Ele diz que parou de contar após ultrapassar 1,5 mil exemplares.
Mercado local reage à paixão dos colecionadores pelos LPs.
Ele surgiu na década de 1940 e aos poucos foi conquistando espaço entre
os amantes da música porque permitia o armazenamento de mais de uma
canção em cada lado. O disco de vinil ou simplesmente LP [Long Play] se manteve nas paradas da indústria fonográfica por cerca de 50 anos.
Nos anos 90, a tecnologia trouxe mudanças no ramo das mídias musicais, orquestrando o começo de uma revolução, e os LPs começaram a dar lugar nas prateleiras ao CD [Compact Disc]. Mais que uma diferença de siglas, a novidade oferecia maior capacidade, durabilidade e clareza sonora, sem os conhecidos chiados.
O músico Edvaldo Carlos, 39, é um dos que não escondem a paixão pelo vinil, e nem se quisesse conseguiria. É que a coleção com cerca de 2 mil exemplares o denunciaria logo de cara. “Eu já nem sei mais quantos tenho exatamente. Parei de contar quando passou de 1,5 mil. Depois disso, já adquiri muitos outros porque é a mídia que mais gosto de escutar. Nem tenho mais onde guardar”, diverte-se.
E como quase sempre o tal costume de casa vai à praça, o músico não
foge à regra. “Eu aprendi a gostar de vinil com meus pais. Minha mãe
ouvia muito Jovem Guarda e meu pai, orquestras. Eles me presenteavam com
discos também. Nem sei se posso dizer que um dia comecei a minha
coleção porque não existe uma data específica em que passei a juntar.
Vinil sempre fez parte da minha vida”, afirma.
O acervo de Carlos, além de música, reúne histórias. “Já encontrei a coleção completa da banda Os Mutantes pelo valor que custa um disco deles hoje. Um achado! Outro vinil que eu tenho e que carrega muita história é o Tim Maia Racional, um dos mais raros do cantor, lançado quando ele fazia parte de uma seita religiosa. O disco teve pouca tiragem e Tim Maia saía com o material dentro do próprio carro para oferecer às pessoas. Hoje esse vinil é muito disputado porque o cantor, depois que se desencantou com a seita, mandou retirar de circulação. Deve estar custando uns R$ 300 e eu comprei a R$ 4”, relembra.
Hoje em dia, o mercado tem investido em equipamentos mais modernos voltados ao LP. Tiago Rodrigues, 25, já teve diversas vitrolas, mas, por conta da fragilidade dos equipamentos, decidiu investir em um toca discos mais moderno. “Meus primeiros equipamento davam problema e eu tinha dificuldade de conseguir peça, então doei e comprei um mais resistente e completo. O atual eu tenho há três anos e nunca deu problema. Ele é bem moderno, reproduz vinil, fita cassete, CD, mp3 e também tem entradas para cartão de memória e pen drive. Atende a todas as minhas necessidades”, expõe.
Natural de Palmeira dos Índios, ele conta que já na adolescência a preferência pelos vinis ganhou espaço em sua vida. “Comecei a colecionar aos 15 anos. Hoje devo ter uns 400. O primeiro de todos foi o disco Lilás, do Djavan. Consegui comprar discos bons em feiras de venda e troca que aconteciam lá em Palmeira. Tinha muita coisa boa por R$ 3, R$ 4. Mas o vinil que eu tenho e que considero uma raridade, principalmente porque sou fã, é o primeiro disco do Lobão, que teve tiragem de apenas 27 mil cópias. Certo dia, vi uma entrevista onde o cantor dizia que nem ele tem a cópia”, comenta.
Bandas e a preferência por vinil
Muitos músicos dizem que a qualidade sonora do vinil é superior à do CD, por isso algumas bandas ainda lançam seus produtos musicais nesse formato de mídia. Em 2012, a banda alagoana Necro, antiga Necromonicon, teve a oportunidade de lançar suas músicas em LP no exterior e não deixou a chance passar.
O The Queen of Death foi o vinil de estreia da Necro e a banda já aguarda o lançamento, também nos Estados Unidos, do segundo trabalho nesse formato. O mais novo disco leva o nome atual da banda e já foi finalizado. “Estamos apenas esperando o lançamento. Acredito que no máximo em outubro o material seja liberado pela gravadora”, aposta Ivo.
