Em 2012, foram registrados 219 casos na capital do Tocantins.
Lago de hidrelétrica forma as praias que atraem os turistas.
Vista aérea da Praia do Prata, em Palmas (Foto: Fernando Alves/Prefeitura de Palmas)
No Tocantins, a temporada de praias já começou. Em Palmas,
na Capital do Estado, as praias artificiais da Graciosa, do Prata e das
Arnos receberam novas telas de proteção contra ataque de piranhas e, na
praia do Caju, a tela foi instalada pela primeira vez. As praias são
formadas pelo lago da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, que
abrange os municípios de Miracema do Tocantins, Lajeado, Palmas, Porto
Nacional, Brejinho de Nazaré e Ipueiras.Pontos turísticos da capital, as praias atraem banhistas que querem se refrescar do calor de mais de 40°C, que faz nesse período do ano. No entanto, os momentos de lazer e diversão nem sempre são tão agradáveis, casos de ataques de piranhas, dentro da água, são frequentes, o que assustam turistas e moradores da cidade. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, no ano de 2012, foram registradas 219 ocorrências de ataques de piranhas.
Durante temporada de praia, Palmas recebe
turistas de todo o Brasil
(Foto: Antônio Gonçalves/Prefeitura
de Palmas)
Mesmo com as telas de proteção, instaladas desde 2007 pela Prefeitura
de Palmas, ainda há casos de pessoas que são atacadas pelas piranhas,
como é o caso da cabo do Corpo de Bombeiros Yorrany Viana Jorge, 26
anos, que foi mordida por uma piranha na praia da Graciosa, quando fazia
aulas de educação física. "Foi quando eu estava saindo da água, já
estava no raso", lembra, acrescentando,"doí, arde e sangra muito. É como
se estivesse enfiando uma agulha", ressalta.turistas de todo o Brasil
(Foto: Antônio Gonçalves/Prefeitura
de Palmas)
Troca de telas
As telas foram substituídas em uma parceria entre a Prefeitura de Palmas, Marinha, Exército e Corpo de Bombeiros. "As telas estavam com prazo de validade vencido há cinco anos. Havia vários furos, por isso existiam ataques”, diz o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos de Palmas, Marcílio Ávila, afirmando que neste ano não haverá casos de ataques. “Isso (as telas) é mais do que suficiente, só se o banhista ultrapassar a tela para ser mordido", observa.
Elas foram afixadas em uma profundidade de cinco metros, com estacas na cor amarela para melhor visualização da área delimitada para banho. “Os espaços são menores, não existe como ter ataques”, reafirma o secretário.
O coordenador do Programa de Pós-graduação em Ecologia de Ecótonos da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Carlos Sérgio Agostinho, diz que a tela é uma alternativa para a diminuição dos ataques das piranhas. “Toda ação de manejo adotada, como tela, retirada de macrófita [plantas aquáticas], pesca seletiva, entre outros, deve ser monitorada para que se possa aprender com a ação. Mesmo o fracasso, quando monitorado, é fonte de conhecimento para que a ação seja modificada”, explica.
Prefeitura de Palmas troca telas das praias para conter ataque de piranhas (Foto: Valério Zelaya/Prefeitura de Palmas)
Agostinho diz que os ataques das piranhas se devem, provavelmente, pela
existência de plantas aquáticas que estão localizadas no fundo do lago.
“A piranha é territorialista, quando há abrigo, alimentação, a piranha
fica cuidando da prole, quando uma pessoa se aproxima, ela ataca para
proteger”, diz acrescentando, “o invasor não é o homem, é a piranha.”O professor ressalta que a abundância de macrófitas “parece ser essencial para a manutenção de uma elevada riqueza de espécies e biomassa de peixes”, no entanto, quando em excesso, as plantas aquáticas interferem na produtividade e na qualidade da água. “O excesso de macrófitas, geralmente está relacionado ao uso do reservatório e de seu entorno. É sabido que a degradação da mata ciliar, a entrada de esgoto doméstico não tratado e a premente criação de peixes em tanques são atividades com grande potencial de alteração da qualidade da água do reservatório.”
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