sábado, 1 de fevereiro de 2014

Buenos Aires oferece arte, música e dança de graça a seus visitantes


G1 preparou roteiro de opções grátis ou muito baratas na cidade.
Lista inclui espetáculo no Teatro Colón e obras de Van Gogh e Picasso.

Eduardo Szklarz Especial para o G1, de Buenos Aires

Teatro Colón organiza concertos gratuitos (Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)Teatro Colón organiza concertos gratuitos (Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)
Assistir a um concerto numa das mais renomadas salas de espetáculo do mundo, dançar tango na casa onde viveu Carlos Gardel ou apreciar obras de Van Gogh, Picasso e Monet são algumas das atrações gratuitas que a capital argentina oferece a seus visitantes.
O G1 preparou um roteiro de atividades grátis ou muito baratas para quem quer vivenciar a essência de Buenos Aires sem gastar muito. Confira abaixo:
Teatro Colón
Teatro Colón organiza concertos gratuitos (Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)Vista interna do Teatro Colón (Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)
Construído em 1908, o Teatro Colón é o templo da música clássica em Buenos Aires e oferece concertos de graça quase todo mês. O salão principal, com forma de ferradura, tem capacidade para 2.478 lugares e possui uma das acústicas mais perfeitas do mundo. A beleza da arquitetura também é páreo para ícones como o Scala de Milão ou o Royal Opera House de Londres. O fosso da orquestra tem capacidade para 120 músicos.
Mesmo que não seja para ver um espetáculo, entrar nesse lugar lendário já vale o passeio.
O edifício principal e os anexos ocupam uma superfície de 58 mil m² divididos em 7 andares, a maior parte deles no subsolo. É lá que funcionam as oficinas de adereços, calçados, alfaiataria, escultura e maquiagem. Para ter acesso a esses lugares, é preciso agendar uma visita guiada.
Teatro Colón
Endereço: Calle Tucumán, 1.171; telefone: (+54)11-4378-7109. Os ingressos podem ser retirados 48h antes de cada espetáculo, das 10h às 20h, na bilheteria do teatro. As entradas são entregues até completar a capacidade da sala.

