Hoje O Globo faz um
levantamento do que Dilma cumpriu e não cumpriu. A única promessa que
está dentro da meta é a distribuição de dinheiro: R$ 70 mensais para
quem não tem esgoto, educação, saúde... Com este valor, Dilma considera
que tirou 22 milhões da miséria. Veja abaixo um resumo da matéria.
As reformas política e tributária foram abandonadas, o
crescimento econômico médio deve ser o mais baixo desde a gestão de Fernando
Collor de Mello, e não há sinais de que serão cumpridas as metas de expansão de
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), Unidades Básicas de Saúde (UBS), creches
e quadras esportivas cobertas.
Com um crescimento de 2,7% em 2011, 1% em 2012, provavelmente
2,3% em 2013 e uma perspectiva de fechar 2014 em 2%, Dilma tende a concluir seu
mandato como a presidente com um crescimento médio de 2%, pior do que o
registrado, por exemplo, no segundo mandato do presidente Fernando Henrique
Cardoso (2,14%), quando o mundo enfrentou quatro crises globais seguidas.
Muitas promessas-chave de sua campanha eleitoral em
2010 que estão longe de serem cumpridas e atingem em cheio duas áreas críticas:
Educação e Saúde. É o caso, por exemplo, das creches e quadras esportivas
cobertas. O documento de campanha de Dilma dizia explicitamente: “o governo
federal assumirá a responsabilidade da criação de 6 mil creches e pré-escolas e
de 10 mil quadras esportivas cobertas”. No entanto, segundo o Ministério da
Educação, passados três anos de governo foram entregues 1.267 creches — um
quinto do prometido. Já o projeto das quadras cobertas foi abandonado. Até
agora o governo só concluiu a cobertura de 44 quadras, menos de 0,5% do
prometido.
Na Saúde, o problema é parecido. A presidente havia
garantido que construiria 500 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e oito mil
Unidades Básicas de Saúde (UBS). O governo diz ter entregue nesses três anos
173 UPAs, sendo que em 2013 o ritmo foi lento, com apenas 29 unidades entrando
em funcionamento. Para cumprir sua meta, a presidente terá de fazer em 2014 11
vezes mais unidades que no ano passado. Nas UBS a situação é ainda mais grave.
O governo dizia em 2012 haver no país 42.675 unidades deste tipo, mas um censo
realizado pelo ministério em 2013 mostrou que o número era de 39.800 unidades,
e o governo se nega a dizer quantas novas unidades de fato foram inauguradas
sob a gestão Dilma.
Há também as áreas onde o governo alardeia investimentos,
mas pouca coisa sai do papel. É o caso do programa de combate ao crack e das
obras de mobilidade urbana. Apesar da criação do programa “Crack, é possível
vencer”, o número de unidades de acolhimento e leitos em enfermarias
especializadas ainda é reduzido. Quando o plano foi criado, a meta era
construir 574 unidades de acolhimento, com 15 vagas cada, onde os usuários
poderiam passar até seis meses se tratando. Até o momento, apenas 60 unidades
saíram do papel. No caso dos leitos em enfermarias especializadas, onde eles
são acolhidos nas crises e ficam até sete dias, a meta era abrir 3.508 vagas,
mas só há 697 em funcionamento.
Cenário semelhante ocorre na área de mobilidade urbana. A
seis meses da Copa do Mundo, segundo o Portal da Transparência do governo
federal, foram executados apenas R$ 2,5 bilhões dos R$ 7,9 bilhões previstos
para 45 obras de mobilidade ligadas ao evento. Há no PAC outros 206
empreendimentos de mobilidade — sem ligação com o torneio — cujos investimentos
totais eram estimados em R$ 93 bilhões, mas até agora foram gastos R$ 2,6
bilhões. Apesar desses valores, Dilma alardeou após os protestos de junho que
daria outros R$ 50 bilhões para a área.
Foi também após os protestos de rua que a presidente lembrou
a promessa de fazer uma reforma política, envolvendo a sociedade civil. Nos
seus primeiros dois anos e meio de governo, Dilma ignorou o tema. Quando O
GLOBO fez o balanço de promessas no fim de 2012, integrantes do primeiro
escalão negavam que a presidente se envolveria com a reforma, ainda que se
tratasse do primeiro ponto das diretrizes de campanha. Consideravam um tema
sensível e que geraria cizânia na base aliada. Só em junho, em meio às
manifestações, a presidente “redescobriu” a pauta e enviou propostas ao
Congresso.
O mesmo ocorreu com a reforma tributária, que ficou só no campo das
boas intenções, com a carga tributária crescendo e sem que o modelo de cobrança
do ICMS fosse de fato solucionado. Seu governo ainda viu recrudescer outro
problema que a campanha prometeu solucionar: o analfabetismo. Após 15 anos de
quedas constantes, o IBGE captou em 2012 uma estagnação na queda da taxa de
analfabetismo, que hoje atinge 8,7% da população. O sonho de erradicá-lo ficou
para depois.
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