segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Organização e entrega de peça trocada indicam bom mecânico


Colunista dá dicas para escolher um profissional de confiança.
Ter histórico de serviços, como um "prontuário médico", é fundamental.

Denis Marum Especial para o G1

Organização e limpeza indicam se oficina é boa (Foto: Denis Marum/G1)Organização e limpeza indicam se oficina é boa (Foto: Denis Marum/G1)
Escolher um prestador de serviços nem sempre foi uma tarefa fácil – quem já não teve alguma dificuldade em encontrar um pedreiro, dentista, eletricista ou não consegue pensar em ficar sem o médico da família? Quando se trata de mecânico não é muito diferente. Na verdade, quanto menos entendemos do assunto maior é a insegurança, e a falta de conhecimento costuma gerar dúvidas e desconfianças. Veja algumas que ajudarão a encontrar o seu "mecânico da família".
Organização é fundamental




oficina mecânica ferramentas (Foto: Denis Marum/G1)Ter ferramentas no lugar certo é importante
(Foto: Denis Marum/G1)
Entrar em uma oficina e se surpreender com ferramentas organizadas, limpeza, capas de banco e para-lamas, local específico para a sucata e tambores para coleta de óleo queimado: é tudo de bom.
Não são necessários exageros como mecânicos com uniformes brancos, basta que os uniformes estejam limpos. Estes profissionais devem estar focados no diagnóstico e na execução dos serviços: se alguém falar para você que mecânico tem que estar impecável, esqueça; esse sujeito nunca trabalhou em uma oficina.
Verifique também se há algum espaço diferenciado, um local muito limpo e bem iluminado para execução de serviços mais melindrosos como desmontagem de um câmbio ou análise de um circuito eletrônico.

Histórico de manutenção




É fundamental ter o histórico dos serviços realizados em cada carro. A oficina que possui o controle sobre as manutenções, assim como um médico mantém um prontuário do paciente, saberá rapidamente dizer do que seu carro precisa, além de evitar gastos desnecessários. Ela terá condições de alertá-lo sobre as necessidades futuras de manutenção, como por exemplo, avisá-lo sobre a hora da troca de óleo ou substituição de uma correia dentada.
Não fique trocando de mecânico sem grandes motivos: é como ir toda vez a um médico diferente, ele vai pedir um monte de exames novamente.

Mostre o defeito




Em uma boa oficina, quando o cliente reclama de algum barulho, imediatamente alguém deve dar uma volta com o cliente para que este mostre exatamente qual é o barulho e em que situação ele se apresenta (correndo, parado, subindo, virando...).
Tem oficinas em que o mecânico fala: "Deixa aí que depois eu vejo". Isto é muito ruim. O mecânico tem que identificar exatamente do que o cliente reclama e, depois que efetuar os reparos, ele deve andar com o carro novamente, criando a mesma situação para ter a certeza de que o problema foi resolvido.
Por outro lado, tem motorista que é preguiçoso: quer largar o carro na oficina e o mecânico que se vire... depois não vai reclamar que o barulho continua.

Crie uma relação transparente


Se você quer honestidade, seja honesto. Muitos motoristas dão sinais de desconfiança do mecânico assim que põem o pé na oficina. Frases como "Dê só uma olhada, pois vou vender o carro", "Estou sem dinheiro", "O problema é limpeza dos bicos", entre outras, não demonstram confiança no trabalho do profissional.
Não pré-julgue: maus profissionais existem em todos os segmentos. Demonstre confiança no conhecimento dele e, depois que o orçamento estiver pronto, solicite as explicações necessárias. O mecânico percebe quando o cliente possui conhecimento e quer colaborar para resolver o problema, diferente do sujeito que apenas quer mostrar conhecimento.

Ser especializado é ter
a ferramenta certa



Se uma pessoa monta uma oficina especializada em determinada marca de carro, quer dizer que ele tem um compromisso com a qualidade dos serviços que pretende prestar. Se ele é careiro ou desonesto eu não sei, porém, há grandes chances de executar um bom serviço. Investigue se ele possui scanner (aparelho de diagnóstico) apropriado para seu carro: ter as ferramentas certas é meio caminho para um serviço de qualidade.

