sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Idosa doente sofre com falta de serviço médico domiciliar no Recife

Vítima de um AVC e de um aneurisma, Luceny Maux teve alta em agosto.
Família diz que não teve apoio do Serviço de Atenção Domiciliar.

Do G1 PE

O NETV 1ª edição desta sexta-feira (27) revelou uma denúncia de descaso e de falta de assistência humanizada a uma paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade do Recife. Luceny Maux, 65 anos, foi vítima de um acidente vascular cerebral e de um aneurisma no início deste ano. Após receber alta, em agosto, ela deveria estar contando com a ajuda de profissionais especializados em casa, o que não aconteceu. A assistênia está prevista em lei federal.
A rotina de Carla e Carlos mudou totalmente depois que a mãe adoeceu, na virada do ano. A situação era gravíssima, de acordo com os médicos. O primeiro atendimento foi feito na Unidade de Pronto Atendimento da Imbiribeira. Depois, ela foi transferida para o Hospital Pelópidas Silveira, no Curado, onde ficou por cinco meses – dois deles na UTI – e, em seguida, pra Santa Casa de Misericórdia, em Santo Amaro. Lá permaneceu até voltar pra casa, em agosto.
"Foi uma determinação do hospital. A médica chegou pra mim e perguntou 'Sua mãe ainda está aqui? Você quer morar no hospital?'. Aí eu respondi que não. E ela fez 'por que vocês ainda não foram pra casa?', aí eu disse que a gente não tinha os equipamentos para receber a minha mãe, só que ela [a médica] disse que a minha mãe já estava de alta", conta o filho, Carlos Maux.
Orientados sobre a existência de um serviço público de tratamento e reabilitação em casa, que substitui e internação, os filhos inscreveram a mãe em 22 de julho para uma visita de avaliação. Porém, não tiveram retorno.
"Até o momento ninguém apareceu, nem para marcar as nossas visitas e fazer as visitas de avaliação. As coisas que a gente tem e precisa muito, tipo gazes, luvas, até os vizinhos estão se sensibilizando com a nossa situação e vêm ajudar", afirma a filha Carla Maux.
O quarto foi remontado pra virar hospital: cama com colchão especial, ar-condicionado, nebulizador, aspirador pra tirar a secreção, aparelho de medir glicose e de aferir pressão. Fora sondas, ataduras, fraldas geriátricas, que resultam em uma pilha interminável de contas a pagar. Sem falar nos procedimentos médicos que ninguém sabia fazer. "A gente teve que aprender, mas por amor a gente faz tudo", revela Carlos.
Explicação
Embora seja um progama do Ministério da Saúde, o Serviço de Atenção Domiciliar é municipalizado no Recife, sendo de responsabilidade da prefeitura. A cidade aderiu ao programa em abril de 2010 e atualmente conta com 390 pacientes atendidos em casa.
A coordenadora distrital do programa, Simone Luna, afirmou que integrantes do SAD foram até a casa de Luceny Maux no dia 15 de agosto e que ela não estava. "Ela ainda estava internada. A gente lamenta esse desencontro e o SAD já está com uma visita agendada para a próxima semana, no dia 2 [de outubro]", garante.
O serviço
O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) foi criado em 2002 para garantir aos pacientes do SUS a continuação do atendimento em casa. A lei prevê uma assistência humanizada, feita por equipe formada por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, fisioterapeuta, assistente social, além de materiais e equipamentos necessários. São feitas visitas regulares durante a semana e, se preciso, em regime de plantão, no fim de semana.

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