terça-feira, 1 de abril de 2014

Enchente aumenta casos de doenças transmissíveis pela água, em RO


Casos de leptospirose e diarreias aumentaram. Há suspeita de cólera.
Ações de prevenção e orientação estão sendo feitas por equipes de saúde.

Ivanete Damasceno Do G1 RO

Crianças brincam na beira de rua tomada por água. (Foto: Ana Luiza Moreira/G1)Água com aguapés é ambiente favorável para vibriões (Foto: Ana Luiza Moreira/G1)
Os casos de doenças transmissíveis pela água e alimentos contaminados aumentaram, por causa da cheia histórica do Rio Madeira, de acordo com a Agência Estadual em Vigilância Sanitária (Agevisa). Por conta disso, ações de prevenção e orientação estão sendo feitas e preparadas por equipes de saúde e assistência social, para que as pessoas evitem o contato com a água contaminada. Na segunda-feira (31), o Rio Madeira oscilou entre 19,66 e 19,70 metros. Cerca de 4,8 mil famílias de casa por causa da cheia no estado.
Desde o início da enchente, já foram diagnosticados 49 casos de leptospirose, dois de febre tifoide, aumento dos registros de diarreias, além da suspeita de dois casos de cólera em crianças de Jacy-Paraná, distrito de Porto Velho, distante 90 quilômetros. “Já estamos providenciando ações para que as pessoas evitem o contato com a água contaminada. Muitas fossas transbordaram. A transmissão de várias doenças acontece por via oral-fecal, por isso é muito importante a higienização”, afirma Maria Arlete Baldez, diretora da Agevisa.
Segundo a Agesiva, o acúmulo de lixo, animais mortos, aguapés, além de inseticidas que entraram na água por causa de plantações, que foram destruídas com a cheia, são ambientes favoráveis a doenças e colocam toda a população em risco iminente de contrair algum tipo de doenças. O Rio Madeira, diz Arlete, é monitorado desde 2011 e amostras coletadas são encaminhadas para análise. Dos 200 tipos de vibriões, apenas dois são causadores da cólera.
Nos casos coletados em amostras de diarreias de duas crianças em Jacy-Paraná, há suspeita pelas condições a que as crianças estavam expostas - água contaminada e muito lixo - alerta Arlete. Mas, ela explica que as características dos sintomas apresentados pelos dois são diferentes da doença. "Normalmente, a suspeita maior é em crianças a partir de 10 anos e adultos que apresentem quadros de diarreias súbitas e aquosa, o que não era o caso dessas amostras”, explica.
Moradores da rua Raimundo Cantuária reclamam do lixo que não está sendo coletado pela Semusb. (Foto: Suzi Rocha/G1)Acúmulo de lixo contamina ainda mais a água do Rio Madeira (Foto: Suzi Rocha/G1)
No entanto, o órgão aguarda o resultado. "O vírus aparece primeiro na água. E ele pode ser infectado por essa água contaminada e transmitir para as pessoas que tenham contato. Então, quando a água tem muita substância orgânica, como é o Rio Madeira, esse ambiente é favorável", esclarece Arlete.
Diarreias
A Agevisa faz alerta para os casos de diarreias que têm acometido muitas pessoas que mantêm contato com a água do Rio Madeira. Como forma de comparativo, de janeiro a março de 2013 foram mais de 10 casos de diarreias. Neste ano, de janeiro a fevereiro, foram mais de 6,5 mil casos. Março ainda não foi finalizado. "Esse número pode ser muito maior, porque unidades que tínhamos de monitoramento foram perdidas e as equipes estão envolvidas em outras ações", diz.
Febre tifoide
Os dois casos confirmados de febre tifoide em Porto Velho foram tratados antes mesmo de confirmação da doença. Segundo a Agesiva, essa é uma doença de notificação compulsória e, ao surgir a suspeita, já deve ser tratado. "Não há tempo para esperar sair o resultado. O paciente pode morrer, se não houver tratamento imediato. E até agora não tivemos nenhum óbito relacionado a cheia", ressalta Arlete.
Prevenção
Como as doenças são transmitidas via oral-fecal, Arlete destaca que é importante que todas as pessoas mantenham a melhor higienização após ir ao banheiro, antes de manipular alimentos, além de observar a qualidade da água que está sendo utilizada.
Dentre as ações, as unidades básicas de saúde distribuem gratuitamente hipocloritos de sódio para as famílias, além de orientações para evitar o contato com a água contaminada, melhor manuseio dos alimentos, evitar o consumo de peixes de áreas contaminadas.

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