Cantinhos do vinil em Maceió
O vinil ainda é procurado e preferido por milhares de colecionadores, DJ’s, músicos, e amantes da boa música. Muita gente expande a coleção comprando pela internet ou em lojas físicas, trocando com conhecidos e até importando quando não encontra no Brasil aquele exemplar tão cobiçado.
Uma loja de rock localizada no centro de Maceió tem apostado na comercialização de vinis novos. Os preços variam de R$ 90 a R$ 300. De acordo com o proprietário Kleber Brandão, o público que procura, apesar de resumido, é fiel. “Tem muito colecionador que já virou cliente cativo. O pessoal que nos procura também tem um poder aquisitivo um pouco maior, então os discos têm grande saída. Trabalhamos bastante também com encomendas porque a clientela tem gosto diversificado”, explica.
José Mariano tem 64 anos e há 35 vende discos. Ele tem uma barraca na rua do trilho do trem, ao lado do mercado da produção, no centro da cidade. Lá, os LPs saem a R$ 3 e R$ 4. Conhecido na região como Dedé, ele toca a vida negociando vinil. “Sustento a família com esse meu negócio. Quem procura, diz que acha a qualidade melhor do que a do CD. As maiores saídas são os do Roberto Carlos, do Luiz Gonzaga e também do Trio Nordestino”, comenta o vendedor.
Nos anos 90, a tecnologia trouxe mudanças no ramo das mídias musicais, orquestrando o começo de uma revolução, e os LPs começaram a dar lugar nas prateleiras ao CD [Compact Disc]. Mais que uma diferença de siglas, a novidade oferecia maior capacidade, durabilidade e clareza sonora, sem os conhecidos chiados.
Edvaldo
Carlos se orgulha da coleção completa da banda Os Mutantes e exibe o
disco preferido, o Rubber Soul, dos Beatles (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Mas, se engana quem acha que o famoso “bolachão” foi totalmente
ultrapassado pelas novas mídias digitais. Na verdade, para muita gente
ele continua no topo da preferência. Em Maceió, não é difícil encontrar colecionadores ou pessoas que ainda apreciam o som que sai do LP e não abrem mão de suas vitrolas.O músico Edvaldo Carlos, 39, é um dos que não escondem a paixão pelo vinil, e nem se quisesse conseguiria. É que a coleção com cerca de 2 mil exemplares o denunciaria logo de cara. “Eu já nem sei mais quantos tenho exatamente. Parei de contar quando passou de 1,5 mil. Depois disso, já adquiri muitos outros porque é a mídia que mais gosto de escutar. Nem tenho mais onde guardar”, diverte-se.
O acervo de Carlos, além de música, reúne histórias. “Já encontrei a coleção completa da banda Os Mutantes pelo valor que custa um disco deles hoje. Um achado! Outro vinil que eu tenho e que carrega muita história é o Tim Maia Racional, um dos mais raros do cantor, lançado quando ele fazia parte de uma seita religiosa. O disco teve pouca tiragem e Tim Maia saía com o material dentro do próprio carro para oferecer às pessoas. Hoje esse vinil é muito disputado porque o cantor, depois que se desencantou com a seita, mandou retirar de circulação. Deve estar custando uns R$ 300 e eu comprei a R$ 4”, relembra.
Além de vinil, o equipamento adquirido por Tiago
Rodrigues reproduz outros formatos de mídia
musical (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Investimento em equipamentoRodrigues reproduz outros formatos de mídia
musical (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Hoje em dia, o mercado tem investido em equipamentos mais modernos voltados ao LP. Tiago Rodrigues, 25, já teve diversas vitrolas, mas, por conta da fragilidade dos equipamentos, decidiu investir em um toca discos mais moderno. “Meus primeiros equipamento davam problema e eu tinha dificuldade de conseguir peça, então doei e comprei um mais resistente e completo. O atual eu tenho há três anos e nunca deu problema. Ele é bem moderno, reproduz vinil, fita cassete, CD, mp3 e também tem entradas para cartão de memória e pen drive. Atende a todas as minhas necessidades”, expõe.
