sábado, 1 de março de 2014

No Pará, ribeirinhos fazem a folia no ‘Carnaval das Águas’


Blocos carnavalescos de Cametá levam alegria pelos rios da Amazônia.
Tradição centenária de blocos mantém viva a cultura momesca no estado.

Do G1 PA

No 'Carnaval das Águas', barcos são verdadeiros carros alegóricos para os ribeirinhos da Amazônia.  (Foto: Reprodução/TV Liberal)No 'Carnaval das Águas', barcos são verdadeiros carros alegóricos para os ribeirinhos da Amazônia. (Foto: Reprodução/TV Liberal)
Quando o assunto é Carnaval, a criatividade do brasileiro para festejar a folia de Momo não tem limites, e nos rios do Pará, na ausência de uma passarela do samba no cenário natural erguido sobre palafitas não desanima os milhares de ribeirinhos paraenses. Conhecido como o “Carnaval das Águas”, o espetáculo nos rios da Amazônia é uma tradição centenária que surgiu em Cametá, no nordeste do Pará, e encanta os ribeirinhos até hoje.
Saindo de Belém, navegando pelas águas do rio Tocantins, são necessárias três horas para chegar à comunidade Tem Tem. É na sala de uma pequena casa, de apenas três cômodos que os brincantes se reúnem para fabricar as fantasias do "Cordão da Última Hora". O bloco, que acumula  68 anos de folia, mantém a tradição do carnaval de geração à geração.
Outro grupo muito respeitado no município é o "Majestade da Folia". A brincadeira já começa no trapiche de madeira, onde eles recebem os visitantes ao som de uma mistura entre o samba e o carimbó.
Brincantes do 'Majestade da Folia' recepcionam visitantes no trapiche da cidade. (Foto: Reprodução/TV Liberal)Brincantes do 'Majestade da Folia' recepcionam
visitantes no trapiche da cidade.
(Foto: Reprodução/TV Liberal)
"A gente teve a ideia de formar um novo bloco para que pudesse incentivar a cultura do nosso município. São amigos, filhos, irmãos, somos todos parentes, somos todos uma só família, a família Majestade da Folia", conta Reginaldo Moraes, organizador do bloco.
Em outra parte do rio, a folia começa em um lugar inusitado: em cima das embarcações que cruzam o rio. Se na vastidão amazônica, o rio é a rua, o barco faz as vezes de carro alegórico. Não há locais fixos para as apresentações, e onde houver um trapiche, os barcos aportam para levar a alegria do Carnaval. Uma das paradas foi o centro comunitário da ilha do Mutuacá.
O "Carnaval das Águas" começou há 140 anos nas comunidades ribeirinhas de Cametá. O grupo pioneiro foi o dos "Linguarudos", da ilha de Sant'ana. Atualmente, é composto por cerca de 50 pessoas, a maioria da mesma família.

"Esse cordão, quando foi fundado, o nome dele era 'Falador' porque tinha uma senhora que falava muito de nós, e aí o nosso compositor veio e colocou 'Linguarudo', explica Raimundo Zacarias, do alto de seu mais de meio século de carnaval.

"O Linguarudo é uma mistura de teatro porque tem as sátiras, tem as músicas... Conforme os acontecimentos vão surgindo, as sátiras vão sendo criadas", explica outro membro sobre a composição das marchinhas que alegram as apresentações do grupo.

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