domingo, 29 de setembro de 2013

Revendedora de carros leiloa 500 relíquias de coleção de 50 anos

Um leilão de carros antigos, neste fim de semana, numa cidadezinha dos Estados Unidos, está mexendo com o coração de colecionadores.

Um leilão de carros antigos, neste fim de semana, numa cidadezinha em Nebraska, nos Estados Unidos, está mexendo com o coração de colecionadores de todo o mundo. Os correspondentes Júlio Mosquéra e Lúcio Rodrigues mostram algumas dessas relíquias.
Cinquenta anos de história. De 1946 a 1996, Ray Lambrecht se tornou um vendedor imbatível de carros zero e um obstinado colecionador de carros usados. Nesse período, o país teve dez presidentes. John Kennedy foi assassinado, Richard Nixon renunciou. As mulheres foram às ruas para lutar por direitos iguais. O mundo viu soviéticos e americanos em lados opostos durante a guerra fria. Assistiu às guerras do Vietnã e do Golfo.
Duas décadas depois da aposentadoria, Ray Lambrecht, aos 95 anos de idade, voltou a fazer história. A revendedora, fechada há 17 anos, virou ponto turístico, com móveis e aparelhos da metade do século passado.

O canadense Jerel Fosberg percorreu 3,6 mil quilômetros para ver de perto o legado do americano. “É uma oportunidade única”, diz.
O comerciante Ray tinha um lema: só vender carros novos. Os usados, que aceitava como parte do negócio, guardava, pensando no futuro. Não abria exceção. Que o diga o amigo Don Zimmer.
“Só uma vez ele aceitou negociar um carro usado comigo. Mas pediu um preço absurdamente alto”, diz Zimmer.
E assim resistiu por cinco décadas. Ray decidiu que chegou mesmo a hora de se desfazer do tesouro que ficou tanto tempo com a família. As relíquias foram trazidas para um lugar que virou uma espécie de campo dos sonhos dos colecionadores. São 500 carros antigos, alguns com mais de 50 anos.
Foi a leiloeira Ivette Vanderbrick que, com paciência e determinação, conseguiu convencê-lo a vender a coleção. “Negociamos por mais de um ano, até ele aceitar assinar o contrato”, conta.
Muitos carros foram danificados pelos anos ao relento na fazenda de Ray. Sofreram com tempestades e ladrões de peças. Mas há clássicos que parecem ter saído da fábrica. É o caso do Cameo, 1960. Arrematado pelo equivalente a R$ 315 mil.
O esportivo Corvette é outro em ótimas condições. Foi leiloado por R$ 180 mil. As informações do fabricante ainda estão intactas. O carro foi fabricado em 1978.
O Belair é mais uma pérola da coleção. A porta está emperrada, mas também está novo. A chave está na ignição. Dá até vontade de sair dirigindo.
O xerife de Pierce lembra do dia em que levou Ray para ver os carros pela última vez. “Ele exclamou: ‘Meu Deus, meu Deus’”.
Rick diz que a cidade de 1.700 habitantes, que parece ter parado no tempo, vai ficar triste sem os carros. Mas se consola: “O dinheiro não pode comprar nossas memórias”.
JORNAL NACIONAL

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