Manzana de las Luces
Neste quarteirão ("manzana", em espanhol) do bairro de Montserrat, o turista encontra a maior concentração de edifícios históricos por metro quadrado de Buenos Aires. O primeiro museu, a primeira universidade, o primeiro cartório e a primeira Assembleia Legislativa, além do Arquivo Geral. Tudo construído nos séculos 17 e 18.
Os grandes símbolos da época jesuíta (eles fundaram o local, em 1661) são a igreja e o Colégio de San Ignácio – hoje chamado de Colégio Nacional de Buenos Aires. Toda segunda, às 19h, há uma sessão de cinema gratuita na Manzana, com filmes do mundo inteiro e de todos os gêneros. Visitas guiadas, oficinas de arte, exposições e espetáculos de música são pagos à parte -- os preços variam de R$ 15 a R$ 50.
Outra atração da Manzana de Las Luces são os túneis subterrâneos que podem ser observados ali. Até hoje, não se sabe quem os construiu nem por qual motivo. A hipótese mais aceita é que formavam uma rede que conectava igrejas, edifícios públicos e o forte da cidade. Os túneis teriam sido usados para proteger os moradores de ataques de piratas e corsários, ou para esconder mercadoria contrabandeada.
Certo é que a estrutura subterrânea foi abalada pelo impacto dos ônibus, do metrô e das obras mais modernas. “Por isso, quem visita a Manzana pode avistar uma parte dos túneis, mas não percorrê-los”, explica Alejandra Cersósimo, pesquisadora da Comissão Nacional da Manzana de las Luces, que faz parte da Secretaria de Cultura da Argentina.
Manzana de las Luces
Quarteirão formado pelas ruas Bolívar, Moreno, Peru e Alsina; telefone: (+54)11-4343-3260; site: www.manzanadelasluces.gov.ar.
* Para o cinema grátis de 2ª feira às 19h, a entrada é pela Rua Peru, 272.
Cemitério da Recoleta
Uma mulher coloca uma foto de um parente desaparecido no túmulo do ex-primeira-dama Eva Perón, para comemorar o 60 º aniversário de sua morte no cemitério da Recoleta, em Buenos Aires. (Foto: Marcos Brindicci/Reuters)Uma mulher coloca uma foto de um parente desaparecido no túmulo do ex-primeira-dama Eva Perón no cemitério da Recoleta, em Buenos Aires. (Foto: Marcos Brindicci/Reuters)
O Cemitério da Recoleta é uma "minicidade" gótica no bairro mais elegante de Buenos Aires. O local abriga túmulos de gente importante, como o escritor Adolfo Bioy Casares e o ex-presidente Bartolomé Mitre. A maior atração é a cripta da família Duarte, onde está sepultada a ex-primeira dama María Eva Duarte de Perón – a mulher mais amada e odiada do país. “A tumba de Evita é muito simples: tem arquitetura clássica e fachada revestida em mármore. As pessoas se surpreendem porque esperam ver algo monumental”, diz o guia turístico Luis Leoz, especializado no cemitério.
Outra tumba famosa é a de Rufina Cambacéres, uma garota que morreu no dia em que fez 19 anos. Há diversas histórias sobre ela, inclusive que teria sido enterrada viva. O cemitério impressiona pelas obras imponentes e os cerca de 2.400 vitrais.
E, além disso, guarda muitas curiosidades: um túmulo familiar, por exemplo, possui esculturas de um homem e uma mulher que estão de costas um para o outro. “O casal se dava mal durante a vida e manteve o rancor até mesmo após a morte”, explica o guia.
Também curioso é o túmulo de um empresário obcecado com a ideia de que seria sepultado vivo. Ele mandou construir um ataúde especial, com um dispositivo que permitia abri-lo por dentro e um botão que faria soar um alarme em caso de emergência.
Cemitério da Recoleta
Endereço: Junín, 1.760, Recoleta. Grátis
* Aberto todos os dias, das 7h às 17h45.
Plaza Dorrego
Rua de San Telmo num domingo (Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)Rua de San Telmo num domingo
(Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)
San Telmo é o bairro mais boêmio de Buenos Aires, e a Plaza Dorrego é o símbolo do bairro. Foi nessa praça, em 1816, que os moradores da cidade festejaram a declaração de independência. Em 1978, ela foi tombada como Monumento Histórico Nacional.
O ideal é conhecê-la no domingo de manhã, quando se enche de visitantes e artistas dançando tango nas ruas.
O passeio começa com uma enorme feira de antiguidades, que abrange a praça e as galerias vizinhas. Lá é possível encontrar de tudo: vitrolas, discos de vinil, talheres de prata, joias, tigelas de porcelana, caireles (peças de cristal das luminárias) e sifões usados para gaseificar bebidas. Ao longo da Rua Defensa, o público é surpreendido por shows de artistas de rua e uma orquestra de tango que se apresenta ao ar livre – com direito a piano, violino, bandoneón (a "sanfona" do tango) e contrabaixo.
A poucos metros dali, na Rua San Lorenzo, 380, fica a casa mais estreita da cidade. Conhecida como “Casa Mínima”, ela tem apenas 2,5 metros de frente. Foi construída no início do século 19 e hoje está abandonada. Ninguém sabe ao certo quem foi seu dono. Os vizinhos contam que nela vivia um escravo liberto. Mas desconfie: essa é provavelmente uma das tantas lendas que fazem de San Telmo um lugar único.
Plaza Dorrego
Esquina das ruas Humberto 1° e Defensa, San Telmo.
Buenos Aires de bike
Bicicletada teatral (Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)Bicicletada teatral é opção divertida para circular
pela cidade e participar de montagem itinerante
(Foto: Prefeitura de Buenos Aires/Divulgação)
Nem táxi, nem metrô. Para conhecer a capital argentina, uma ótima opção é sair pedalando por aí. A Prefeitura lançou um programa para fomentar o uso da bicicleta como meio de transporte rápido, ecológico e saudável. Quase 100 km de ciclovias estão sendo construídos em diversos bairros.
Para usar bicicletas de graça, basta ir até uma das 24 estações disponíveis e se registrar com cédula de identidade ou passaporte, além de um certificado de domicílio (turistas informam o hotel onde estão hospedados).
Com o registro, ganha-se uma senha para retirar uma bicicleta e usá-la durante uma hora, para então devolvê-la na estação mais próxima. Boa pedida é retirar uma bicicleta na estação da Universidade Católica (UCA), em Puerto Madero, e pedalar pela avenida Costanera Sur – situada na beira do Rio da Prata. Pela Costanera, se tem acesso à maior reserva natural da cidade.
A Prefeitura também oferece bicicletadas teatrais, uma maneira divertida de passear por Buenos Aires e, de quebra, participar de espetáculos baseados em clássicos da literatura. Os circuitos geralmente são feitos aos sábados, domingos e feriados e partem às 14h do Museu do Humor (Avenida de los Italianos, 851, Puerto Madero). Mas é preciso se inscrever antes no site www.bue.gob.ar. Como as bicicletadas duram cerca de 2 horas e cada um precisa levar sua bicicleta, o mais recomendável é alugar uma. Diversas empresas oferecem o serviço, no valor médio de 20 pesos (R$ 10) por hora.
Programa Bicicletas de Buenos Aires
Site: http://mejorenbici.buenosaires.gob.ar.
* Ver mapa com as estações no site. O serviço é gratuito e funciona de segunda a sexta, das 8h às 20h, e sábados, das 9h às 15h. Não abre nos feriados.

