segunda-feira, 31 de março de 2014

Comissão da Verdade lembra vítimas da ditadura militar em Pernambuco


Foram visitados túmulos de Miguel Arraes, Dom Hélder e Padre Henrique
Família de Miguel Arraes recebeu dossiê com documentos sobre político.

Katherine Coutinho Do G1 PE

Flores são colocadas no túmulo do ex-governador Miguel Arraes. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Flores são colocadas no túmulo do ex-governador Miguel Arraes. (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Personalidades que se engajaram na luta pela democracia em Pernambuco durante o período da ditadura militar foram lembradas, nesta segunda-feira (31), em ato promovido pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara. Foram visitados os túmulos do ex-governador Miguel Arraes, no Cemitério de Santo Amaro, no Recife, e de Dom Hélder Câmara e Padre Henrique, na Igreja da Sé, em Olinda.
Durante a visita ao túmulo de Arraes, a família recebeu um dossiê da Comissão da Verdade, com documentos garimpados nos arquivos públicos do estado e também nacional sobre o ex-governador. São fichas policiais e documentos de inquéritos, que acompanharam a vida do político desde os anos de 1950 em investigações internas.
(ESPECIAL "50 ANOS DO GOLPE MILITAR": a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, desencadeou uma série de fatos que culminaram em um golpe de estado em 31 de março de 1964. O sucessor, João Goulart, foi deposto pelos militares com apoio de setores da sociedade, que temiam que ele desse um golpe de esquerda, coisa que seus partidários negam até hoje. O ambiente político se radicalizou, porque Jango prometia fazer as chamadas reformas de base na "lei ou na marra", com ajuda de sindicatos e de membros das Forças Armadas. Os militares prometiam entregar logo o poder aos civis, mas o país viveu uma ditadura que durou 21 anos, terminando em 1985. Saiba mais.)
O coordenador da comissão, Fernando Coelho, destaca que momentos como esse são essenciais para evitar que regimes ditatoriais se repitam no país. “Ao mesmo tempo que homenageamos pessoas que estiveram à frente e se destacaram na resistência democrática do povo brasileiro, demonstramos mais uma vez o nosso repúdio a um golpe que dissolveu a democracia nesse país e o manteve por mais de 20 anos sob o tacão de uma ditadura”, afirma o coordenador.
Túmulo de Dom Hélder e Padre Herinque também foram visitados (Foto: Katherine Coutinho/G1)Túmulo de Dom Hélder e Padre Henrique também foram
visitados (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Coelho lembra também que o trabalho das comissões, tanto em Pernambuco quanto em outros estados e também a Comissão Nacional, auxiliam nesse trabalho de memória. “Conseguimos furar a censura que durante toda a ditadura impedia que a sociedade soubesse dos fatos que ocorriam aqui no país. Nesse tempo de trabalho da comissão, conseguiu-se demonstrar que aquela verdade que era oficialmente divulgada pela ditadura não era verdadeira”, ressalta.
Foram colocadas flores nos três túmulos. Na Igreja da Sé, o vigário-geral, padre Lino Duarte, pediu a todos fizessem uma prece para completar o momento de homenagem. O vigário-geral lembrou da importância de Dom Hélder Câmara e padre Henrique na luta pela democracia, além da defesa dos pobres e indefesos.
“Eles tiveram uma atuação importante, que ajudou o país a voltar a normalidade, pelo menos à democracia. Dom Hélder lutou também pela Igreja mais aberta e sua opção de ficar realmente ao lado dos fracos e indefesos. Isso tudo causou turbulências e problemas sérios. Uma das consequências disso foi a morte de Padre Henrique. Acho que isso [hoje] é um ato de justiça a tudo que se fez”, define o padre.

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