quarta-feira, 31 de julho de 2013

Médicos encerram paralisação na BA com feira: 'temos que marcar posição'


Presidente de sindicato afirma que ação teve participação de 400 médicos.
Eles atenderam a população durante a tarde, na Avenida Centenário.

Do G1 BA

Médicos que atuam em Salvador se mobilizaram na tarde desta quarta-feira (31) em mais um ato nacional contra as recentes medidas adotadas pelo governo federal para a saúde pública brasileira. Na capital baiana, eles se concentraram na praça central da Avenida Centenário, das 14h até por volta das 17h.
No local, eles realizaram ações como "Feira da Saúde", em que realizam consultas públicas para a população, o "Varal da Vergonha", uma exposição fotográfica sobre a saúde brasileira, além de panfletagem e debate. Sob orientação da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), o protesto é realizado pelo Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindmed).
Segundo Francisco Magalhães, presidente da entidade, cerca de 400 profissionais participaram da mobilização. Nesta quarta-feira, a categoria encerra os dois dias de paralisação que ocorre em todo o país. "O entendimento é que a gente vem tendo uma frequência de médicos. É muito importante marcarmos posição, demonstrarmos a nossa indignação. Queremos discutir com a sociedade", pontua.
As entidades médicas são contra a contratação de profissionais estrangeiros pelo programa "Mais Médicos" e também criticam os vetos à legislação do Ato Médico, que estabelece as atribuições dos profissionais de medicina. Em nota, o governo federal disse que "lamenta" eventuais prejuízos causados à população. Na Bahia, as secretariais municipal e estadual da Saúde informaram que não foram comunicadas da ausência significativa de médicos nas unidades públicas.
"É uma somatória de fatos. O Brasil tem carência de médicos? No entendimento da gente, não. Temos contigente de médicos saindo das faculdades e, dentro desse aspecto, o Brasil tem menos faculdade de medicina do que a Índia", critica, reconhecendo que, nos últimos anos, já houve aumento de abertura de cursos, inclusive em Salvador. "A nossa lógica é que os médicos não são produto de consumo, mas um profissional que atua diretamente com a área social", defende.
Na quinta-feira (1°), às 9h, será realizado um novo debate da entidade no Ministério Público da Bahia (MP-BA), desta vez com a presença do secretário estadual da Saúde, Jorge Solla. O primeiro encontro ocorreu na terça-feira (30).
Mudança
Nesta quarta-feira, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o governo decidiu alterar um dos pontos do programa Mais Médicos: o que previa a ampliação de seis para oito anos do período de graduação em medicina – nos dois anos extras eles teriam de prestar serviços no Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com o ministro, o governo decidiu acatar a proposta de comissão de especialistas que analisa o programa. Pela proposta, os dois anos extras serão aproveitados como residência médica, que tem caráter de especialização e atualmente não é obrigatória. Com isso, os estudantes de medicina não ficariam impedidos de se formar após os seis anos de curso.
Segundo a nova proposta, os médicos recém-formados farão a especialização durante a residência médica, como atualmente, mas, no primeiro ano, a atuação será necessariamente no setor de urgência e emergência de uma unidade do SUS. No segundo ano, o recém-formado atuaria na área de especialização que escolheu.
Para Francisco Magalhães, a decisão do governo federal decorre da "pressão do movimento dos médicos nas ruas". Ele considerou a primeira decisão "estapafúdia" e disse ainda que ele "poderia prejudicar a formação dos profissionais para o resto da vida".

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