Museu Casa Carlos Gardel (Foto: Divulgação/Museos de Buenos Aires)Museu Casa Carlos Gardel
(Foto: Divulgação/Museos de Buenos Aires)
Museu Casa Carlos Gardel
Para quem se interessa por tango, mas quer fugir dos shows para turistas, uma boa dica é fazer uma aula grátis na casa onde Carlos Gardel morou. Situada no bairro Abasto, a residência foi recuperada e transformada em museu para refletir exatamente como era nos anos 1930. “Bailar um tango na casa de Gardel é como tocar no piano de Chopin”, diz Horacio Torres, diretor do museu.
As aulas duram duas horas e meia e são divididas em dois níveis: quarta-feira para os principiantes, sexta-feira para os avançados.
“Chegamos a contar com 50 pessoas por aula e vamos precisar limitar a quantidade para preservar a estrutura do prédio”, diz Torres. O quarto, a cozinha, o escritório e a sala mantêm as feições originais.
As lojas das ruas vizinhas também merecem uma visita. Elas são decoradas com a típica técnica local de pintura sobre madeira: o fileteado portenho. O nome do bairro remete ao antigo mercado central que funcionou de 1883 a 1984 e abastecia Buenos Aires. Hoje transformado no Shopping Abasto, o edifício também mantém a arquitetura original.
Museu Casa Carlos Gardel
Endereço: Calle Jean Jaurés 735, Abasto; telefone: (+54)11-4964-2015; site: www.museocasacarlosgardel.buenosaires.gob.ar
* Segunda, quarta, quinta e sexta, das 11h às 18h. Sábado, domingo e feriados, das 10h às 19h.
 Entrada: 1 peso (R$ 0,50); quarta-feira, grátis. As aulas de tango grátis são toda quarta e sexta, às 18h.
Museu Nacional de Belas Artes (MNBA)
Sala do Museu Nacional de Belas Artes (Foto: MNBA/Divulgação)Sala do Museu Nacional de Belas Artes (Foto: MNBA/Divulgação)


