terça-feira, 30 de julho de 2013

Turismo seria alternativa para cidade com menor IDHM, diz especialista


Segundo professora da UFPA, região do Marajó tem localização estratégica.
Prefeito critica isolamento e dificuldades de locomoção em Melgaço.

Ingo Müller Do G1 PA

melgaço pará (Foto: Eunice Pinto/ Ag. Pará )Localizada perto da foz do Amazonas, Melgaço teria potencial turístico na ilha do Marajó (Foto: Eunice Pinto/ Ag. Pará )
O prefeito de Melgaço, Adiel Moura (PP), atribui as dificuldades de desenvolvimento da cidade a questões geográficas da Ilha do Marajó: em entrevista ao G1, Moura relatou que o município  "tem muitas dificuldades, todo o deslocamento é pela água. Os médicos, os professores, tudo. E a viagem é longa. Para chegar em Belém, são 15 horas de barco", disse.
A cidade de Melgaço, na ilha do Marajó, foi apontada como o município com menor índice de desenvovimento humano do país. A conclusão foi publicada no "Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013", elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e divulgado na última segunda-feira (29).
Moura resslta ainda que a economia do lugar foi afetada pela retração das indústrias madeireira e de palmito. Sem estas alternativas, a população depende de empregos públicos, aposentadorias e ajuda financeira do governo para se manter. Segundo Adiel, para contornar a crise econômica a cidade está investindo na piscicultura e no plantio de culturas adequadas ao terreno alagado, como o açaí.
Para o prefeito, os problemas enfrentados em Melgaço são comuns na região do Marajó: apesar de estar a menos de 300 km da capital, as cidades do Marajó ficam isoladas por dificuldades no transporte."Se você for falar com qualquer prefeito da região, as queixas são as mesmas: a geografia e o deslocamento", revela.
Cerâmica marajoara (Foto: Reprodução/TV Liberal)Legado cultural da região se manifesta através da
cerâmica marajoara (Foto: Reprodução/TV Liberal)
Alternativa
Segundo a professora Silva Helena Cruz, da Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), uma das alternativas para o desenvolvimento da região seria utilizar a geografia a favor do turismo, para que a cidade se tornasse um polo para visitantes. "Estes municípios estão estratégicamente localizados, na Foz do Amazonas, ou próximos desta, e detém um dos maiores recursos naturais e culturais da Amazônia. Foram sítios de civilizações pré-históricas, possuindo um legado cultural inigualável; possui a formação humana mais autoctone e bela do estado do Pará", avalia.

De acordo com Silvia Cruz, investir no turismo deveria ser uma prioridade para os gestores municipais do Marajó. "Os recursos naturais são diversos e abundantes, portanto, a única razão para que esse arquipélago não consiga desenvolver o turismo é, exclusivamente, por falta de prioridade política, e investimento de capital em  melhorias do sistema de transporte, acesso, infraestrutura básica, problemas na educação, saúde e segurança, elementos fundamentais para o desenvolvimento do turismo, além é claro, de investimentos em capacitação profissional e nos serviços turísiticos", pondera.
Moradores de Salvaterra fazem protesto para garantir preço de passagens mais baratos. (Foto: Reprodução / TV Liberal)Investimento em transporte seria fundamental para
desenvolver a região do Marajó e aproveitar o
potencial turístico dos municípios
(Foto: Reprodução / TV Liberal)
Sobre o isolamento geográfico citado pelo prefeito, a professora diz que faltam políticas econômicas, sociais e administrativas para contornar a situação. "As distâncias entre os municípios do Marajó e a capital não deveriam ser um entrave ao desenvolvimento, posto que, se houvesse políticas públicas de desenvolvimento econômico e social, se o modelo de desenvovlimento fosse sob a óptica de uma descentralização administrativa, estes municípios não teriam tanta dependência da capital. Essa situação não é recente, mas perdura, temporalmente analisando, desde idos da colonização do Brasil", conta.
Para Silvia Cruz, a população marajoara não teria dificuldades em acolher os visitantes. "É uma população hospedeira, cheia de conhecimento de sua região, e que precisa da atenção dos gestores públicos. Na verdade, nos últimos anos estes têm ficado sem atenção mínima, e que tem acumulado problemas quanto às questões sociais e econômicas", critica.

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