Depois de reclamar do
rebaixamento da nota do Brasil por uma agência de classificação de risco, o
governo divulgou um buraco nas contas do Tesouro Nacional em fevereiro. No mês passado, os gastos
federais com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimentos
superaram em R$ 3,1 bilhões as receitas.
Isso significa que, em vez de
poupar para o abatimento de sua dívida, o Tesouro Nacional precisou tomar dinheiro
emprestado para bancar suas despesas cotidianas e as obras públicas. É o que se chama, em economês, de
deficit primário. O resultado contrasta com a promessa, feita para convencer os
investidores de que não haverá descontrole das contas neste ano eleitoral, de
poupar -fazer um superavit primário- de R$ 80,8 bilhões até dezembro.
Na segunda-feira, a agência
Standard & Poor’s reduziu a nota da dívida pública brasileira de BBB para
BBB-. Em caso de nova queda, emprestar ao governo deixa de ser considerado um
investimento seguro. Em nota, o Ministério da Fazenda
chamou a decisão de “inconsistente” e afirmou que “o país tem gerado um dos
maiores superavits primários do mundo nos últimos 15 anos”. Verdadeira para o longo período
mencionado, a afirmação omite a queda aguda do superavit de 2012 para cá.
O Tesouro encerrou o primeiro
bimestre com superavit de R$ 9,9 bilhões, bem abaixo dos R$ 19,7 bilhões do
período correspondente de 2013 -ano encerrado com o menor superavit em 15 anos. Os números apontam que o governo
Dilma Rousseff mantém os gastos em alta e se apoia em previsões perigosamente
otimistas para a arrecadação de impostos. Nos dois primeiros meses do ano,
as despesas cresceram 15,5% e somaram R$ 158,5 bilhões, enquanto as receitas,
de R$ 168,3 bilhões, subiram apenas 7,3%.
Os tributos sobre os lucros das
empresas, casos do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido) decepcionaram. Os resultados só não foram piores
porque o Tesouro extraiu R$ 2,9 bilhões dos lucros das estatais para engordar
seu caixa. Manobras do gênero foram citadas pela agência de risco ao explicar a
decisão de rebaixar a nota brasileira. (Folha Poder)
BLOG DO CORONEL
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