sexta-feira, 27 de setembro de 2013

No Acre, ribeirinhos criam lancha artesanal que atinge até 70 km/h


Lanchas são construídas com madeira e fibra para evitar vazamento.
Criadores de Cruzeiro do Sul querem patentear 'bajola'.

Genival Moura Do G1 AC

Bajola criada por ribeirinhos de Cruzeiro do Sul (Foto: Genival Moura/G1)Bajola foi desenvolvida pelos amigos Lindauci e Airton (Foto: Genival Moura/G1)
Um novo modelo de lancha de pequeno porte desenvolvido por ribeirinhos de Cruzeiro do Sul (AC) está fazendo sucesso e ganhando valor de mercado. O design permite que a embarcação batizada de 'bajola', possa atingir até 70 km/h, mesmo contra a correnteza dos rios da Amazônia.
A ideia dos amigos Lindauci Maciel de Souza e Airton Nascimento de Oliveira, era criar um tipo de lancha para deslocamento rápido na água, mas que tivesse um preço acessível (o valor varia entre R$ 1 mil a R$ 6 mil a lancha completa, incluindo aparelho de som). Em parceria, os dois que desde pequenos ajudavam os pais na construção de canoas, ainda desenvolveram alguns modelos, mas na hora dos testes o resultado não era o esperado.
Bajola criada por ribeirinhos de Cruzeiro do Sul (Foto: Genival Moura/G1)Bajola desenvolvida por ribeirinhos tem baixo consumo de combustível (Foto: Genival Moura/G1)
“A gente queria um modelo que se adaptasse a um motor de rabeta com baixo consumo de combustível, como os usados por todo ribeirinho, mas que tivesse a mesma velocidade dos barcos e motores luxuosos. O aperfeiçoamento veio depois que assistimos a um filme chinês, onde aparecia uma lancha diferente de onde tiramos algumas ideias que vieram de encontro ao que estava nos faltando”, explica Lindauci Maciel de Souza.
As lanchas são construídas de forma artesanal com madeira e fibra para evitar vazamento e reforçar a estrutura. O sucesso veio rápido, bastou o desfile com o primeiro modelo, para começar as encomendas. “Hoje a gente vende não só aqui, atendemos pedidos de Rio Branco, municípios do Amazonas, sem contar que muitas pessoas na nossa região estão fabricando, já têm experiência na construção de outros barcos”, comenta o bajoleiro, Airton Nascimento de Oliveira.
O potencial dos ribeirinhos e o valor de mercado do produto foram vistos pelo Governo do Estado. A Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria e Comércio (Sedens) auxiliou na criação da Cooperativa dos Bajoleiros para facilitar o incentivo do poder público.
O investimento do governo veio rápido, um Polo Naval para abrigar os bajoleiros foi erguido às margens do Rio Juruá e já está em fase de acabamento. De acordo com José Maria Freitas, representante da Sedens em Cruzeiro do Sul, o polo vai acolher também, outros profissionais que trabalham no conserto de motores de barco e fabricação de peças.
“Estão sendo investidos R$ 2,7 milhões, sendo que um milhão é destinado apenas para aquisição de equipamentos. Instalados no polo, esses profissionais terão mais condições de trabalho, visibilidade e um acesso mais facilitado à matéria prima, principalmente a madeira. A bajola é um produto criado aqui e vamos brigar para patentear esse produto”, ressalta Freitas.
O sucesso é tanto que uma competição de bajolas já está virando tradição na cidade. Desde 2011, a corrida dos bajoleiros realizada para comemorar o aniversário da cidade, ganha centenas de expectadores às margens do Rio Juruá. A competição este ano acontece no mês de outubro e é promovida pelo Governo do Estado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário