Centenas
de moradores são coagidos a fazer cadastro na Funai (Fundação Nacional
de Índios) como se fossem índios para engrossar invasões de terra no sul
da Bahia. A região vive um conflito permanente por causa da expulsão de
agricultores dessas propriedades. O Jornal da Band revelou, com exclusividade, como funciona a fraude que criou uma tribo de falsos indígenas.
Apesar de a
constituição proibir a ampliação de áreas indígenas desde 1988, a Funai
faz vista grossa e há quatro anos demarcou uma área de quase 50 mil
hectares que abrange três municípios.A área pretendida pela Funai fica
numa região conhecida como Costa do Cacau e do Dendê. São terras
ocupadas tradicionalmente há séculos por mestiços, descendentes de
índios, brancos e negros que povoaram o Brasil desde os tempos do
descobrimento. Enquanto o Ministério da Justiça não dá a palavra final,
mais de 100 propriedades já foram invadidas por grupos armados liderados
por caciques que se dizem índios Tupinambá. Mesmo quem tem mandados de
reintegração de posse é obrigado a aguardar o efetivo da polícia que é
escasso na região. Os conflitos aumentaram desde que uma base da Polícia
Federal foi atacada no início do ano. Os índios são apontados como
autores dos disparos. No início do mês, um agricultor foi morto a tiros e
teve a orelha cortada. Quatro suspeitos são procurados, mas até agora
ninguém foi preso.Para aumentar o exército de invasores, os caciques
fora da lei forjam cadastros de não índios. E em bairros da periferia de
Ilhéus a lista já passa de oito mil.Depois que o escândalo dos
registros falsos veio à tona, mais de 300 pessoas procuraram
voluntariamente a Funai para se descadastrar. Procurada, a Funai disse
que não tutela índios e que não vai comentar a denúncia. O juiz e a
procuradora responsáveis pela investigação e pelo julgamento do
assassinato do líder dos produtores de cacau reclamam da ausência do
estado na região.UOL
MACUCO NEWS
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