O ministro da Saúde, Alexandre
Padilha (PT), afirmou ontem que vai cancelar o convênio da pasta com a
ONG Koinonia-Presença Ecumênica e Serviço, da qual seu pai, Anivaldo
Padilha, é sócio e fundador. A ONG promete recorrer da decisão. "Para
poupar a instituição de qualquer exploração política, eu tomei a
decisão de solicitar ao jurídico do ministério a tomar todas as medidas
legais possíveis para cancelar esse convênio", disse Padilha durante
participação em evento em São Paulo.
Ontem, a Folha revelou que,
no final de 2013, um mês antes de deixar o ministério para deflagrar a
pré-campanha ao governo de São Paulo, o ministro assinou um convênio de
R$ 199,8 mil com a Koinonia para treinamento de jovens sobre a prevenção
e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis.
A oposição afirmou que investigará a
situação da ONG e pedirá à Comissão de Ética Pública da Presidência que
avalie a conduta do ministro, que deixará a Saúde formalmente na
segunda-feira para se dedicar integralmente à campanha pelo Palácio dos
Bandeirantes. Ontem,
repetindo o que o Ministério da Saúde já dissera na véspera, Padilha
afirmou que o convênio foi firmado "dentro de todos os procedimentos
regulares", e que o pai não recebe nenhuma remuneração da ONG desde
2009, quando deixou de dirigir a instituição.
Apesar de ter saído da direção,
Anivaldo é convidado a participar de palestras e eventos em que relata
as ações da organização. Como sócio da entidade, está previsto que ele
participe das assembleias que, anualmente, definem as linhas gerais de
atuação da ONG. "É uma ONG
criada há 20 anos por fundadores como Betinho, Rubem Alves, meu pai,
dentre os associados fundadores. Ela passou por todo o procedimento
legal, foi edital público", disse o ministro.
O ministro lembrou que a Koinonia já
havia firmado outros contratos com o poder público, inclusive com
políticos do PSDB --caso de convênio firmado com o tucano José Serra na
época em que ele era ministro da saúde. Desde 1998, a ONG fez pelo menos nove convênios com diferentes ministérios que, juntos, somam cerca de R$ 1,75 milhão.
Até agora, segundo o ministro,
nenhuma parcela do dinheiro aprovado pelo ministério foi repassado à
ONG, que promete "recorrer pelos meios cabíveis" caso o cancelamento
seja confirmado. "Trata-se de um contrato assinado. No entender de Koinonia, cumprimos todos os trâmites exigidos", informou a ONG ontem.
Apesar de a Koinonia ter
representação no Rio, em Salvador e em São Paulo, o projeto que havia
sido contemplado com a verba do Ministério da Saúde seria executado
somente na capital paulista, de acordo com funcionários da própria ONG.(Folha de São Paulo)
BLOG DO CORONEL
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