Na concessionária
Garantias estendidas e pacotes de revisões devem ser acompanhados com atenção. Aqui cabe uma famosa frase: “Quando a esmola é grande, o santo desconfia”. Se na primeira revisão oferecerem serviços extras, não cobertos pela garantia, como limpeza dos bicos, cristalização de pintura, cambagem, é de bom tom solicitar uma segunda avaliação.
Não esqueça: você não precisa fazer a revisão na mesma concessionária em que comprou o carro; se não estiver satisfeito, procure outra no manual do proprietário.

Cuidado na hora de
trocar os pneus
Entrar em uma loja de pneus e conseguir apenas trocar os pneus, alinhar e balancear as rodas nem sempre é uma tarefa fácil. Não generalize, mas algumas redes comissionam seus atendentes através da venda de peças de suspensão como, amortecedores, molas, pivôs, terminais que nem sempre são necessários e acabam por tirar um bom dinheiro do proprietário.
loja de pneus (Foto: Denis Marum/G1)Algumas lojas vão além de trocar pneus, alinhas
e balancear as rodas (Foto: Denis Marum/G1)
Algumas lojas chegam a intimidar seus clientes no sentido de que, se não fizerem os reparos extras, não terão direito à garantia dos pneus. Este fato não exclui a possibilidade de que seu carro realmente necessite dos tais reparos: um pivô estourado ou um amortecedor sem ação realmente diminuirá a vida útil do pneu.
Na dúvida, faça uma consulta a outro mecânico. Se o orçamento da suspensão for menor, mostre o orçamento na loja de pneus e discuta a real necessidade do seu carro. Você lembrará desta coluna...

Boas oficinas entregam
as peças substituídas
Quando a oficina coloca as peças substituídas no seu porta-malas sem você pedir, ela está demonstrando que efetivamente realizou o serviço e que, se você não estiver satisfeito com aquela decisão, poderá levar a peça substituída para outro profissional atestar ou não a necessidade de troca.

Peças de segunda linha
e recondicionadas
Com o orçamento em mãos questione a origem das peças a serem substituídas, elas podem ser:

Originais da Montadora ...........................................................$$$
Mesmo fabricante, porém oriunda do mercado de reposição..$$
Mercado paralelo, segunda linha............................................. ...$
Peças recondicionadas ...............................................................$
Você deve estar querendo saber qual a sugestão. Pois bem, existem peças boas e ruins nos quatros segmentos. O problema é que todo bom brasileiro tem aquela esperança de fazer o "negócio da China" e, infelizmente, acaba escolhendo pelo preço. A sugestão é delegar a escolha para o seu mecânico. Ninguém melhor do que ele para avaliar a qualidade. Além de ter a experiência com os diversos fornecedores, se por acaso a nova peça estiver defeituosa, é ele que terá que trabalhar gratuitamente para substitui-la.
Uma coisa é certa: não economize com os freios e pneus. Talvez você não tenha a chance de reclamar.

A experiência dos outros
pode evitar contratempos
Consulte os sites de reclamações: digite o nome da oficina, da concessionária ou da montadora e perceba como elas administram as insatisfações de seus clientes. Se coloque numa posição neutra; explico: tem motorista que notadamente procura obter algum tipo de vantagem e pleiteia até garantia de roda amassada.
Em outros casos, você perceberá o total desprezo da empresa pelo problema do reclamante. Tirando estas exceções, note que algumas empresas simplesmente colocam uma resposta padrão, outras ganham tempo dizendo que estão verificando o caso. Por incrível que pareça, tem montadora que não dá a menor satisfação. Neste caso, você não deve nem passar na porta. Perceba que alguns maus atendimentos não são privilégios de que atende carros populares: tem concessionária de luxo que deixa o cliente na mão com apenas 100 km de uso.
Denis Marum coluna Oficina do G1 (Foto: Fábio Tito/G1)

Dono de oficina em São Paulo, Denis Marum é formado em engenharia mecânica e tem 29 anos de experiência com automóveis. Nesta coluna no G1, dá dicas sobre cuidados com o carro.

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