Cleidiana Ramos A TARDE
A iniciativa começou em maio deste ano, a partir de um movimento coordenado pelo tata de inquice Anselmo dos Santos. Tata Anselmo é líder do Terreiro Mokambo, localizado no Trobogy.
"Imaginei que seria interessante compartilhar ideias e também aprendermos uns com os outros", afirma o tata Anselmo.
"Unidos nós ficamos mais fortes, inclusive para concorrer a editais", diz o tata Anselmo, que é mestre em Educação pela Uneb.
Memória - No terreiro Mokambo está instalado o Memorial Kisimbiê, que traça um panorama sobre a história da tradição angola na Bahia.
Em um painel, por exemplo, é possível aprender sobre as etnias de origem de onde hoje estão os países Angola e Congo, que foram trazidas à força para o Brasil, como os cabindas e benguelas.
Em um outro, está descrita a genealogia do terreiro Mokambo, ou seja, a família religiosa do seu líder tata Anselmo. Ela inclui Jubiabá, Joãozinho da Goméia e Mirinha do Portão.
"Nós temos que explicar por que estamos aqui e como começou a nossa história", diz o tata Anselmo.
O memorial também tem uma biblioteca e recursos audiovisuais para tornar a visita mais interessante.
"Como educador eu me preocupei em tornar o memorial uma oportunidade para ajudar escolas na aplicação da Lei 10.639/2003" (que estabelece o ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira).
Tradição familiar - Criado há 18 anos, o Memorial Làjoumim fica no Terreiro Ilê Odô Ogê, mais conhecido como Pilão de Prata, localizado na Boca do Rio.
O espaço conta a história da família Bamboxê Obitikô, uma das mais importantes do candomblé.
Bamboxê Obitikô é o nome africano de Rodolpho Martins de Andrade, um dos sacerdotes mais importantes na formação da Casa Branca, considerado o mais antigo terreiro ketu do Brasil.
No memorial estão painéis com fotografias de membros da família, mas o destaque vai para a coleção de pertences de Caetana Sowzer.
Ialorixá fundadora do Terreiro Làjoumim, localizado na Federação, ela é tia biológica e foi a mãe espiritual do babalorixá Air José, que comanda o Pilão de Prata.
"Este memorial é uma homenagem a toda a família Bamboxê e, em especial, a Mãe Caetana. Ele conta a história da sua sabedoria religiosa e também da elegância", destaca Pai Air.
A família Bamboxê é descrita pelo historiador Jaime Sodré como a herdeira de uma tradição chamada de "alta costura do candomblé".
Isso porque eles têm uma tradição de unir o luxo ao bom gosto em vestimentas e adereços. O espaço reúne joias, móveis, documentos e outras preciosidades.
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