sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Economia na mesma e boas novidades na política




A questão central da vida política brasileira no próximo ano é a da sucessão presidencial, acompanhada das eleições para governadores, senadores e deputados federais. Além disso, em 2014, o Brasil acolhe a Copa do Mundo de Futebol e todo evento desse porte tem tudo a ver com política, principalmente porque os enormes gastos com a construção de estádios suntuosos foram motivo de fortes protestos populares durante a Copa das Confederações.

Não podemos excluir a possibilidade da volta às ruas dos cidadãos em novos protestos por causa do descontentamento com a qualidade dos serviços públicos e da desconfiança com o mundo da política. No último dia 18 de dezembro, ao fazer um balanço das atividades do Congresso Nacional em 2013, o próprio líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que em sua opinião (que ele considera ser a mesma do povo brasileiro), deputados e senadores não responderam às reivindicações dos manifestantes que foram às ruas, em junho. Disse que não estava avaliando como ruim o trabalho da Câmara, mas insuficiente diante da pressão a que está submetido o Parlamento e o mundo político.

As eleições vão comandar a política econômica do governo e o movimento de um ajuste que permitiria ao Brasil voltar a crescer de forma sustentável será tarefa do próximo presidente da República. Só governos em início de mandato têm condições políticas de apertar os parafusos da economia com firmeza. A situação é ainda mais preocupante porque em tempos de eleições a política fiscal tende a ser expansionista. Uma complicação adicional será a mudança da política monetária norte-americana, iniciada também no final do ano.  Desde que se começou a falar no assunto o Brasil passou a ser considerado, junto de nações como Indonésia, Índia, Turquia e África do Sul, como uma das economias mais afetadas pelo reposicionamento global do dólar.

A Pesquisa de Inovação Tecnológica que cobre o período de 2009 a 2011, divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o número de indústrias brasileiras que investiu em inovação caiu para 35,6% do universo pesquisado, em comparação com 38,1% na pesquisa anterior, que cobre o período de 2006 a 2008.

O governo esperava que as políticas de estímulo, com desonerações e ampla oferta de crédito barato, garantissem às indústrias fôlego suficiente para não descuidar da inovação, essencial para aumentar a produtividade e, portanto, a competitividade da produção nacional. O investimento em inovação diminuiu com a crise internacional e maior aversão ao risco dos empresários. Sem mais investimentos na economia, a inovação não resultará em maior produtividade. As ações do governo não foram no caminho certo. E não será fácil corrigi-lo já em 2014.

A incerteza que ronda empresários de todos os setores, economistas, do mercado em geral e de boa parte do povo – especialmente dos jovens – que foram às ruas em junho passado compromete o crescimento econômico no futuro. E embora tenha nas mãos a poderosa máquina do governo, há uma percepção de que, reeleita, a presidente Dilma Rousseff não vai mudar de estilo, mas reforçar sua forma e conteúdo: intervencionista, centralizadora e sempre disposta a contrariar normas e padrões para experimentar fórmulas que nem sempre dão certo.

Mas se não podemos almejar maiores sucessos na economia devemos saudar boas novidades na política. De um lado, pelo impacto ainda não totalmente analisado que o movimento das ruas provocou entre os cidadãos e no Poder. Depois, pela primeira vez desde que o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou à Presidência da República existe uma real possibilidade de se formar uma frente de oposições capaz de mobilizar as diversas insatisfações contra o governo e organizá-las à volta do objetivo de encerrar o ciclo político aberto em 2002. E, na alternância democrática do Poder, experimentar um modo novo de narrar à história brasileira, com todos os brasileiros.

O ano de 2014 pode ser também surpreendente. O Brasil precisa de um projeto porque as pessoas estão desmotivadas. Em particular os jovens, os que não são reconhecidos como cidadãos e os excluídos de fato do sucesso da modernização do País exaltada diariamente nos discursos oficiais. Esta será uma boa hora para que os candidatos levem aos palanques os seus projetos para o País. Suas visões de prioridades. Que ajustes propõem na economia? Como conciliar desenvolvimento e conservação? Em que bloco econômico internacional devemos nos fixar? Como redefinir a Federação e como ir além de políticas sociais assistencialistas? Como fazer a “revolução da educação” e assim por diante?

Uma oportunidade para incrementar a democracia eleitoral com conteúdo para remobilizar o País, para construir consenso e um Projeto Nacional, em diretriz para o nosso País, nossa Nação!


Arnaldo Jardim. Deputado Federal PPS/SP
Twitter: @ArnaldoJardim  

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