Natural de Palmeira dos Índios, ele conta que já na adolescência a preferência pelos vinis ganhou espaço em sua vida. “Comecei a colecionar aos 15 anos. Hoje devo ter uns 400. O primeiro de todos foi o disco Lilás, do Djavan. Consegui comprar discos bons em feiras de venda e troca que aconteciam lá em Palmeira. Tinha muita coisa boa por R$ 3, R$ 4. Mas o vinil que eu tenho e que considero uma raridade, principalmente porque sou fã, é o primeiro disco do Lobão, que teve tiragem de apenas 27 mil cópias. Certo dia, vi uma entrevista onde o cantor dizia que nem ele tem a cópia”, comenta.
Bandas e a preferência por vinil
Muitos músicos dizem que a qualidade sonora do vinil é superior à do CD, por isso algumas bandas ainda lançam seus produtos musicais nesse formato de mídia. Em 2012, a banda alagoana Necro, antiga Necromonicon, teve a oportunidade de lançar suas músicas em LP no exterior e não deixou a chance passar.
Pedro Ivo exibe com orgulho o vinil de sua banda lançado nos Estados Unidos (Foto: Rivângela Gomes/G1)
“Um selo fonográfico [espécie de gravadora independente] dos Estados
Unidos entrou em contato conosco e fez a oferta. Já tínhamos lançado um
CD com a Hidro-Phonic Records em 2011 e ficamos na expectativa porque
sabíamos que ela era especializada em vinil. Até que recebemos o
convite. Ficamos muito felizes”, conta o cantor e baixista, Pedro Ivo,
27.O The Queen of Death foi o vinil de estreia da Necro e a banda já aguarda o lançamento, também nos Estados Unidos, do segundo trabalho nesse formato. O mais novo disco leva o nome atual da banda e já foi finalizado. “Estamos apenas esperando o lançamento. Acredito que no máximo em outubro o material seja liberado pela gravadora”, aposta Ivo.
Cantinhos do vinil em Maceió
O vinil ainda é procurado e preferido por milhares de colecionadores, DJ’s, músicos, e amantes da boa música. Muita gente expande a coleção comprando pela internet ou em lojas físicas, trocando com conhecidos e até importando quando não encontra no Brasil aquele exemplar tão cobiçado.
Loja no Centro investe em comercialização de vinis novos (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Para atrair o público, as edições mais novas têm sido lançadas
totalmente repaginadas. Hoje os vinis são de gramatura maior, têm mais
capacidade de gravação e possuem diferença, tanto de áudio como no modo
de fabricação. Outro diferencial marcante são as artes que os discos
trazem em cada um dos lados e também nas capas.Uma loja de rock localizada no centro de Maceió tem apostado na comercialização de vinis novos. Os preços variam de R$ 90 a R$ 300. De acordo com o proprietário Kleber Brandão, o público que procura, apesar de resumido, é fiel. “Tem muito colecionador que já virou cliente cativo. O pessoal que nos procura também tem um poder aquisitivo um pouco maior, então os discos têm grande saída. Trabalhamos bastante também com encomendas porque a clientela tem gosto diversificado”, explica.
José Mariano tem 64 anos e há 35 sustenta a família vendendo vinil (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Mas os famosos discos que, em sua maioria, prestigiam os cantores
também têm lugar reservado em Maceió. Na praça Sergipe, localizada no
bairro do Farol, uma loja dedica boa parte de suas prateleiras aos vinis
usados. Há também sebos que comercializam o produto, barracas de vinil e
até vendedores avulsos em pontos conhecidos da cidade.José Mariano tem 64 anos e há 35 vende discos. Ele tem uma barraca na rua do trilho do trem, ao lado do mercado da produção, no centro da cidade. Lá, os LPs saem a R$ 3 e R$ 4. Conhecido na região como Dedé, ele toca a vida negociando vinil. “Sustento a família com esse meu negócio. Quem procura, diz que acha a qualidade melhor do que a do CD. As maiores saídas são os do Roberto Carlos, do Luiz Gonzaga e também do Trio Nordestino”, comenta o vendedor.
Vinis sofreram grandes mudanças (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário