Vinicius Neder e Felipe Werneck | Agência Estado
Uma passeata que começou com 300 manifestantes em Copacabana terminou, cinco quilômetros adiante, com cerca de 2.000 pessoas concentradas próximo à casa do governador Sergio Cabral (PMDB). No início, no percurso pela orla carioca, predominaram as críticas contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que restringe poderes de investigação do Ministério Público, pedidos de ações contra corrupção e de mais verbas para saúde e educação. No fim, prevaleceram críticas ao governador e ao prefeito Eduardo Paes (PMDB).
O protesto começou às 16 horas e até o início da noite não havia sido registrado nenhum incidente. O quarteirão onde está localizado o prédio do governador, numa rua transversal à praia, foi isolado e protegido por um contingente de certa de 200 policiais militares.
Durante a passeata, os manifestantes pediam o apoio dos moradores. Em resposta, moradores dos apartamentos em frente à praia de Ipanema e Leblon (um dos metros quadrados mais caros do País), acendiam e apagavam as luzes. O clima, em geral, foi festivo.
Quando a passeata chegou a Ipanema, pouco antes de 18 horas, os manifestantes tomaram a pista da Avenida Vieira Souto próxima aos prédios, que, diferentemente da pista junto à praia, não estava interditada. Agentes da CET-Rio agiram então para fechar ao trânsito toda a orla.
Pouco depois, na chegada da passeata ao local onde um grupo de cerca de 20 jovens montou acampamento desde a noite de sexta-feira, em ato de protesto contra o governador, um dos acampados discursou com um megafone. Pregou a não violência, pediu que os protestos sejam pacíficos e emendou reivindicando investigação sobre suposto envolvimento do governador Cabral com o escândalo no qual a construtora Delta, do empresário Fernando Cavendish, ocupou o centro de investigações sobre superfaturamento de obras.
O discurso foi recebido por um coro de manifestantes com palavras de ordem contra o governador e depois, com todos cantando o Hino Nacional. Foram entoados cantos chamando Cabral de ditador, chamando os policiais que faziam a proteção do bloqueio para passar para lado dos manifestantes e fazendo alusão ao fato de o governador estar em Paris.
A assessoria de Cabral, contudo, negou que o governador esteja fora do País. Não foi confirmado se ele estaria em casa, pois, segundo a assessoria, Cabral não tinha agenda pública neste fim de semana. À noite, a assessoria do Palácio Guanabara distribuiu uma nota sucinta do governador: "As pessoas têm o direito de se manifestar, desde que de forma pacífica".
Durante o dia, restaurantes e supermercados de Copacabana foram protegidos por tapumes de madeira para evitar depredações durante a manifestação. O shopping Rio Sul, próximo ao túnel que liga Botafogo a Copacabana, anunciou na véspera que não abriria no domingo, por causa da manifestação.
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