Contra a realização da Copa, grupo caminhou do Centro até a Agamenon.
No Shopping Riomar, jovens fizeram rolezinho para denunciar racismo.
No Recife, caminhada contra a Copa do Mundo reuniu cerca de 100 pessoas, no Recife (Foto: Débora Soares / G1)
Cerca de cem pessoas participam de caminhada na Avenida Agamenon Magalhães, no Recife,
na tarde deste sábado (25), em protesto contra a realização da Copa do
Mundo no Brasil. A manifestação começou no Parque Treze de Maio, onde o
grupo se concentrou fazendo faixas e cartazes, por volta das 15h. A
Polícia Militar acompanhou com 20 soldados e equipes da Patrulha do
Bairro; a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) orientou o
trânsito."Nosso principal objetivo aqui é conscientizar a população sobre o legado negativo que a Copa vai trazer. Não sou hipócrita de dizer que só trará coisas ruins, mas para a população brasileira, o lado ruim será enorme", comentou o professor Rodrigo Ramos, 24 anos, integrante da Frente Independente Popular (FIP) e um dos participantes do ato.
Caminhada passou pelo relógio que marca tempo
até a Copa do Mundo (Foto: Débora Soares / G1)
O protesto seguiu pela Rua do Hospício até chegar à Avenida Conde da
Boa Vista. Depois de uma pequena parada no cruzamento com a Rua da
Aurora, os manifestantes seguiram pelo outro sentido da avenida, em
direção ao Derby. Nos principais cruzamentos -- ruas Gervásio Pires, da
Soledade e Gonçalves Maia -- o grupo sentava no asfalto por alguns
minutos.até a Copa do Mundo (Foto: Débora Soares / G1)
Já na Agamenon Magalhães, o grupo seguiu em caminhada em direção à Zona Sul. Uma equipe em um carro da CTTU seguiu na frente dos manifestantes, para abrir a passagem. Os PMs ajudaram a parar o trânsito e a conter os motoristas. Motociclistas desceram de seus veículos e seguem a pé.
Depois de fazer uma parada no relógio que conta o quanto falta para a Copa do Mundo, no Cabanga, o grupo seguiu pelo viaduto Capitão Temudo. A negociação realizada pela PM resultou na liberação de duas faixas da avenida.
Os manifestantes seguiram para o Shopping Riomar, onde realizaram ato de 20 minutos. O protesto terminou por volta das 19h.
'Rolezinho'
No Shopping Riomar, no Pina, outro protesto aconteceu na tarde deste sábado. Um rolezinho marcado através do Facebook reuniu cerca de dez pessoas, algumas ligadas ao Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe. Na entrada principal do centro de compras, manifestantes usaram um megafone para explicar que o objetivo do ato era alertar sobre o racismo que sofre a juventude negra brasileira. O vendedor Ricardo Santos apoiou a manifestação. "Acho válido, eles falam coisas interessantes. Eu me acho negro e sinto essa discriminação também", comentou.
Rolezinho no Shopping Riomar, no Recife, foi protesto contra racismo (Foto: Luna Markman / G1)
Já do lado de dentro, o grupo continuou usando o megafone para chamar
atenção dos clientes do shopping. "O que está acontecendo é a
concentração do rolezinho, marcado pelo Face, como uma expressão dos que
estão acontecendo no país. A juventude negra da periferia quer ter
acesso ao shopping, que é para eles uma expressão de lazer e
descontração. Não queremos fazer arrastão ou roubar, queremos
desconstruir a ideia que é feita do negro. A gente quer ser respeitado,
fazer rolezinhos em teatros também e outros espaços culturais. Tudo isso
é negado para os jovens negros", disse Janaína Oliveira, uma das
manifestantes.
Jorge Gomes ficou momentaneamente retido em uma loja
e condenou postura da gerência (Foto: Luna Markman / G1)
Os jovens fizeram uma caminhada por dentro do shopping. Algumas lojas
fecharam parcialmente ou totalmente as portas, com alguns clientes
chegando a ficar dentro dos estabelecimentos por alguns minutos. O
assistente de TI Jorge Gomes foi um dos consumidores que ficaram retidos
dentro de uma loja, momentaneamente. "Fiquei constrangido pela atitude
da loja, que achei errada, pois o ato é pacífico e todo mundo sabia que
ia acontecer", disse.e condenou postura da gerência (Foto: Luna Markman / G1)
A superintendência do shopping interviu junto aos gerentes das lojas para que todas fossem reabertas, uma vez que a orientação era de que o centro de compras funcionasse normalmente. No andar térreo, os manifestantes fizeram uma ciranda e encerraram o ato, agradecendo a postura assumida pelo shopping.
Shopping orientou lojistas a abrirem as portas normalmente, mesmo com presença de manifestantes (Foto: Luna Markman / G1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário