Mensalão as prisões Presidente da casa teme dano à imagem com decisão de protelar processo de cassação de deputado condenado Em reunião da Mesa, Henrique Alves avisou que não iria abraçar a 'luta política do PT' para salvar mandato RANIER BRAGON - MÁRCIO FALCÃO - DE BRASÍLIA Folha de S. Paulo - Em uma tensa reunião a portas fechadas na quinta, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que a Casa não tem a intenção de abraçar a "luta política do PT" para salvar o mandato de José Genoino (PT-SP). Embora tenha se aliado ao partido para tentar acelerar a decisão sobre a aposentadoria por invalidez do petista, Alves avaliou que repercutiria "muito mal" protelar a instalação do processo de cassação, o que acabou ocorrendo. Com base no relato de deputados que participaram do encontro, a Folha reconstituiu o debate entre Alves e o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR). Alves abriu a reunião sugerindo aos outros cinco integrantes da Mesa Diretora presentes que a Câmara abrisse naquele momento o processo de cassação do mandato de Genoino, preso desde o dia 15 em decorrência da sua condenação de 6 anos e 11 meses no julgamento do mensalão. Imediatamente Vargas anunciou que iria pedir vista do caso --o que adiou a possível instauração do processo para quinta-feira. O objetivo do PT é dar tempo para que antes a Câmara aprove o pedido de Genoino de aposentadoria. Aos 67 anos, o petista sofre de doença cardíaca. Na reunião, Vargas quis obter vista de duas semanas, mas Alves afirmou que o regimento interno previa prazo de apenas duas sessões. O petista insistiu e foi auxiliado, em graus variados, pelos outros quatro integrantes da Mesa --Antonio Carlos Biffi (PT-MS), Simão Sessim (PP-RJ), Maurício Quintella (PR-AL) e Fábio Faria (PSD-RN). Os cinco se reuniram antes do encontro com Alves. O presidente da Câmara disse então, de acordo com deputados, entender a pressão dos petistas, mas afirmou que a Câmara não poderia endossar a "luta política do PT". "Não é luta política, é humanidade", respondeu de pronto Vargas, em tom inflamado, se referindo ao estado de saúde do deputado. "O Genoino está de licença, com atestado de invalidez provisória", afirmou Vargas ao ser questionado pela Folha sobre o debate travado com Alves. "A minha posição não é partidária, é uma questão humanitária." "O presidente disse que isso é uma posição do PT, mas a Câmara não pode ver a situação partidária, tem que ver a Constituição", disse Sessim. A intenção do PT é que a Câmara aprove até a quinta o pedido de aposentadoria, extinguindo a possibilidade de cassação e o consequente desgaste do partido. |
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