domingo, 23 de junho de 2013

Franceses querem aumentar produção de farinha e açaí


Consumo dos produtos em Saint-George não acompanha produção.
Açaí e farinha são comprados em Oiapoque para suprir demanda.

Maiara Pires Do G1 AP

Marivaldo da Silva já tem uma área em Saint-George para cultivar açaí, mandioca e criar tamuatá (Foto: Maiara Pires/G1)Marivaldo da Silva diz que já tem uma área em
Saint-George para cultivar açaí, mandioca e
criar tamuatá (Foto: Maiara Pires/G1)
Em visita ao Amapá desde segunda-feira (17) para conhecer as técnicas brasileiras de plantio, integrantes de uma delegação da Guiana Francesa revelaram interesse em aumentar a produção de mandioca e açaí em terras guianenses. Um dos motivos apontados foi a alta no preço dos produtos registrada nos últimos meses na região amazônica. A delegação percorre as áreas agrícolas amapaenses até sábado (22).

Segundo o integrante da delegação, Marivaldo da Silva Ribeiro, 40 anos, que é amapaense, mas mora há 35 anos na Guiana Francesa, a alta dos preços no mercado brasileiro, influencia diretamente no mercado francês por causa do consumo de produtos nas cidades de Oiapoque e Saint-George, regiões fronteiriças.

“Os franceses gostam mais da farinha produzida pelos índios brasileiros da aldeia Uaçá [localizada em Oiapoque]”, afirma Ribeiro que, além de mecânico, também aposta na agricultura francesa como mais uma fonte de renda. Ele diz que já tem uma área em Saint-George onde pretende cultivar mandioca e açaí, além da criação de tamuatá – peixe muito comum na região Norte do Brasil. “Os franceses consomem muito esses três produtos, mas a produção é insuficiente”, justifica.
Franceses em visita ao Campo Experimental de Cerrado da Embrapa Amapá (Foto: Maiara Pires/G1)Franceses em visita ao Campo Experimental de Cerrado da Embrapa Amapá (Foto: Maiara Pires/G1)
Alta no preço
No Amapá, onde o litro do açaí chegou a custar R$ 1,00, atualmente o preço varia de R$ 5,00 a R$ 15,00. Na Guiana Francesa, o litro que já foi comprado a € 4,00 (o equivalente a R$ 11,00), hoje varia de € 5,00 a € 6,00 (ou R$ 14,00 a R$ 17,00) em Caiena, lembra Marivaldo Ribeiro - sendo que em Saint-George, a garrafa pet com 2 litros é vendida a € 7,00 (ou R$ 20,00).
Já a farinha, que no Amapá o quilo também já custou R$ 1,00, nos dias atuais pode ser encontrado a até R$ 8,00 nos estabelecimentos comerciais de Macapá. No município de Oiapoque, onde o preço da maioria dos produtos sempre é elevado por ser uma cidade fronteiriça, o valor da farinha também está custando R$ 8,00, segundo Marivaldo. E na Guiana Francesa o preço varia de € 4,00 a € 6,00.

Incentivo
De acordo com o terceiro vice-prefeito de Saint George, Eric Muntgenie, que também integra a delegação, o objetivo da visita ao Amapá é aprimorar as técnicas de plantio das terras guianenses. “Em quatro anos, queremos nos tornar um polo produtor de farinha”, diz ele.

Agricultor Cho Tcha produz mandioca na cidade de Regina para vender em Saint-George (Foto: Maiara Pires/G1)Agricultor Cho Tcha cultiva mandioca na cidade
de Regina para vender farinha em Saint-George
(Foto: Maiara Pires/G1)
Ainda segundo Eric Muntgenie, o governo francês fez um estudo para identificar as terras para plantio. E está promovendo cursos de capacitação para fomentar a produção agrícola guianense. E com isso, a prefeitura de Saint-George, já se mobiliza para explorar o solo. Mas, devido à pequena produção, muitos agricultores saem de outras regiões da Guiana Francesa para vender seus produtos na região.

O agricultor  Cho Tcha, por exemplo, é descente asiático, mas mora na cidade de Regina (há 80 quilômetros de Saint-George), onde produz pepino, abacaxi, mandioca, entre outros produtos. Tcha, que integra a delegação francesa, diz que já tem planos para se mudar para Saint-George, onde costuma vender o que consegue produzir em Regina.

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