Após questionamentos no Ministério Público Federal, a oposição ingressou
nesta terça-feira (28) com uma representação contra a presidente Dilma
Rousseff na Comissão de Ética Pública da Presidência para analisar se
ela infringiu o Código de Conduta da Alta Administração Federal em sua escala em Portugal, no sábado (25).
Na ação, o PSDB alega que a presidente feriu a determinação de condutas
éticas para as altas autoridades ao realizar a parada em Lisboa se
hospedando em hotel de luxo sem compromissos oficiais e sem divulgar a
agenda.
Dilma fez uma escala em Portugal quando voltada da viagem à Suíça, onde
participou do Fórum Econômico Mundial, em Davos, antes de chegar a Cuba
no domingo. Dilma jantou no Eleven, um dos três únicos restaurantes da
cidade a ter uma estrela no guia "Michelin", e ficou hospedada no Ritz
Four Seasons, um dos mais luxuosos da capital.
A presidente ficou cerca de 15 horas em Portugal. Uma parte da equipe
ficou no mesmo hotel que ela. Outra, no Tívoli. No Ritz, o valor das
diárias vai de € 360 (R$ 1.188) para o quarto comum a € 8.265 (cerca de
R$ 27 mil) para a suíte presidencial. O Planalto só foi confirmar a
presença da presidente após informações circularem pela imprensa.
Segundo o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), há ainda
indicações de que a parada estava programada desde quinta-feira passada e
o argumento de parada técnica
não se justifica pela autonomia do avião presidencial. O tucano
argumentou quer a FAB (Força Aérea Brasileira) indicou que o avião
presidencial, o Airbus A319, tem autonomia de voo de aproximadamente 11
mil quilômetros e a distância entre Zurique e Havana é de 8.199
quilômetros.
O chef Joachim Koerper, do restaurante Eleven, disse nesta terça-feira (28) à Folha que recebeu funcionários da Embaixada do Brasil
em Lisboa para uma "vistoria" na véspera da visita da presidente Dilma
Rousseff e de membros da sua comitiva ao local. Isso contraria a versão apresentada
ontem pelo ministro Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores) para a
passagem da delegação brasileira pela capital portuguesa, fato que
havia sido omitido da agenda presidencial.
Sampaio disse ainda que o governo tentou esconder os reais motivos da
parada e levou inclusive a ministros de Estado a mentirem. "A presidente
não apenas fez, efetivamente, uma escala injustificada em Lisboa, o
que, por si só, já contraria o interesse público, mas deliberou por
transformar essa escala ociosa em uma alucinante cena de ostentação
supérflua, custeada pelo patrimônio público brasileiro", disse o líder,
lembrando que o avião presidencial conta com cama e poderia seguir
viagem após o abastecimento.
Sampaio disse que a parada técnica tem um custo de R$98 mil e que espera
o ressarcimento aos cofres públicos. "Vamos tentar reaver o dinheiro". (Folha Poder)
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