Viagem começou em Belo Horizonte, seguiu até o Alaska e voltou à Ushuaia.
A quatro dias de casa, arquiteto aposentado realizou percurso em 5 meses.
Motociclista fez percurso do Brasil ao Alaska e de volta a Ushuaia na Argentina (Foto: Lucas Magalhães/EPTV)
Um motociclista, uma Harley-Davidson, 56 mil quilômetros de estrada e
cinco meses de histórias através das Américas. Esse é o resumo da
aventura que o arquiteto mineiro Fernando Duarte resolveu embarcar ao
sair do Brasil no dia 27 de abril de 2013, chegar ao Alaska (EUA),
partir para o outro extremo das Américas em Ushuaia (Argentina) e voltar ao ponto de origem em Belo Horizonte (MG). Passando por Varginha
(MG) nesta terça-feira (1º), o motoqueiro irá finalizar a rota neste
sábado (5) e não consegue nem descrever quem se tornou após todo este
percurso.
Roteiro incluía 14 países e quatro estados
brasileiros até Alaska (Foto: Site Viagem de Moto)
Tudo começou em uma loja da Harley na capital mineira onde um amigo de
Duarte, Ruy Barbosa, perguntava a cada um no lugar quem gostaria de ir
com ele para o Alaska. “Aí ele olhou pra mim e perguntou se eu queria ir
com ele. Eu parei e demorei pra responder... 20 segundos (risos), e
respondi: topo”, conta Duarte. “Aí nós apertamos as mãos e dois meses
depois estávamos na estrada.”brasileiros até Alaska (Foto: Site Viagem de Moto)
O arquiteto vendeu um carro e pegou empréstimo para a verba de cerca de R$ 30 mil necessária para o roteiro. Nesta terça-feira, ele colocava no papel as despesas que teve no percurso. “Carro já foi, dinheiro já foi, tudo isso sempre vai. Mas a história é minha, e essa não vai”, completa. No total, Duarte gastou 2,8 mil litros de combustível (R$ 8,4 mil), R$ 15 mil de hospedagem, quatro pneus traseiros e três dianteiros e fez sete revisões com trocas de óleo durante a viagem.
No percurso até o Alaska, a dupla percorreu 14 países e quatro estados brasileiros. A bagagem só incluía algumas peças de roupas, ferramentas para as motos e, importantíssimo, um galão de gasolina. Quando perguntado se eles levavam algum material de primeiros socorros, a resposta foi rápida: “Não, isso não é importante não (risos)”, respondeu.
Os dois viajavam durante o dia e evitavam as estradas à noite. Passavam o dia todo nas motocicletas e paravam para descansar em hotéis, pousadas e hostels. Em algumas cidades turísticas, passavam cerca de três dias para aproveitar o passeio.
Fernando Duarte e Ruy Barbosa durante viagem para o Alaska (Foto: Fernando Duarte/Arquivo pessoal)
Toda a viagem foi relatada no site Viagem de Moto, com histórias, fotos
e vídeos para serem acompanhados pelos fãs das “duas rodas”, amigos e
família. Apesar das maravilhas do percurso, algumas dificuldades tiveram
que ser superadas. Duarte reclama muito do estado das estradas
brasileiras principalmente no norte do país, em que dividiram o caminho
não só com buracos, mas algumas “crateras” nas rodovias.Chegando às montanhas geladas
Os motoqueiros entraram no Alaska no dia 26 de junho. O objetivo era chegar até Prudhoe Bay, cidade na ponta extrema do estado americano. “Quando estávamos chegando lá, parece que foi o teste final. Eu pensava: não vamos chegar”, conta Duarte. O temor tem explicação: a Harley do arquiteto estava com um problema no motor, mas eles resolveram seguir até o quanto ela aguentasse.
