segunda-feira, 28 de abril de 2014

Discurso de presidenciáveis não dialoga com o eleitor brasileiro, diz especialista


CORREIO DE NOTICIA
Para o professor de oratória política, Alcides Schotten, campanha presidencial no Brasil não terá comoções e será pautada por um discurso frio sobre economia, projetos sociais e Copa do Mundo
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O discurso dos presidenciáveis ainda carece de uma linguagem mais apropriada ao contexto do cidadão brasileiro. É o que afirma o especialista em oratória, o professor Alcides Schotten, diretor executivo da consultoria Methodus. Para Schotten, o grande discurso político é quando o povo sente que usaria as mesmas palavras, os mesmos argumentos e as mesmas indignações se estivesse fazendo uso da palavra. “Os candidatos Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos carecem dessas virtudes”, diz.
Na visão de Schotten, que também é filosofo e especialista em oratória política, Dilma é muito tecnocrata, embora tenha abrangência nacional, enquanto Aécio Neves, que traz boa herança política de seu avô Tancredo Neves, utiliza de linguagem muito regionalizada.
- “Já Eduardo Campos, também de família tradicional política do Nordeste, precisa demonstrar em seus argumentos que está comprometido com todo o País”, acrescenta.
Por conta da falta de identidade do eleitor com o atual discurso político, Schotten acredita que o público brasileiro terá dificuldades de se envolver nas eleições, exceto os declaradamente partidários, devido a pouca representatividade dos candidatos. “Nessa campanha presidencial, não teremos uma comoção nacional, como vimos nos tempos de Lula, por exemplo. O único tema com pouco mais de emoção será a Copa do Mundo”, ressalta.
Segundo ele, os argumentos estarão focados no realinhamento da economia; projetos para a melhoria da gestão pública; políticas sociais emergentes e segurança pública. “Os candidatos estarão muito atentos para tocar em pontos que os brasileiros identificam como prioritários, tais como segurança, educação, habitação e transporte, porém demonstrarão carência de projetos e argumentos para a solução”, completa Schotten.
Oratória dos candidatos:
Dilma Rosselff: muito tecnocrata, carência da linguagem e metáforas do grande público; sabe retrucar com bons contra-argumentos; precisa fazer melhor uso do corpo e voz ao falar.
Aécio Neves: fala muito rápido, no mesmo tom; falta fazer pausas para o público poder refletir sobre o que diz; faz movimentos muito repetitivos com o corpo; linguagem muito rebuscada e intelectualizada; o grande público terá dificuldade de se identificar com sua fala; embora transmita envolvimento com o que diz.
Eduardo Campos: embora com ampla visão política, carece da linguagem simples do povo; sabe argumentar, tem boa perspicácia; tem boa modulação da voz, porém usa o corpo e gestos muito repetitivos. 

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