segunda-feira, 3 de março de 2014

Agricultoras de Maragogi produzem artesanato com fibra da bananeira


Mulheres de Fibra montaram associação para comercializar artesanato.
Grupo encontrou na atividade motivação para gerar renda e mudar de vida.

Waldson Costa Do G1 AL

Conhecidas como "Mulheres de Fibra", devido a matéria-prima que usam para fabricação de peças de artesanato e a capacidade empreendedora, 12 agricultoras que vivem nos assentamentos agrários de Água Fria e Massangana, na zona rural de Maragogi, estão ganhando mercado e gerando renda com a produção de peças artesanais fabricadas com a fibra da bananeira.
Artesã traça fibra de bananeira durante produção de peça em filé (Foto: Jonathan Lins/G1)Artesã traça fibra de bananeira durante produção de peça em filé (Foto: Jonathan Lins/G1)
A técnica que reutiliza o tronco da bananeira, que seria descartada no campo após período de maturação da planta, mudou a vida das agricultoras associadas, que trabalhando em grupo, produzem objetos utilitários – a exemplo de passadeiras, jogos americanos e porta copos – e de decoração – bolsas e carteiras –, que são comercializados em feiras de diversos estados do Brasil.
Segundo a presidente da associação 'Mulheres de Fibra', Amara Lúcia Oliveira, 43, com o trabalho artesanal sendo realizado desde 2008, ao longo dos anos as peças foram ganhando outros formatos estéticos e tratamento adequado para garantir beleza e a durabilidade, principalmente depois de consultoras do Sebrae.

“Em 2008 recebemos o curso para tratamento da fibra da bananeira e produção do artesanato. Nesta época, cada mulher trabalhava sozinha, dando acabamento diferentes nas peças, e acabavam encontrando dificuldades na hora de vender o que estava pronto. Foi desta necessidade de repassar os produtos que surgiu a associação. Agora, cada mulher continua produzindo suas peças com acabamento padronizado e ganha pelo que produz. No entanto, o grande diferencial está na venda coletiva. Nos juntamos para participar de feiras de exposição diminuindo gastos. Assim, viajam duas ou três mulheres que levam e vendem os produtos de todas que integram a associação”, conta Amara Lúcia.
Peças feitas em filé de bananeira grante renda para agricultora artesãs (Foto: Jonathan Lins/G1)Peças feitas em filé de bananeira grante renda para agricultora artesãs (Foto: Jonathan Lins/G1)
Com custos de produção e trabalho compartilhados, aliado a uma melhor organização nas vendas, a vida das Mulheres de Fibra mudou, fazendo com que muitas ganhassem independência financeira ao trocar o trabalho no campo pela atividade artesanal. “A diferença ao comparar os dois trabalhos – agricultura e artesanato – são grandes. Continuo agricultora e ainda ajudo meu esposo no campo. Só que agora com menor frequência porque o artesanato é melhor para trabalhar e também lucrativo. É uma nova renda familiar que nós mulheres não tínhamos antes. E isso nos trouxe independência financeira e uma nova motivação”, diz Eliene Bernado, 23.
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Casa Mulheres (Foto: Jonathan Lins/G1)Casa amarela expõe no assentamento Água Fria a
produção das  Mulheres (Foto: Jonathan Lins/G1)
Com o trabalho organizado na coletividade o grupo ganhou nos últimos meses sede própria. Uma antiga casa de taipa, que fica na entrada do assentamento Água Fria, e que foi pintada de verde e amarelo chamando atenção de quem chega na agrovila, é o ponto de encontro das agricultoras artesãs.

“Na casa guardamos a matéria-prima, as peças prontas e nos reunimos para trabalhar e decidir sobre as diversas questões que envolvem a associação. Quem vem no assentamento acaba nos visitando e conhecendo um pouco mais do nosso trabalho” relata a artesã Judite Maria Conceição, 57, que como as demais mulheres deixou o trabalho do campo pela produção artesanal diante da rentabilidade financeira.

Comércio
Os produtos das "Mulheres de Fibra" são comercializados na Vitrine do Artesão, loja que fica na orla de Maragogi, na Cooperativa dos Agricultores (Coopeagro), que fica na AL-101 Norte, em Maragogi, em feiras de exposições e na própria comunidade, local que é ponto de partida de um dos roteiros oficiais da Copa do Mundo no Brasil, a Trilha do Visgueiro. O grupo recebe visitas que podem ser agendadas pelo telefone (82) 9308-1870.

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