domingo, 29 de setembro de 2013

Haitianos usam músicas e livros para se adaptar à cultura brasileira


Livros de literatura estão ajudando haitianos a apreenderem o português.
Haitiano apresentou músicas em Paranavaí para conhecer a comunidade.

Luciane Cordeiro Do G1 PR, em Paranavaí

O haitiano Jean Baptiste Ilfault utiliza a música para se aproximar dos moradores de Paranavaí (Foto: Luciane Cordeiro/G1 Paraná)O haitiano Jean Baptiste Ilfault utiliza a música para se aproximar dos moradores de Paranavaí (Foto: Luciane Cordeiro/G1 Paraná)
Há três meses no Brasil e há dois em Paranavaí, na região noroeste do Paraná, um grupo de 44 haitianos tem encontrado nos livros de literatura e em apresentações musicais formas de se adaptar à cidade e ao novo país. Para isso, alguns deles são vistos com frequência na Biblioteca Municipal, no teatro municipal e até em projetos culturais em comunidades carentes.
Os imigrantes estão na cidade para trabalhar no corte de frango, mas quando não estão trabalhando aproveitam o horário livre para estudar o português e a cultura brasileira. A empresa que contratou o grupo já estuda a possibilidade de montar um programa de alfabetização em português, uma vez que também enfrenta dificuldade em se comunicar com os funcionários haitianos. “A gente não consegue se comunicar com muitos deles e com as aulas vai ficar mais fácil, por isso estamos consolidando o projeto”, revela Vanessa Alves, responsável da empresa GT Foods pelo grupo em Paranavaí.
Enquanto isso não acontece, alguns, como o Jean Baptiste Ilfaut, buscam maneiras de se adaptar por conta própria. Jean é compositor, toca teclado, violão e violino e tem sido convidado para se apresentar em igrejas e eventos nos bairros. A última foi no sábado (28), no projeto ‘Arte em Todos os Cantos’, organizado pela Prefeitura de Paranavaí e Fundação Cultural. Mais de 50 crianças acompanharam o estrangeiro cantando uma canção em crioulo, um dos idiomas oficiais do Haiti, e logo depois tocando uma música no violino.
Para ele, uma maneira de se aproximar da população e também de conhecer a cultura brasileira. “Assim consigo me adaptar a cultura local e praticar as músicas que aprendi no meu país”, conta o músico. O haitiano formado em música e que atualmente trabalha com a higienização de frangos, vê que as apresentações facilitam a vivência em comunidade e também é uma forma de conhecer os hábitos da cidade. “Eu não quero só trabalhar, por isso estou em busca de um curso de violino e de violão para aprender mais a técnica, conhecer músicas brasileiras e também ter contato com brasileiros”, esclarece.
Grupo participou de apresentação em homenagem a Tom Jobim e Frank Sinatra (Foto: Luciane Cordeiro/G1 Paraná)Grupo participou de apresentação em homenagem
a Tom Jobim e Frank Sinatra (Foto: Luciane
Cordeiro/G1 Paraná)
Além de Jean Baptiste, outro grupo de haitianos tem participado de atrações culturais na cidade. Na quinta-feira (26), sete deles acompanharam a apresentação da Orquestra de Sopros de Paranavaí. Na apresentação em homenagem a Tom Jobim e Frank Sinatra, as atenções foram voltadas para dois cantores que se dividiam no palco.
Tudo para entender o português e se aproximar de músicas daqui. “Como eu morei na Republica Dominicana por muito tempo, só conhecia as músicas do Alexandre Pires. A vinda ao teatro foi mais uma oportunidade para conhecer outras músicas do Brasil”, conta entusiasmado Auguste Dieufort, um dos únicos do grupo que falava português. "Eu gostei, achei a batida muito bonita, as letras muito bonitas", acrescenta.
Livros de gramática
Enquanto para alguns a música facilita o entendimento do português, para o haitiano Michel Dor os livros de gramática são os principais aliados. Ele já tem carteirinha da biblioteca local e, há dois meses, empresta livros, um hábito que considera obrigatório. “Pego livros de gramática, dicionários, livros de literatura e de história para entender a língua”, garante o haitiano que também fala, fluentemente, inglês e francês.
“Mais dois amigos também emprestam livros como eu e quando um não pode ir até a biblioteca, os outros pegam mais um ou dois livros”, explica Michel. Como ainda está na fase de adaptação, o imigrante conta que ainda não pegou nenhum clássico. “Só depois que eu estiver com o português mais fluente”, promete.
A empresa reconhece o esforço dos funcionários e ainda tem incentivado os funcionários a participarem de programas culturais. "Dessa forma eles não vão sofrer com a adaptação", acrescenta Vanessa Alves, representante da empresa em que os imigrantes .

Um comentário:

  1. Aqui em Campinas, haitianos estão escrevendo um livro de poema em crioulo haitiano e português brasileiro ....
    vejam : http://www.sae.unicamp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1218:aluno-artista-o-haiti-esta-aqui&catid=1:ultimas-noticias&Itemid=124

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