sábado, 28 de dezembro de 2013

Para turista americano, comprar passagem é 'pesadelo' no Brasil


Estrangeiros relatam experiências de frustração ao tentarem comprar passagens e chips de celulares no país.

Da BBC

Turistas reclamam de 'odisseias' para comprar passagens, há seis meses da Copa (Foto: Arquivo Pessoal/ BBC)Turistas reclamam de 'odisseias' para comprar passagens, há seis meses da Copa (Foto: Arquivo Pessoal Jonathan Richards/ BBC)
Perguntado a respeito de sua experiência comprando passagens aéreas no Brasil, o consultor de finanças americano Jonathan Richards não tem dúvidas: "é um pesadelo".
No Brasil há duas semanas, ele visita o país regularmente para encontrar amigos e diz já ter tido diversos problemas em sites de linhas aéreas brasileiras.
"Tentei o site da TAM há três anos e não era feito para estrangeiros. Para para esta viagem, tentei usar a Gol. Eles dão a opção de comprar com passaporte, mas se você não tiver um cartão de crédito brasileiro, o seu cartão é rejeitado', disse à BBC Brasil.
"Eles te dizem que você precisa ligar para um centro de autorização e dão um número brasileiro sem o código da cidade ou do país. Eu consegui descobrir a cidade, liguei, esperei por algum tempo e fui atendido por uma pessoa que não falava inglês. Então, desisti."
"A Azul tinha a opção de comprar sem um CPF, mas quando cliquei nesta versão, o site deu defeito, então não tentei mais."
Procuradas pela reportagem, as companhias afirmam que oferecem opções de atendimento e de pagamento aos estrangeiros e que trabalham para realizar melhorias em seus sites.
Simulações de compra feitas pela BBC Brasil mostram que os sites das quatro maiores empresas de aviação do Brasil - TAM, Gol, Azul e Avianca - já têm versões em outras línguas, nas quais é possível cadastrar-se com o número do passaporte ou até prescindir de um documento para a compra da passagem.
Todas elas também declaram aceitar cartões internacionais, mas a compra na prática ainda é difícil.
Pagando no aeroporto
O consultor de negócios internacionais francês Jean-Claude Fernandes, de 39 anos, vem ao Brasil regularmente desde 2004 e reconhece as mudanças para melhor no atendimento das linhas aéreas.
Mesmo assim, ao voltar ao país em junho para a Copa das Confederações, ele ainda teve dificuldades para conseguir viajar para seis cidades-sede do torneio.
"Eu fiz sete ou oito voos pelo Brasil. Consegui comprar dois voos com a TAM da Europa e comprei os outros com a Avianca. Mas (esses últimos) não consegui com o cartão. Tive que ligar para a central de atendimento, eles reservaram as passagens e eu paguei no aeroporto", conta.
"O bloqueio do cartão estrangeiro ainda é muito ruim. Passei uma noite tentando fazer as reservas."
Processo frustrante
Há duas semanas, a japonesa Yoshiko Nagai, de 35 anos, voltou ao Brasil para passar as férias. Na primeira visita, em 2009, não conseguiu comprar passagens aéreas de São Paulo a Salvador com antecedência pela internet.
"Um amigo em São Paulo me deu o contato de uma agência de viagens e eu comprei por e-mail. Os sites não aceitavam meu cartão de crédito", conta.
Mas em outubro deste ano, quando planejava a volta, ela teve o mesmo problema: "Tentei comprar em todas as linhas aéreas e não consegui. Mesmo com algumas falhas de tradução, os sites eram claros e eu consegui avançar no processo com facilidade. Mas não consegui chegar ao fim dele, porque o problema era o cartão de crédito."
Para "evitar a confusão e as passagens de avião muito caras", Nagai diz que não voltará ao país para a Copa do Mundo.
"Eu gosto muito deste país. Só queria que houvesse infraestrutura melhor, para virmos mais facilmente. O Brasil já é muito longe do Japão e é um processo longo comprar passagens de lá e conseguir o visto."

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