sábado, 25 de janeiro de 2014

Após caminhada, protesto termina em shopping da Zona Sul do Recife


Ato durou 20 minutos, com colocação de faixa no 3º andar do shopping.
Lojas foram fechadas e escadas, desligadas. Ninguém ficou ferido.

Do G1 PE

Manifestantes anti-Copa no Shopping Riomar, no Recife (Foto: Luna Markman / G1)Manifestantes anti-Copa fizeram protesto no Shopping Riomar, neste sábado (Foto: Luna Markman / G1)
Por aproximadamente 20 minutos, os cem manifestantes que realizaram uma caminhada, neste sábado (25), no Recife, entraram no Shopping Riomar, no bairro do Pina, para demonstrar insatisfação com a realização da Copa do Mundo no Brasil. Aos gritos de "Não vai ter Copa" e "Povo revoltado, violento é o Estado", eles levaram as faixas que seguraram durante toda a passeata para o terceiro andar do centro de compras. Muitos usavam máscaras ou peças de roupa amarradas ao rosto.
Manifestantes anti-Copa no Shopping Riomar, no Recife (Foto: Luna Markman / G1)Escadas rolantes foram desligadas e muitas lojas
fecharam as portas (Foto: Luna Markman / G1)
A maioria das lojas chegou a ser fechada e as escadas rolantes foram desligadas. Alguns clientes ficaram assustados e tentaram correr, apesar dos pedidos da segurança para que não o fizessem. Outros consumidores, no entanto, apenas observaram a manifestação, registrando em fotos e vídeos através de celulares.
A assessoria de comunicação do Shopping Riomar informou que não vai divulgar o valor de possíveis danos. Os manifestantes saíram do centro de compras sem conflitos. Ninguém se feriu.
O grupo que chegou ao Riomar se concentrou mais cedo, no Parque Treze de Maio, onde  fizeram faixas e cartazes, desde as 15h. "Nosso principal objetivo aqui é conscientizar s população sobre o legado negativo que a Copa vai trazer. Não sou hipócrita de dizer que só trará coisas ruins, mas para a população brasileira, o lado ruim será enorme", comentou o professor Rodrigo Ramos, 24 anos, integrante da Frente Independente Popular (FIP) e um dos participantes do ato.
A Polícia Militar acompanhou com 20 soldados e equipes da Patrulha do Bairro; a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) orientou o trânsito.
Caminhada contra a Copa, no Recife (Foto: Débora Soares / G1)Caminhada passou pelo relógio que marca tempo
até a Copa do Mundo (Foto: Débora Soares / G1)
O protesto seguiu pela Rua do Hospício até chegar à Avenida Conde da Boa Vista. Depois de uma pequena parada no cruzamento com a Rua da Aurora, os manifestantes seguiram pelo outro sentido da avenida, em direção ao Derby. Nos principais cruzamentos -- ruas Gervásio Pires, da Soledade e Gonçalves Maia -- o grupo sentava no asfalto por alguns minutos.
Já na Agamenon Magalhães, o grupo seguiu em caminhada em direção à Zona Sul. Uma equipe em um carro da CTTU seguiu na frente dos manifestantes, para abrir a passagem. Os PMs ajudaram a parar o trânsito e a conter os motoristas. Motociclistas desceram de seus veículos e seguiram a pé.
Depois de fazer uma parada no relógio que conta o quanto falta para a Copa do Mundo, no Cabanga, o grupo seguiu pelo viaduto Capitão Temudo. A negociação realizada pela PM resultou na liberação de duas faixas da avenida.

'Rolezinho'
No começo da tarde, o Shopping Riomar já tinha recebido outro protesto. Um rolezinho marcado através do Facebook reuniu cerca de dez pessoas, algumas ligadas ao Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe. Um manifesto contra o racismo foi lido na entrada principal do centro de compras. O vendedor Ricardo Santos apoiou a manifestação. "Acho válido, eles falam coisas interessantes. Me acho negro e sinto essa discriminação também", comentou.
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Rolezinho no Shopping Riomar, no Recife (Foto: Luna Markman / G1)Rolezinho no Shopping Riomar, no Recife, foi protesto contra racismo (Foto: Luna Markman / G1)
O grupo se revezou no megafone explicando os objetivos do ato aos clientes do shopping. "O que está acontecendo é a concentração do rolezinho, marcado pelo Face, como uma expressão dos que estão acontecendo no país. A juventude negra da periferia quer ter acesso ao shopping, que é para eles uma expressão de lazer e descontração. Não queremos fazer arrastão ou roubar, queremos desconstruir a ideia que é feita do negro. A gente quer ser respeitado, fazer rolezinhos em teatros também e outros espaços culturais. Tudo isso é negado para os jovens negros", disse Janaina Oliveira, uma das manifestantes.
Rolezinho no Shopping Riomar, no Recife (Foto: Luna Markman / G1)Jorge Gomes ficou momentaneamente retido em uma loja
e condenou postura da gerência (Foto: Luna Markman / G1)
Os jovens caminharam por dentro do shopping. Algumas lojas fecharam parcialmente ou totalmente as portas, com alguns clientes chegando a ficar dentro dos estabelecimentos por alguns minutos. O assistente de TI Jorge Gomes foi um dos consumidores que ficaram retidos dentro de uma loja, momentaneamente. "Fiquei constrangido pela atitude da loja, que achei errada, pois o ato é pacífico e todo mundo é pacífico", disse.
A superintendência do shopping interviu junto aos gerentes das lojas, para que todas fossem reabertas, uma vez que a orientação era de que o centro de compras funcionasse normalmente. No andar térreo, os manifestantes fizeram uma ciranda e encerraram o ato, agradecendo a postura assumida pelo shopping.
Rolezinho no Shopping Riomar, no Recife (Foto: Luna Markman / G1)Shopping orientou lojistas a abrirem as portas normalmente, mesmo com presença de manifestantes (Foto: Luna Markman / G1)

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