"Não dá para
controlar", artigo de Dora Kramer no Estadão. O governo pode melar as
CPIs, mas conseguirá parar a investigação da PF?
A
ofensiva do governo para inviabilizar os trabalhos de investigações
sobre a Petrobrás no Congresso foi bem-sucedida. Isso do ponto de vista
imediato e olhando-se exclusivamente para o Parlamento.
A CPI do
Senado caiu no ridículo. Com ela, seus integrantes e os dois depoentes
(Sergio Gabrielli e Nestor Cerveró) que foram lá desmentir a eles
mesmos. A comissão mista a ser instalada tampouco promete.
O
ex-presidente Luiz Inácio da Silva deu a ordem de "ir pra cima" para
evitar a CPI, lembrando no que resultou aquela iniciada com denúncia
sobre os Correios, o Palácio do Planalto captou a mensagem, a base
aliada achou mais prudente suspender temporariamente a rebeldia e deu-se
a blindagem.
Nem por
isso param de surgir notícias sobre negócios altamente suspeitos
envolvendo direta ou indiretamente a estatal ou personagens ligados a
ela. Pelo simples fato de que as propostas de comissões parlamentares de
inquérito apareceram quando já iam adiantadas investigações na Polícia
Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas.
Portanto,
não se depende de CPI para saber que a PF desconfia da existência de
uma "organização criminosa" atuando dentro da estatal. A suspeita surgiu
pela descoberta de ligação entre a compra da refinaria de Pasadena
(EUA) e o esquema de lavagem de dinheiro descoberto na Operação Lava
Jato.
Operação
esta em que "brilham" um ex-diretor da Petrobrás cheio de amizades com
políticos e um doleiro conhecido da polícia e da Justiça de outros
carnavais e cujas ligações com o mundo político atingem amplo espectro
partidário.
Também
não é necessário CPI para que, de repente, a presidente Dilma Rousseff
em pessoa se veja compelida a explicar melhor sua participação no
negócio de Pasadena perante o Tribunal de Contas da União.
Esses e
tantos outros casos que todo dia surgem no noticiário, como o saque de
US$ 10 milhões da conta da refinaria em uma corretora feito mediante
autorização verbal. O dado consta em auditoria da própria Petrobrás, que
considera a transação "normal".
Essas
investigações em algum momento chegarão a alguma conclusão. Produzirão
resultados que deixarão mais evidente que o motivo de "melar" as CPIs
era torpe.
Muito
provavelmente o PT conseguirá evitar esse barulho na eleição. Mas, e se
perder e voltar a ser oposição? Pode se arrepender de ter enterrado o
instrumento da CPI com o qual chegou a prestar bons serviços ao País.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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