Marina Guimarães, correspondente | Agência Estado
A pressão do governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, contra a LAN Argentina aumenta e companhia deverá ser desalojada do hangar no Aeroporto Metropolitano Jorge Newberry (Aeroparque), principal terminal de voos domésticos e que absorve também a maior parte dos regionais. O governo deu um prazo até esta quinta-feira para que a companhia desocupe o hangar. A informação foi confirmada pelo vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, aos sindicatos aeronáuticos, que ameaçam greve para defender o emprego de três mil trabalhadores da LAN.
Kicillof reuniu-se com os representantes dos sindicatos nesta terça-feira, 30, e afirmou que o governo será firme com a companhia aérea. De acordo com o presidente da associação de pilotos, Pablo Biró, o governo quer negociar com a empresa, que mantém uma ação na Justiça contra aumentos das taxas de serviços em solo (handling) por parte da estatal Intercargo. A reportagem procurou a assessoria da LAN para saber a versão oficial da companhia, mas não obteve resposta.
"Não tem lógica tirar o hangar de uma linha aérea porque seria o mesmo que caçar sua licença de operação no país", afirmou uma fonte oficial do Brasil que acompanha o caso com preocupação. Embora a questão afete somente a LAN, o Brasil teme que companhias do País possam ser prejudicadas em ações futuras. O conflito que se arrasta desde dezembro só envolve a LAN. Mas "estamos atentos porque, se chegar a afetar as empresas brasileiras, estará afetando também o governo brasileiro", disse a fonte.
A fusão entre LAN e TAM ainda está em andamento e, no futuro, esse tipo de situação pode afetar a TAM/Latam, segundo observou a fonte. "Temos a TAM e a Gol que operam com volume considerável na Argentina e uma medida desta natureza é um precedente preocupante", afirmou. No setor, é crescente a versão sobre a existência de uma manobra orquestrada por um conjunto de organismos oficiais para expulsar a LAN do mercado, no qual compete com a estatal Aerolíneas Argentinas. A LAN tem quase 30% do mercado doméstico, com 27 voos diários no Aeroparque e 14 no Aeroporto Internacional Ministro Pistarini (Ezeiza), enquanto Aerolíneas Argentinas possui cerca de 70% do mercado local.
Biró disse que Kicillof descartou esta intenção e alegou que o desalojamento da companhia é motivado por um projeto que o governo quer desenvolver com Aeropuertos Argentina 2000, a empresa que detém as concessões dos aeroportos no país. A empresa é a mesma que obteve a concessão dos aeroportos brasileiros de Natal e Brasília.
Pressão
Há cerca de um mês, em nota oficial, a Associação de Pessoal Técnico Aeronáutico (APTA) denunciou que as "ameaças e pressão" do governo colocam em risco a continuidade das operações da LAN na Argentina. Intercargo e Orsna são comandados pelo grupo político denominado La Cámpora, formada pela ala jovem kirchnerista. Na ocasião, o presidente da associação, Ricardo Cirielli, disse que representantes do Orsna informou à Apta sobre a possibilidade de tirar o hangar da LAN.
A companhia aérea investiu US$ 3,2 milhões na construção do hangar de 2.500 metros quadrados em 2009 e assinou um contrato de concessão por 15 anos com a Aeropuertos Argentina. Fontes do mercado disseram que LAN foi impedida de matricular duas novas aeronaves no país, nos últimos meses. Em maio, a LAN teve que cancelar todos os voos durante vários dias porque a Intercargo recusou-se a fornecer os serviços em solo à companhia.
O contrato entre ambas foi assinado em maio de 2012, com vencimento em março de 2014. Pelo contrato, a LAN assumiu o compromisso de pagar US$ 32,4 milhões por ano. Em dezembro, a estatal subiu o valor das tarifas e reclamou um adicional de US$ 18 milhões. O caso é disputado na Justiça.
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