Após quilômetros percorridos, motoqueiros chegam ao Alaska (Foto: Fernando Duarte/Arquivo pessoal)
A estrada era toda de cascalho solto, segundo ele, por causa de uma
camada de gelo que sempre se forma na rodovia. Com a chuva, tudo virou
lama misturado ao gelo que derretia. Para que os veículos não
derrapassem, eles seguiam na primeira marcha, o que fazia o consumo do
combustível se elevar a níveis preocupantes. “Realmente achamos que não
íamos conseguir chegar e faltava apenas cerca de 800 km para concluir o
nosso objetivo”, lembra.Mas a sorte os acompanhou até o fim e eles chegaram em Prudhoe Bay no dia 1º de julho de 2013, após 66 dias de viagem. Sem atrativos turísticos, a cidade reúne apenas trabalhadores das empresas instaladas no local, mas para os dois foi o marco de um grande percurso, que foi comemorado sem bebidas alcoólicas, que é proibida na cidade.
Motoqueiro atravessou de norte a sul das Américas
(Foto: Fernando Duarte/Arquivo pessoal)
“Fizemos o cumprimento típico do americano, que é tocar com a mão
fechada como um soco na mão do outro, e demos um abraço de vitoriosos.
Estávamos em Prudhoe Bay”, conta Duarte no blog da viagem. Nesse dia, o
arquiteto ainda foi batizado como o mais novo membro do Clube Águias de
Aço, de Belo Horizonte, após a missão cumprida.(Foto: Fernando Duarte/Arquivo pessoal)
Do Norte ao Sul
Duarte se separou de Ruy Barbosa no dia 21 de agosto, em Piura, no Peru. Barbosa já havia feito a viagem ao Sul da América, portanto, o percurso continuou apenas para Duarte. O objetivo era chegar até Ushuaia, Argentina. O trajeto até lá foi concluído no dia 17 de setembro.
De tudo que viu no trajeto, a receptividade de todos no caminho foi o que mais chamou a atenção do motoqueiro. “De carro você está em uma redoma, você afasta as pessoas. Na moto não, todos tem empatia por você. Fiz muitos amigos pelo caminho”, conta. Na chegada em Ushuaia, sem conhecer ninguém, Duarte se apresentou a todos os hóspedes do hostel em que estava hospedado, contou sua história, abriu um espumante e pediu para que todos comemorassem com ele a conquista.
A cada percurso, motoqueiros conquistam brasões
(Foto: Lucas Magalhães/EPTV)
“E eu tive muito disso pelo caminho. Fiz aniversário no dia 28 de maio,
longe de casa, um dia sensível para se estar longe de todos. Lembro de
ter encontrado um pessoal no posto de gasolina, que me chamaram pra casa
deles, convidaram um monte de amigos deles brasileiros e todos cantaram
parabéns para mim, com bolo de aniversário e tudo mais. Foi
emocionante”, lembra.(Foto: Lucas Magalhães/EPTV)
Cento e cinquenta dias depois de muita estrada, Duarte chega no sábado (5) a Belo Horizonte e diz que não consegue nem definir quem se tornou após todo esse percurso. “Nessa viagem eu saí sem buscar nada, e encontrei muita coisa”, afirma. Mostrando os escudos que conquistou (em adesivos colados na Harley-Davidson), ele fala de um dos mais valiosos, “O grande cacique fazedor de chuva”, que recebeu em Itajaí (SC).
O símbolo é baseado em uma tribo do México, que tinha o "dom de fazer chover", segundo a lenda, e quando outra tribo ocupou o território deles, eles foram jogados no mar. Diz a lenda que eles nunca mais pararam de percorrer o mar em suas canoas de norte a sul. “E é esse o espírito dos motoqueiros. Eles nunca mais param de correr com suas motos, de um extremo a outro”, finaliza, enquanto faz roncar o forte motor da sua ‘companheira de percurso’.
'Motoqueiros nunca param de correr, de norte a sul', diz arquiteto (Foto: Lucas Magalhães/EPTV)
ola
ResponderExcluircomo foi a passagem da Colômbia para o Panamá ?.
Sei que existe uma maneira de ir de navio a partir de Cartagena para a Cidade do Panamá.
nos mapas que eu achei não mostra nenhuma estrada ligando os 2 países.
Por favor me responda no meu e-mail que é alexandremontenegro@yahoo.com.br