demanda bastante concentrada, os aeroportos operaram dentro da normalidade, segundo a SAC.
O pico de movimento durante o Mundial aconteceu no dia 16, véspera do jogo Brasil x Camarões, quando mais de 501 mil pessoas circularam pelos aeroportos do país. A média diária tem sido de 471 mil pessoas.
Transporte
De maneira geral, funcionou bem. Em São Paulo, por exemplo, o trem e o metrô levam o torcedor com rapidez e comodidade ao estádio. Em Recife, o incentivo ao uso do transporte público para ir à Arena Pernambuco, localizada na região metropolitana, se mostrou acertado na última quinta-feira, dia em que a chuva alagou algumas vias da cidade. Quem foi ao estádio usando o metrô e depois pegou a linha especial de ônibus que sai da estação Cosme e Damião não encontrou problemas.
Em Fortaleza, uma linha de ônibus sai de uma rua paralela à Avenida Beira-Mar, o principal ponto de encontro de turistas, e vai direto ao Castelão em dias de jogos. Os torcedores que usaram essa linha elogiaram bastante o serviço.
Telecomunicações
Outro ponto que contrariou qualquer expectativa de caos que existia antes do início da Copa. De uma maneira geral, as redes de telefonia celular atenderam bem a alta demanda do público nos estádios.
Na primeira partida de cada uma dos 12 estádios que sediam o Mundial, foram feitas cerca de 1 milhão de ligações de celulares e de 7,6 milhões de comunicações de dados, incluindo envio de e-mails, imagens e mensagens multimídia. Esse tráfego equivale ao envio de mais de 7 milhões de fotos, com tamanho médio de 0,55 MB.
A internet apresenta instabilidade em alguns momentos ao longo dos jogos, o que prejudica o trabalho dos veículos de imprensa que estão nos estádios a trabalho. Mas é uma situação que chega a ser comum diante do que aconteceu antes em outros grandes eventos esportivos.
Sala de imprensa
Ampla e funcional, atendeu bem às necessidades dos jornalistas credenciados.
Voluntários
Há muitos à disposição de quem precisa de informação nos estádios, e eles têm se mostrado competentes de maneira geral.
Acesso aos estádios
Tem funcionado bem, assim como a dispersão após as partidas.
PONTOS NEGATIVOS
Alimentação
Apesar de a Fifa dizer o contrário, as pessoas ainda reclamam de falta de lanches em alguns pontos de venda, que não têm conseguido atender à demanda.
Filas
Têm sido um problema nos estádios por mais de um motivo. Um deles é o atendimento nos pontos de alimentação. Em São Paulo, por exemplo, as filas mostraram que o número de caixas não é suficiente. Em Fortaleza e em Brasília, muitos torcedores perderem o início do segundo tempo dos jogos.
Não são apenas as lanchonetes que geram filas longas nos estádios. A espera para utilização dos sanitários nos intervalos da partida também tem sido muito grande.
Brasília teve fila para entrar no estádio. Há poucas entradas no estádio Mané Garrincha, e nos três jogos por lá houve reclamação. A Fifa argumenta que as pessoas chegaram muito tarde para o jogo, mas não foi só isso. Na primeira partida realizada no estádio, Suíça x Equador, um dos detectores de metal não funcionou, e a fila foi gigantesca.
Ingressos falsos
De acordo com Thierry Weil, diretor de marketing da Fifa, 50 ingressos falsos foram identificados na partida de abertura da Copa, entre Brasil e Croácia, em São Paulo. Os torcedores que portavam essas entradas foram retirados. Weil previu que mais entradas falsas devem estar circulando pelo país e alertou os torcedores que os ingressos devem ser comprados somente no site da entidade.
O problema também aconteceu em Porto Alegre. No duelo entre Argentina e Nigéria, na última quarta-feira, cerca de 150 ingressos falsos foram recolhidos pela Polícia Civil -- a maior parte deles comprados na Argentina. A polícia também recebeu queixas de torcedores com credenciais falsas. Em Salvador, cambistas agiram em frente a portões da Fonte Nova e a poucos metros da polícia.
Além do ingresso falso, a Fifa também tem registrado com frequência o golpe do ingresso inválido. De má fé, algumas pessoas compram ingressos e fazem a devolução eletrônica para a entidade, mas ficam com a entrada e a revendem. Só em Brasília, nesta semana, já foram apreendidos mais de 700 ingressos assim.
Transporte
Não foram todas as sedes que tiveram bom funcionamento. Em Salvador, o transporte público ineficiente travou a cidade em dias de jogos, pois os torcedores optaram por carro ou táxi. As linhas de ônibus especiais são caras (R$ 20 ida e volta) e deixam os espectadores muito longe do estádio, e não há itinerário diferenciado para escapar do trânsito.
Acesso às tribunas
Poucos elevadores fazem com que imprensa e torcedores vips dividam espaço, tornando lento o acesso.

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