segunda-feira, 30 de setembro de 2013

PM volta a usar spray de pimenta em ato de professores na Câmara do Rio


Cinco docentes se reuniram com vereador Guaraná por volta das 15h.
Centenas de professores tentam impedir funcionários de entrarem na casa.

Isabela Marinho Do G1 Rio
 Policiais utilizam gás de pimenta contra professores em greve que participavam de protesto na entrada da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, no centro da cidade, na tarde desta segunda-feira.  (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo) Policiais utilizam gás de pimenta contra professores  (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo)
Cinco diretores do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) entraram nesta segunda-feira (30), por volta das 15h, na Câmara Municipal, no Centro, para se reunir com o vereador Luiz Antônio Guaraná (PMDB), da base do prefeito Eduardo Paes, para discutir o plano de cargos e salários. No entorno da Câmara, um policial militar usou spray de pimenta contra os docentes que participam de uma manifestação desde a manhã. Na madrugada de domingo (29), 20 pessoas ficaram feridas em tumulto com a PM durante a retirada de ativistas que ocupavam a casa.
Outros princípios de confustão foram registrados nesta segunda, quando os mais de 100 manifestantes tentaram impedir a entrada de funcionários na casa. O vereador Jairo Souza Santos Junior, conhecido como Jairinho (PSC), foi um dos barrados.
Segundo a professora Rossana Moraes, não é ilegítimo tentar proibir a passagem de funcionários já que os profissionais de educação não podem entrar no Palácio Pedro Ernesto.
Os diretores do Sepe pediram no carro de som o apoio do vereador Luiz Antônio Guaraná para retirar a tropa da PM que cerca 20 professores na Rua Alcino Guanabara, em frente a uma das entradas da Câmara Municipal. Alguns comerciantes fecharam as portas. "Nós queremos negociar com o comandante", disse uma representante do sindicato no megafone. Em resposta, Guaraná informou que os policiais só estão no local para garantir a integridade física dos vereadores.
A PM informou, em nota, que atendeu a um pedido da presidência da Câmara, e fez um cordão de isolamento na casa. "A Câmara dos Vereadores está fechada hoje para visitação, já que a administração da casa faz uma avaliação patrimonial após a saída dos manifestantes. O controle de acesso de funcionários e de profissionais da imprensa está sendo feito pela equipe de segurança da Câmara", diz o texto.
Trabalhos serão retomados nesta terça, diz Câmara
A Câmara informou que os trabalhos da casa vão começar nesta terça (1º), no horário normal, às 14h. A votação do plano de cargos, carreiras e remunerações dos professores está prevista para 16h. Também nesta terça, está prevista uma nova assembleia do Sepe, em greve desde do dia 8 de agosto.
Batman volta à Câmara Municipal para apoiar professores em greve (Foto: Mariucha Machado/G1)Batman volta à Câmara Municipal para apoiar professores em greve (Foto: Mariucha Machado/G1)
Retorno do Batman
Famoso por participar de manifestações no Rio, o "Batman" voltou à Câmara Municipal, no Centro, para apoiar professores que acampam do lado de fora da Casa, após terem sido retirados à força pela PM do Palácio Pedro Ernesto no sábado (28).
Desta vez, além da fantasia, Eron Moraes de Melo, de 32 anos, apareceu usando correntes e criticou o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral. "Essa corrente mostra exatamente o que estamos vivendo, a repressão, a insconstitucionalidade da lei. Esse prefeito e esse governador esqueceram o que é democracia. Se você quiser um país de primeiro mundo, você tem que ter educação de primeiro mundo. Esse é um ato simbólico da repressão", disse o "Batman".
O prefeito Eduardo Paes descartou, na manhã desta segunda-feira (30), que o Plano de Cargos e Salários dos professores, elaborado pelo município, seja retirado de votação na Câmara Municipal. O projeto foi encaminhado pelo poder executivo municipal ao legislativo na quinta-feira passada (26), mas a votação foi suspensa depois que professores invadiram o plenário da Casa. A previsão é de que o plano entre na pauta de votação nesta terça-feira (1º).
