quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Homem diz ter perdido movimentos após cirurgia de próstata no ES


Ele afirma que houve erro médico durante a anestesia.
Aposentado resolveu recorrer à Justiça.

Daniela Carla Do G1 ES, com informações da TV Gazeta

 Há seis anos, o aposentado José Carlos Bandeira fez uma cirurgia por causa de um câncer de próstata e nunca mais andou. O procedimento gerou uma consequência que o morador de Vitória nunca poderia imaginar e que mudou totalmente sua vida e da família. O caso dele não é isolado, pois segundo o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), apenas neste ano já deu início a mais de 180 investigações de possíveis erros médicos. O aposentado já procurou orientação de advogado para processar o médico, o plano de saúde e o hospital. A primeira audiência na Justiça já ocorreu.
José Carlos contou que logo após a cirurgia, o levaram para uma outra sala de recuperação. Mas o tempo foi passando e o movimento das pernas não voltou. “Comecei a ouvir uns sussurros das enfermeiras e percebi que tinha algo errado. Foi o pior momento da minha vida. Vários médicos foram me ver e o que tinha feito a cirurgia não sabia o que tinha feito para acontecer isso. Na época, fiz muitos exames, e um deles constatou que durante a cirurgia a seringa encostou em um nervo fininho na minha coluna, na anestesia”, lembrou.
Comecei a ouvir uns sussurros das enfermeiras e percebi que tinha algo errado."
José Carlos, aposentado
A filha, Daniele Bandeira, ainda contou que o plano de saúde nunca ajudou o pai nessa situação. “Eles queriam que o meu pai saísse logo do hospital depois da cirurgia. Nós que brigamos para que isso não acontecesse. Nem aquele colchão com casca de ovo eles arrumaram para ele, na época que estava internado, só que tivemos que arcar com isso também”, disse.
Conforme informou o CRM-ES, o número de sindicâncias abertas por conta de erros médicos está só aumentando. Em 2011 foram abertas 212 e em 2012 o número passou para 261. Só neste ano, até dia 26 de agosto, já foram abertas 183, o que já representa 70% do total no ano passado.
De acordo com o advogado Rogério Benjamim, especialista em Direito Médico, o erro médico é difícil de ser comprovado, mas a Justiça pode pedir uma perícia no paciente. “Para isso, deve-se configurar uma imprudência, uma negligência do médico, ou seja, ele deve ter agido de forma incorreta para isso. Constatando-se isso, poderá ser imputada a ele a culpa pelo erro médico. O paciente deve ir ao local que fez o procedimento médico e pedir o prontuário médico. A partir daí deve-se procurar um advogado para saber se houve mesmo o erro. O próximo passo é procurar a Justiça. Para comprovar que o médico errou não é fácil, a não ser que seja um erro básico, como esquecer uma gaze dentro do corpo da pessoa. Mas o paciente deve se lembrar de que sempre que é submetido a um procedimento cirúrgico, há um risco. Mesmo com todos os cuidados, não é possível prever como o corpo vai reagir. Já um processo contra o plano de saúde ou contra a unidade onde o paciente fez o procedimento é mais fácil, por basta ter havido o dano”, explicou.
Raio-X da caluna do aposentado. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Raio-X da caluna do aposentado. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Mas para ele, muitos processos poderiam ser evitados com uma boa conversa entre médico e paciente. “Acredito que primeiro deva ocorrer uma conversa franca com o médico que fez o procedimento, para saber como tudo ocorreu, exigir o prontuário médico também é muito importante. O que percebo hoje é que as maiores queixas são sobre a falta de uma conversa franca entre paciente e médico, para tentar resolver a situação”, disse.
José Carlos Bandeira garante que já houve essa conversa, mas nada foi feito. “O médico falou que não foi erro dele, que tudo aconteceu na anestesia. Falou que a parte dele, ele fez corretamente. O anestesista não me deu retorno nenhum. Até notei que no dia da cirurgia ele estava barbudo e no outro dia já tinha tirado a barba todinha. Depois desse tempo todo e nenhuma providência tomada, quero processar todo mundo envolvido”, disse.

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