sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

2 de fevereiro tem festa no mar de Salvador para a Rainha das Águas


Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
A festa de Iemanjá, na praia do Rio Vermelho
A festa de Iemanjá, na praia do Rio Vermelho

Caiala, Dandalunda, Inaê, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Oguntê, Oloxum, Princesa  de Aiocá, Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sobá, Sereia do Mar. Tantos são os nomes que se referem à Iemanjá quanto são os devotos que, no próximo 2 de fevereiro em Salvador, domingo, vão saudar com um “Odo Yá!” à orixá dos mares e das águas na Praia da Paciência, no Rio Vermelho. É o dia de vestir branco e levar flores para serem depositados nos balaios disponibilizados na Colônia de Pescadores do bairro, ou diretamente no mar, como uma forma de fazer pedidos ou agradecer por algo já realizado.
A celebração começa ainda de madrugada com uma alvorada de fogos, e prossegue até o cair da tarde, quando os barcos conduzem o presente principal – geralmente uma escultura – e os balaios repletos de presentes, para serem jogados em alto mar. Durante todo o dia, o Rio Vermelho é movimentado não apenas pelo ritual da entrega dos presentes, mas também por manifestações artísticas, dando ao 2 de fevereiro um clima de festa de largo – não à toa, a Festa de Iemanjá faz parte do tradicional calendário de festas populares da cidade.
A origem da festa remete ao ano de 1923 quando, diante da escassez de peixes no local, um grupo de pescadores resolveu oferecer presentes para Iemanjá. De acordo com o relato popular, os peixes voltaram e, desde então, os pescadores pedem à rainha do mar que lhes dê fartura de pescado e um mar tranquilo. Curiosamente, os festejos eram realizados em conjunto com a Igreja Católica até a década de 1960, quando os religiosos começaram a considerar que a festa era pagã. Atualmente, a data é celebrada por devotos do candomblé e da umbanda, em sua maioria.
Curiosidades - Uma das superstições sobre a Festa de Iemanjá remete sobre os presentes dados à orixá. Caso não afundem, é porque foram aceitos pela divindade. Mas, se a oferenda aparecer na superfície da água ou na areia, significa que Iemanjá não gostou do presente e o teria devolvido, causando grande frustração nos devotos.
Por isso, além das flores e perfumes, é comum pessoas oferecerem jóias, acessórios, bebidas, produtos de beleza e até mesmo dinheiro, tudo para agradar a rainha do mar, que é conhecida também por ser vaidosa. Outro objeto também comum como presente é a imagem de um cavalo marinho que, segundo a lenda, é o guardião da casa de Iemanjá e o mensageiro mais rápido da divindade.
No entanto, nos últimos anos, vem crescendo um movimento defendido pelos ambientalistas, de forma a alertar a população sobre os presentes jogados ao mar que não se decompõem e que acabam levando à morte animais marinhos por intoxicação. Desde então, é realizado um trabalho de conscientização para que sejam oferecidos apenas presentes biodegradáveis a Iemanjá.
Lenda
Conta a lenda do povo iorubá (da atual Nigéria) que Iemanjá, filha de Olokum - o deus africano do mar -, transformou-se em rio para fugir de seu marido, rei de Ifé, que, embriagado, a perseguiu com seus exércitos até a casa de seu pai, onde encontrou refúgio e proteção. Mais tarde, seguindo o seu povo iorubá, Iemanjá atravessou o oceano protegendo os escravos das tormentas marítimas e, chegando à Bahia, fez do exílio seu reino.
Suas águas encantadas passaram a banhar lindas praias e a emoldurar belas ilhas, mas também vieram amedrontar seus filhos em dias de tempestade. Para os pescadores, Iemanjá é a grande mãe desejada, de seios majestosos, cabelos longos e soltos ao vento, generosa, altiva e respeitável. Para as mulheres é uma amante ciumenta, perigosa e voluntariosa, que rouba seus homens e os leva para o fundo do mar. No candomblé, Iemanjá é a mãe de todos os orixás. É vista como a Nossa Senhora da Conceição pelos católicos, como a Janaína dos índios e a Sereia dos marinheiros europeus.

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