Após a desocupação da Câmara  da Municipal, na noite de sábado (28), quando a PM foi acusada de truculência no cumprimento de decisão judicial, o prefeito lamentou o ocorrido e criticou a ocupação da Casa por professores.
"É muito triste você ver professores invadindo o plenário do parlamento e as pessoas ocuparem o parlamento num estado democrático. Tem certas premissas da democracia que não podem ser feridas. E isso gera como consequência a desocupação do plenário. O bom é quando a gente senta e negocia", disse Eduardo Paes em entrevista à Rádio CBN nesta segunda-feira.
Sobre o fato do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ) exigir a retirada do plano de votação, Paes argumentou que a prefeitura enviou o projeto com pedido de regime de urgência à Câmara a pedido do sindicato.
"Eles exigiram que eu enviasse o plano em 30 dias e exigiram que eu mandasse em regime de urgência. Cumpri exatamente o que eles exigiram de mim. Agora, compete à Câmara. A gente tem que entender que as propostas tem que ser racionais. Não adianta acertar um salário que a prefeitura não poderá pagar", disse o prefeito, descartando que o projeto seja retirado de votação.
Jack Sparrow também esteve na Câmara (Foto: Mariucha Machado/G1)Jack Sparrow também esteve na Câmara (Foto:
Mariucha Machado/G1)
Plano não contempla 90% da categoria, diz Sepe
A coordenadoras do Sepe-RJ Marta Moraes afirma que o Plano de Cargos e Salários não foi apresentado pela prefeitura aos professores. "Os maiores prejudicados são os professores e alunos. Ao negar negociar, ele [Paes] está comprometendo o ano letivo. Se ele quer fazer isso a culpa é dele. Caso haja corte de ponto, nós não vamos repor as aulas perdidas. O plano dele não contempla 90% da categoria e a formação de professores e funcionários. No nosso entendimento, eles são educadores", afirmou Marta.
O policiamento na Câmara Municipal está reforçado na manhã desta segunda-feira (30). As barracas dos professores acampados ao redor da Casa estão cercadas por duas barreiras de policiais na Rua Alcindo Guanabara. "Nós temos o direito de ir e vir. Estamos vivendo no período da ditadura. Esses professores são as vítimas", disse Marta.
Uma das pessoas que estão entre as barreiras policiais, a coordenadora do Sepe-RJ Gesa Corrêa pede que os professores do lado de fora da barreira convoquem outros docentes para ir até a Cinelândia protestar. "Precisamos que todos venham para cá agora. O prefeito acabou de dar uma entrevista mentirosa. Não adianta me reprimir, esse governo vai cair", dizia pelo megafone.
Os professores voltaram a acusar a polícia de truculência. "No sábado, a gente foi encurralado. Não usaram bombas para tirar a gente de lá, mas usaram armas de choque. Um professor, depois de tomar choque, foi arrastado. Eles usaram muita violência", reclamou a professora Marcele Ribeiro, mostrando marcas roxas no braço e na barriga.
"Eles disseram que a gente tinha que sair de qualquer maneira. Nós vamos processar o camandante porque eles nos retiraram à força. Vinte e dois professores foram hospitalizados. Não tinha nenhum mascarado. Vândalos são o governo do Eduardo Paes e do Sérgio Cabral", completou Marta Moraes.
Cabral critica professores
Durante a inauguração da Cidade da Polícia neste domingo (29), o governador do Rio, Sérgio Cabral, comentou a retirada dos professores da Câmara Municipal. Citando que não acha a ocupação a melhor forma de "dialogar", Cabral afirmou que não viu as imagens da ação da Polícia Militar, e, por isso, não poderia "julgar" a violência policial, reclamada por ativistas.
"Eu não posso fazer esse julgamento porque eu não vi ainda as imagens. A ocupação do plenário não é daquela maneira que tem que ser feita para participação de um debate. A democracia estabelece ritos que devem ser feitos. Eu, como ex-parlamentar, chefe do Poder Legislativo, acho que a participação da população deve se dar sempre, mas dentro de direitos e deveres. Mas se houve enfrentamento, eu, sinceramente, não vi. Ocupar um plenário não é a melhor forma de dialogar e fazer qualquer tipo de debate", disse.
Barreira policial no entorno da Câmara nesta segunda-feira (30) no Centro do Rio (Foto: Mariucha Machado/G1)Barreira policial no entorno da Câmara nesta segunda-feira (30) no Centro do Rio (Foto: Mariucha Machado/G1

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