domingo, 27 de abril de 2014

Coronel assassinado era especialista em formar infiltrados.


"A ordem era matá-lo, diz afilhado"
Revista Sociedade Militar Online
A guia de sepultamento diz que Malhães faleceu de infarto. Porém, muita gente se nega a acreditar que um homem acostumado a viver em meio à situações de grande tensão pereceria por conta do nervosismo. O próprio depoimento que prestou há poucas semanas foi uma situação tremendamente tensa, assim como o assédio que se seguiu à suas revelações, o que poderia ter agravado a stuação do já problemático coração do coronel.
O administrador Joaquim Sarmento Souza, 25, afilhado do coronel morto, relatou à Folha neste sábado (26) uma conversa que teve com a viúva do militar logo após o crime, na qual ela afirmou que os criminosos citaram ter ordens para "matar ele". 'Ainda não matou ele? Tá demorando muito. Ouviu-se pelo rádio. Perguntavam se o meu padrinho não lembrava da família que ele matou em Caxias e ele respondia que não", disse Souza.
Malhães vivia praticamente recluso em sua pequena propriedade em Nova Iguaçu há quase três décadas. Recebia poucas visitas e morava apenas com a esposa. O imprensa gosta de dizer que Malhães chocou o Brasil porque disse que matou “tantas pessoas quanto foram necessárias” durante a ditadura, tentando transmitir a impressão de que era uma pessoa cruel. O militar chegou a se candidatar a vereador em 2000, recebeu 1.432 votos e ficou como suplente, sua candidatura foi pelo PDT.
Com dificuldades de se locomover devido a uma queda durante uma reforma da casa, o militar passava os dias sentado nas cadeiras da varanda. A relação com a família não parecia muito próxima. Ele tinha cinco filhos e estava no sexto casamento. Foi colocado na reserva em 1985, logo após o fim da ditadura.
Jornais cariocas dizem que Malhães guardava uma imensa mágoa do Exército, por quem dizia ter sido abandonado. Um dos maiores orgulhos do coronel Malhães era o que dizia ser a sua especialidade: formar infiltrados. “Eu adorava meu trabalho”, costumava dizer.
Malhães era extremamente bem sucedido em fazer os presos "mudar de lado" e se tornar informantes infiltrados.
"Para virar alguém, tinha que destruir convicções sobre comunismo. Em geral no papo, quase todos os meus viraram. Claro que a gente dava sustos, e o susto era sempre a morte. A casa de Petrópolis era para isso. Uma casa de conveniência, como a gente chamava."
Justamente essa especialidade, formar infiltrados, é que traz a desconfiança de que a morte do coronel foi mais do que uma infeliz fatalidade.
Quem são os "infiltrados, os X9, os alcaguetes? Quem são aqueles que, arrependidos e descobrindo a verdade sobre o comunismo, resolveram combatê-lo destruindo as organizações de dentro pra fora? Isso é um tabú até hoje, e pode gerar muita celeuma, e até mortes, caso alguém ouse citar nomes.
A revelação de que foi um agente duplo pode derrubar a reputação de algumas pessoas, hoje vistas como heróis, que ocupam altos cargos na administração pública. Indenizações e “bolsas” ditadura podem ser colocadas em cheque. Computadores foram furtados na residência de Manhães, onde poderia haver informações importantes registradas. fica a pergunta: Manhães poderia ter mantido nesses computadores uma lista com os nomes dos "infiltrados" que treinou, e que ajudaram a derrotar a esquerda nos anos 70?
Até hoje o “cabo” Anselmo não conseguiu sua aposentadoria, e muito menos indenizações, justamente por sua dupla condição. Trabalhou como agente da repressão infiltrado em meio à terroristas que lutavam para implantar o comunismo no Brasil.
Já para Vera Paiva, filha do desaparecido Rubens Paiva, o motivo da morte foi "queima de arquivo", encomendada por pessoas que atuaram na repressão, com medo de serem delatados pelo coronel Malhães.  “Quem o matou não quer que a memória e a verdade venham à tona”, disse.

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