domingo, 23 de junho de 2013

Veja o perfil de alguns dos 45 mil manifestantes de Cuiabá


Milhares tomaram as ruas da capital de Mato Grosso em manifestação.
Veja quem são e o que pensam alguns dos manifestantes ouvidos pelo G1.

Dhiego Maia e Renê Dioz Do G1 MT

Diferentes rostos, idades e perfis. A massa de gente que formou um pelotão de 45 mil pessoas, segundo estimativa atualizada da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp), e tomou as principais ruas e avenidas de Cuiabá nesta quinta-feira (20) tinha sua própria reivindicação. Uns protestavam pelo fim da corrupção, outros, saúde, educação e um nível digno de vida à população. A qualidade do transporte público, reivindicação que motivou a onda de protestos pelo país, passou ao largo.
O G1 foi às ruas para captar o perfil de quem confeccionou cartazes, se vestiu de forma diferente e pintou o rosto para se unir ao protesto que durou aproximadamente três horas e meia em um trajeto que teve início na Praça Alencastro, na região central da capital, e término no prédio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
Veja relato de quem integrou ato desta quinta-feira (20) em Cuiabá:
'Brasil precisa de ordem', diz locutor fantasiado de xerife
Locutor se fantasia de xerife americano (Foto: Dhiego Maia/G1)Locutor participou de protesto  fantasiado de xerife
(Foto:Dhiego Maia/G1)
Wanderley Roldão da Silva é locutor profissional, mas nesta quinta-feira (20) foi à manifestação fantasiado de xerife americano. Segundo ele, falta fiscalização efetiva e ordem no país. Ao G1, ele disse que o Brasil poderia se espelhar no sistema jurídico dos Estados Unidos, que tem um conjunto de 25 leis em uma constituição secular.
“Nós temos Ministério da Justiça pra quê? O Brasil precisa imitar a constituição americana que tem poucas leis e funciona. Falta Justiça no Brasil”, disse.
A fantasia do locutor chamou a atenção de quem foi à manifestação. Além de se tornar atração do protesto, Wanderley utilizou um banner com figuras de políticos condenados no julgamento do Mensalão.
Flores foram levadas para presentear policais em serviço durante protesto. (Foto: Renê Dióz/G1)Flores foram levadas para presentear policais em
serviço durante protesto. (Foto: Renê Dióz/G1)
“Os jovens, até que enfim, estão reagindo”, diz ex-preso político da ditadura
Ao lado da cantora Vera Capilé, o professor aposentado Waldir Bertúlio compareceu ao início da passeata nesta quinta-feira (20) com flores nas mãos para entregar aos policiais militares. Aos 65 anos, o militante de esquerda e ex-preso político do regime militar (entre os anos de 1967 e 1968) contemplou satisfeito a movimentação em Cuiabá.
“Os jovens, até que enfim, estão reagindo frente a tanta impunidade na gestão pública. Esta é uma microamostra contra a falta de respeito. A política acabou com as esperanças do povo, com a maioria esmagadora dos aparelhos públicos nessa falsa democracia e a Constituição Federal não está sendo cumprida, por isso a descrença nos últimos governos”, comentou Bertúlio, no que foi complementado pela cantora Vera Capilé, 64 anos: “Benditos os jovens que vêm lutar contra a opressão. Não são só vinte centavos!”, avisou.
Grávida de nove meses, líder comunitária participou de protesto (Foto: Dhiego Maia/G1)Grávida, líder comunitária participou do protesto
(Foto: Dhiego Maia/G1)
'Quero que minha filha faça o mesmo', diz grávida de nove meses
Thais Serra, de 23 anos, chamou atenção à primeira vista da reportagem. Grávida de nove meses, a líder comunitária afirmou ao G1 que não poderia deixar de comparecer à manifestação. Ela disse que ao longo do ano participa de movimentos sociais em regiões carentes da capital. Grávida de uma menina que vai se chamar Sofia, ela escreveu com tinta o nome da filha na barriga e afirmou que o momento ao qual Cuiabá vive é histórico.
“Não poderia deixar de vir. Estou grávida de nove meses da Sofia e quero que ela faça o mesmo quando crescer. Estou aqui lutando contra a violência e corrupção”, disse. Thais ainda afirmou que iria tentar percorrer toda a manifestação, apesar da gravidez em estágio avançado.
Universitária levou filha de 7 anos para protesto. (Foto: Renê Dióz/G1)Universitária levou filha de 7 anos para protesto.
(Foto: Renê Dióz/G1)
“Respeito e democracia têm de vir de berço”, diz mãe que levou filha
A universitária Paula Arruda, 28 anos, não se intimidou pela multidão que se reuniu no centro de Cuiabá e levou a filha de sete anos para sua primeira manifestação.
“Eu, com a idade dela, com sete anos, participei do movimento Cara Pintada em 1992 em Porto Alegre, cidade de onde sou. Cidadania, respeito e democracia acho que têm de vir de berço. A gente não pode esperar que somente a escola faça, tem que vir de casa para depois a gente tomar atitude diante das situações”, declarou.
Professora participa de manifestação por indignação e em memória do marido. (Foto: Renê Dióz/G1)Professora participa de manifestação por revolta e
em memória do marido. (Foto: Renê Dióz/G1)
“Já demos muita chance a quem está aí roubando”
Presente na manifestação desta quinta-feira, a professora de filosofia Sandra Maria Ribeiro, de 53 anos, tem participado da onda recente de protestos desde o início, com a intenção de ajudar a mudar o panorama político do país e, sobretudo, as pessoas que ocupam os cargos públicos.
“Já demos muita chance a quem está aí roubando”, indignou-se, vestindo uma camiseta em memória do marido (falecido em 1992), que passou 10 anos do regime militar (de 1969 a 1979) sendo torturado por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo. Desde a década de 80 a professora frequenta manifestações e protestos nas ruas.
Preço da bandeira do Brasil caiu 30% durante protesto (Foto: Dhiego Maia/G1)Preço da bandeira do Brasil caiu 30% durante
protesto. (Foto: Dhiego Maia/G1)
'Bandeiras do Brasil pela metade do preço'
Quando a Avenida Tenente Coronel Duarte, mais conhecida como Prainha, foi tomada pelos milhares de manifestantes, o único comércio ainda em funcionamento era o que comercializava itens de festas, como fantasias. Ao G1, o proprietário da loja, João Camargo, afirmou que a bandeira nacional foi o item mais vendido desta quinta-feira. Para liquidar o estoque, o empresário fez uma promoção. Reduziu em até 30% o valor das flâmulas.
“O nosso estoque estava alto, até pela realização da Copa das Confederações. Fizemos esta promoção e a procura pela bandeira do Brasil foi intensa ao longo do dia. Quem está no protesto quer muito ter a bandeira como adereço” disse o empresário.
Aos 56 anos de idade, funcionária pública participou da primeira manifestação. (Foto: Renê Dióz/G1)Aos 56 anos, funcionária pública participou de seu
primeiro protesto. (Foto: Renê Dióz/G1)
“Todo mundo estava muito quieto”, estranha funcionária pública
Aos 56 anos de idade, a funcionária pública Haidi Hiller participou nesta quinta-feira da primeira manifestação política de sua vida.
Gaúcha, mas “naturalizada cuiabana”, ela pintou o rosto de verde e amarelo e saiu de casa pela decepção com os serviços públicos no país, comprometidos pela corrupção quase generalizada.
“A saúde no país todo vai mal e eles nos colocam as coisas goela abaixo. Todo mundo estava muito quieto sobre isso”, analisou.

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