Este museu é a oportunidade para ver mestres como Van Gogh, Picasso, Gauguin, Degas, Cézanne, Chagall, Rodin, Goya, Renoir, Monet e Manet. Todos num só lugar, e sem pagar um tostão. Inaugurado em 1895, o MNBA possui o principal patrimônio de arte do país. Suas 34 salas abrigam quase 13 mil obras, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e objetos. São tantas peças que em 1983 o acervo teve de mudar do antigo prédio (onde hoje funcionam as Galerias Pacífico, na rua Florida) para o atual casarão, na Recoleta.
O impressionismo é o carro-chefe do museu. A "Ninfa Surpresa" (1861), por exemplo, é um dos poucos nus pintados pelo francês Édouard Manet. O "Moinho da Galette", de Vincent Van Gogh (1886), integra a série com esse nome feita pelo artista holandês. Já o erotismo de "Mulher do Mar" (1892) revela a paixão do francês Paul Gauguin pelas nativas do Taiti, onde morou.
Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires
Endereço: Av. Del Libertador, 1.473; Telefone: (+54)11-5288-9945; site: www.mnba.org.ar.
* Terça a sexta, das 12h30 às 20h30. Sábado e domingo, das 9h30 às 220h30. Segunda não abre. Entrada gratuita.
Museu de Arte Latino-Americana (Malba)
'Abaporu' (1928), de Tarsila do Amaral; óleo sobre tela; coleção Malba - Fundación Costantini, Buenos Aires (Foto: Sérgio Amaral /G1)'Abaporu' (1928), de Tarsila do Amaral
(Foto: Sérgio Amaral /G1)
Aqui está o Abaporu, de Tarsila do Amaral, a obra mais famosa do modernismo brasileiro. O museu também abriga quadros de outros pesos-pesados da região, como o colombiano Fernando Botero, a mexicana Frida Khalo, o cubano Wilfredo Lam e o brasileiro Di Cavalcanti.
O acervo é privado e pertence ao argentino Eduardo F. Constantini. No total, são cerca de 500 obras estimadas em mais de US$ 50 milhões.
Além do Abaporu, o museu destaca outras três obras-primas: "Auto-retrato com Macaco e Papagaio" (1942), de Frida Kahlo; "Retrato de Ramón Gómez de la Serna" (1915), do mexicano Diego Rivera; e" Festa de São João" (1939), de Cândido Portinari. “A coleção permanente exibe as principais correntes artísticas da região ao longo do século 20”, diz o curador-chefe, Marcelo Pacheco.
De quinta a domingo, a partir das 18h, há projeção de quatro filmes diários no Cine Malba. O prédio foi projetado especialmente para o museu e possui ainda uma loja e um charmoso café.
Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires
Endereço: Av. Figueroa Alcorta, 3.415, (+54) 11-4808-6500, site: www.malba.org.ar
* Entrada: 23 pesos (R$ 11). Quarta-feira é grátis para estudantes, professores e maiores de 65 anos, mas é preciso levar documento. Para o Malba Cine, a entrada geral é 23 pesos (R$ 11); estudantes e aposentados pagam 12 pesos (R$ 6).
Museu da Cidade
Bonecas do século 19 no Museu da Cidade (Foto: Eduardo Szklarz/Especial para o G1)Bonecas do século 19 no Museu da Cidade (Foto: Eduardo Szklarz/Especial para o G1)
Outro museu? Calma, este é bem diferente: não tem grandes obras nem a seriedade dos espaços desse tipo. “Nosso foco são os usos e costumes portenhos. Falamos das pessoas comuns”, diz a funcionária do Museu da Cidade Carolina Fierro Colom. “Mostramos os objetos que as pessoas usavam e como eles foram mudando ao longo das primeiras décadas do século 20.”
Há um toque de humor em todas as partes, a começar pelo nome das exposições. A mostra “Quando os portenhos tinham outras coisas na cabeça”, por exemplo, exibe os chapéus e lenços que os habitantes da cidade usavam nos anos 20 e 30. Eles viajavam à cidade costeira de Mar del Plata com seus chapelões de feltro e palha. No hipódromo, as senhoras da alta sociedade usavam abas largas com gigantescos alfinetes “que poderiam servir muito bem como armas de defesa”, diz um cartaz.
O museu também expõe as toucas e gorros dos bebês, além de bonecas e brinquedos que fizeram sucesso no passado. As luvas, que hoje quase não são vistas nas ruas da cidade, eram geralmente feitas de couro napa, lã, veludo e peles de cabrito e pecari – conhecido no Brasil como queixada ou porco-do-mato.
O museu ocupa um edifício construído em 1894 e sua ambientação é de 1910-1915. Dois aposentos foram conservados no estilo da época: uma sala de reuniões (usada para receber as visitas antes do jantar) e um quarto infantil (cujo berço, feito em madeira, tem o formato das costelas de um peixe grande).
Museu da Cidade de Buenos Aires
Endereço: Defensa, 219, Montserrat; telefone: (+54)11-4331-9855; site: http://museos.buenosaires.gob.ar/ciudad.htm).
* Segunda a sexta, de 11h às 19h; sábado, domingo e feriado, de 10h às 20h. Entrada: 1 peso (R$ 0,50); segunda e quarta, grátis.
Passeios guiados
Caminito de La Boca, em Buenos Aires, Argentina (Foto: Sitio oficial de turismo. Gobierno de la Ciudad de Buenos Aires www.bue.gob.ar)Caminito de La Boca, em Buenos Aires
(Foto: Sitio oficial de turismo. Gobierno de la Ciudad
de Buenos Aires www.bue.gob.ar)
Quem é adepto do turismo no estilo “faça você mesmo” pode, em vez de contratar um guia, baixar da internet as explicações, os mapas e o áudio sobre 12 circuitos da cidade – entre eles La Boca, San Nicolás e Retiro. Depois é só ir ao local de início do circuito e fazer o trajeto escutando o áudio em seu aparelho (iPod ou qualquer um que toque MP3).
Para baixar os roteiros é só acessar o site da Prefeitura de Buenos Aires, clicar na opção Recorridos (Trajetos) e depois em Autoguiados. As explicações são em espanhol, mas, como é uma gravação, se algum detalhe escapar, é só ouvir de novo.

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